05 janeiro 2017

Guitarra é símbolo de juventude aos 95 anos (2)



A importância de Leo Fender está no fato de ter revolucionado as técnicas de construção de
instrumentos ao desenhar guitarras a partir dos captadores. Em 1949 ele inventou a Fender Telecaster (modelo usado por Keith Richards) que muitos consideram uma invenção básica para o surgimento do rock and roll. O corpo forte de Telecaster, seu desenho dinâmico e formato anatômico, e a capacidade de evitar distorções, mesmo sob um dedilhado violento, tornou a guitarra preferida das bandas de rhythm and blues.

Em 1951, Leo Fender criou seu Fender Bass, que acabou substituindo os pesados contrabaixos acústicos em praticamente todas as bandas de rock and roll. Monk Montgomery, Jacó Pastorious, Stanley Clark e Alfonso Johnson foram os músicos de jazz que também adotaram o instrumento. A Gibson, que era uma das maiores indústrias de instrumentos dos EUA, resolveu entrar em competição com a pequena fábrica de Fender, em 1952, lançando a Gibson Les Paul, que ficou popular entre os músicos de jazz. Mas em 1954, Leo Fender respondeu, lançando a Fender Stratocaster. A Gibson Les Paul só foi conseguir alguma popularidade entre os músicos de rock nos anos 60, quando começou a ser usada por Jimmy Page e Eric Clapton. Mas Jimi Hendrix usava uma Stratocaster. As guitarras que Fender inventou são as preferidas dos guitarristas de rock, de Chuck Berry, Boddy Holly e Jimi Hendrix, Eric Clapton, Keith Richards, Eddie Van Halen, Mark Knopfler, Andy Summers e muitos outros.


Se nos anos 50 Chuck Berry transformou a guitarra em instrumento básico do rock and roll, na década de 60, três músicos ingleses levaram o velho blues de Chicago a um novo formato, ampliando as fronteiras da guitarra. Eram Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page. Foram eles que transformaram os amplificadores em verdadeiras usinas sonoras controladas pelas guitarras, geralmente Gibson Les Paul. Embora contemporâneo de Clapton, Beck e Page, Jimi Hendrix é um caso à parte, único em seu estilo. Com sua Fender Stratocaster usada de cabeça para baixo, já que era canhoto, ele integrou a guitarra ao amplificador a tal ponto que ambos pareciam um único instrumento. Hendrix era um verdadeiro mago da guitarra e foi mais além, incorporando definitivamente ao idioma do rock o uso de pedais de efeito como phaser, wah-wah e fuz. Tudo isso, aliado à uma ânsia de experimentar coisas diferentes, fez com eu ele abrisse novos caminhos para a guitarra, ampliando a linguagem do rock e elevando o ruído à categoria de música.

PAULEIRA

Usando as técnicas da música de vanguarda, Frank Zappa levou a utilização dos pedais de efeito às últimas consequências, obtendo sonoridades que dificilmente poderiam ser associadas à guitarra como ela era conhecida até então. Egresso da banda de Zappa, Adrian Belew avançou ainda mais nessa direção, arrancando de sua guitarra urros de elefantes, gritos de golfinhos e outros sons animalescos. Numa outra direção, Mark Knopfler retomou a clareza sonora da música pop no início dos anos 60, tocando sua Stratocaster com os dedos em vez e palheta. Carlos Santiago também extraiu de sua guitarra os mais curiosos efeitos percussivos.


O rock da virada dos anos 60/70 foi sacudido pelo heavy metal, música que não usa nenhum metal, mas é feito na base da pauleira, da força bruta das guitarras amplificadas e distorcidas por toneladas de equipamentos. Rick Nielson tinha uma coleção de guitarras o grupo Cheap Trick; Angus Young comanda o AC/DC. Tem ainda o som furioso do Iron Maiden e muitos outros. O poeta e guitarrista Lou Reed ajudou a dar a saída na revolta punk juntamente com Iggy Pop. O punk rock surgiu entre 1974 e 1976, em Nova Iorque e Londres. E o rock garagem lançou Ramones, Dammed, mas foi o Sex Pistols que colocou o movimento punk em fogo para os meios de comunicação de massa. Com o grupo Clash, o punk ficou ainda mais político.

No início dos nos 80, o caso de amor entre o rock e a guitarra parecia perder força. Houve quem falasse em divórcio, novo casamento ao som de sintetizadores. O certo é que as novas gerações de roqueiros – pelas mãos de feras como Adrian Belew, Steve Ray Vaughn e tantos outros – reavivaram a velha chama, a guitarra como alma do som do rock. Na década de 80, a guitarra deixou de ser apenas um instrumento elétrico para se tornar eletrônico. Captadores especiais não mais se limitaram a captar a vibração das cordas e transformá-las em som – eles passaram a codificar esses sons em informações digitais que, através de um interface, são capazes de controlar sintetizadores, samplers, baterias eletrônicas e computadores. Nos anos 90 o rock pesado renasceu com o grupo Nirvana comandado por Kurt Cobain que cantava, compunha e tocava a guitarra principal. Seu tom de voz mistura e se confunde com alguns acordes das guitarras. Outro grupo, o Metallica, ocupou um bom tempo as cabeceiras das paradas. O produtor, guitarrista e vocalista Steve Albini celebrava uma overdose de guitarras sobre bateria eletrônica. Tem ainda o Red Hot Chili, Guns N´Roses, Faith No More, REM, Skid Row, Alice in Chains, Suicidal Tendencies, dentre outros. O movimento de guitar bands (culto iniciado nos anos 60) não pára.

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