“O governador Jaques Wagner precisa redefinir a política cultural do estado. No sexto ano do seu governo, pouco há a apresentar nessa área, a não ser uma tese algo indefinida sobre a necessidade de maior territorialização das ações culturais ou de maior interiorização do processo cultural. Enquanto se discute em seminários recorrentes essa conceituação, pouco se faz de novo na política cultural do Estado. Em quase seis anos, não foi promovido um evento cultural de porte, se deu fim ao Prêmio Jorge Amado de Literatura, mas nada se pôs no lugar; não houve uma exposição plástica de peso, nenhum festival de cinema, arte ou teatro de envergadura nacional, nenhum show internacional que tenha passado por aqui, nada que possa colocar a Bahia no lugar de destaque que ela ocupa no cenário nacional” (Armando Avena, escritor, economista. A Tarde. Caderno 2. 16/02/2012)
DESEQUILÍBRIO
“O Carnaval baiano é um claro exemplo de uma hierarquia rígida na distribuição de recursos. Há também um desequilíbrio na veiculação das imagens das entidades negras, em horários que todos nós sabemos quais são. São relações de poder que revelam o grande dilema racional brasileiro. Desde o final da escravidão, e ainda vê, o negro é considerado o estorvo, seja de modo implícito ou explícito. A ausência negra no Carnaval é similar à ausência negra nas telenovelas, na mídia. O que vai mudar é somente um pequeno percentual na visualização” (Jocélio Teles, antropólogo. Muito. Revista semanal do grupo A Tarde. 22/01/2012)
HISTÓRICO
“A Bahia tem o costume de confundir a alienação com a independência, a autoridade com o autoritarismo. E de confundir a relação mestre aprendiz com a relação protetor afilhado. São coisas bem diferentes. Que loucura é essa colocada dentro do imaginário do teatro baiano de que o teatro não tem técnica? Isso é um desserviço. E se hoje me perguntam por que a cidade virou uma caos, por que a cultura baiana virou um caos, só posso responder que é uma questão histórica. Se parássemos agora para reconstruir o futuro, precisaríamos antes esgotar esse lixão sobre o qual construímos a nossa memória. Não dá para construir o imaginário de Salvador em cima de um lixão. Não dá para construir em cima da desgraça, da velhacaria, da politicagem da pior espécie. Todas essas práticas continuaram numa relação política de comunicação que vem do carlismo, puxando do odoriquismo (Odorico Tavares). Eles eram coligados. Um passou suas técnicas para o outro” (Jussilene Santana, atriz e pesquisadora. Muito. Revista semanal do grupo A Tarde. 05/02/2012)
GESTOR
“Salvador precisa mais do que nunca de um verdadeiro gestor público com experiência e capacidade de liderar uma efetiva transformação da cidade” (Osvaldo Campos Magalhães, engenheiro. A Tarde. 16/02/2012)
“Nos últimos anos, a cidade tem enfrentado o verdadeiro caos urbano. Trânsito caótico, a qualquer hora do dia, um metrô que está sendo construído há 12 anos, a custo de milhões, sem nunca sair do papel, cidade que alaga quando chove, lixo por toda parte e as áreas verdes sendo entregues as empreiteiras para construção de condomínios de alto luxo, as nascentes dos rios que circundam a Salvador foram aterradas de forma criminosa, com a omissão da prefeitura e dos órgãos ambientais”.(Ramo imobiliário: Salvador, a nova Pinheirinho. Conversa Afiada. Paulo Henrique Amorim 31.01.2012)
ABANDONO
“Vender alegria é uma grande e ingenua pretensão. O abandono em que se encontra a nossa cidade, o seu desgoverno, o ataque {”a sua extraordinária beleza natureza, a sua má arquitetura, o abandono ao seu patrimônio histórico, a sua falta de limpeza, sua excessiva carnavalização e tantas outras mazelas só fazem aumentar o sentimento de perda de seus moradores. Salvador, hoje, deprime e não vende o que não pode ser vendido” (Urania Tourinho Peres, psicanalista. A Tarde. 15/02/2012)
ANALFABETOS
“.a Bahia, mesmo avançando, ainda é o estado brasileiro que possui a maior população de analfabetos em números absolutos. São 1.729.297 baianos, com idade superior a 15 anos, que não sabem ler nem escrever, o que equivale a quase 16,6% da população, ou seja 13.933.173 analfabetos” (Correio, 17/01/2011)
SANTOS & DEMÔNIOS
“Ninguém entende essa cidade de todos os santos e demônios: na alma, mais de negros que de brancos; no poder, mais de brancos que de negros” (Lourenço Mueller, arquiteto e urbanista. A Tarde, 22/01/2012)
FEIA
“Tá na hora de ter coragem, de fazer guerrilha. Salvador tá careta demais. A cidade toda está em crise total faz tempo. E é crise artística. Tá na hora de expulsar a meia dúzia de mauricinhos que produzem esse mercado e ditam o que todo mundo vai ouvir. Chega da música baiana com cara de jingle de imprensa oficial de turismo, essa caricatura de negão feliz rebolando de óculos escuros (…) O axé não deixou nada para cidade, só destruição. Acabou com o Carnaval, a noite, até a arquitetura. A cidade está feia. A conclusão que eu tiro é que uma cidade com música ruim é uma cidade ruim de se viver” (Márcio Mello, cantor e compositor. A Tarde. Caderno 2. 02/01/2012)
ACABOU
“A Bahia acabou, né/ Não dá mais para passear aí. Se eu quiser ver prédio grande, vou pra São Paulo....” (Nana Caymmi, cantor. A Tarde. Caderno 2. 12/01/2012)
----------------------------------------------------
Nenhum comentário:
Postar um comentário