O louco já foi transformado em
personagem em várias épocas e manifestações artísticas. De Machado
de Assis ao
cinema hollywoodiano, dos quadrinhos de Maurício de Souza à tragédias gregas,
das artes plásticas ao teatro do absurdo surgiram muitas histórias das razões
da loucura. O pensador francês Michel Foucault citou a frase em que Dostoievski
diz que “não é trancando seu vizinho que você se convence da sua própria
loucura”. Ele mostra é que uma sociedade como a nossa tem uma incapacidade
mental de conviver com o diferente. O louco é a diversidade represada.
Criadora do Museu de Imagem do
Inconsciente, no Rio, a doutora Nise da Silveira concorda ao afirmar que “louca
é a sociedade, basta olharmos à nossa volta. Os loucos têm muito mais juízo do
que a maioria das pessoas”.
As três grandes correntes de
interpretação sobre a loucura surgem na Antiguidade Clássica. Homero inaugura a
corrente mítica que atribui tudo o que acontece ao homem à vontade dos deuses.
Depois tem Eurípedes e os trágicos onde a loucura aparece como uma exacerbação
das paixões, e sua causa está no conflito entre a proibição e a norma, o desejo
e a função. A última corrente é representada por Hipócrates que passa a
entender o louco como alguém que sofre de um mal orgânico.



O Elogio da Loucura é um ensaio escrito
em 1509 por Erasmo de Roterdã em 1509 e publicado em 1511. O Elogio da Loucura
é considerado um dos mais influentes livros da civilização ocidental e um dos
catalizadores da Reforma Protestante. O livro começa com um aspecto satírico
para depois tomar um aspecto mais sombrio, em uma série de orações, já que a
loucura aprecia a auto-depreciação e passa então a uma apreciação satírica dos
abusos supersticiosos da doutrina Católica e das práticas corruptas da Igreja
Católica Romana. O ensaio termina com um testamento claro e por vezes
emocionante dos ideais cristãos.
O ensaio é repleto de alusões clássicas
escritas no estilo típico dos humanistas do Renascimento. A
Loucura se compara
a um dos deuses, filha de Plutão e Frescura, educada pela Inebriação e
Ignorância, cujos companheiros fiéis incluem Philautia (amor-próprio), Kolakia
(elogios), Lethe (esquecimento), Misoponia (preguiça), Hedone (prazer), Anoia
(Loucura), Tryphe (falta de vontade), Komos (destempero) e Eegretos Hypnos
(sono morto).
A loucura como parte integrante da
própria razão: eis uma proposição tão espantosa que se resiste a aceitar. Mas
fácil defini-la como doença mental ou desvio social. Pois é da relação
loucura/razão que trata João Frayze-Pereira (no livro O que é loucura),
demonstrando que a determinação dos estados "normal" e
"patológico" depende menos da ciência que da cultura e da sociedade.
O assunto rende debate. Pensem na loucura, pois!.
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