Dividia o processo de significação em dois momentos: denotativo e conotativo. O primeiro tratava da percepção simples, superficial; e o segundo continha as mitologias, como chamava os sistemas de códigos que nos são transmitidos e são adotados como padrões. Segundo ele, esses conjuntos ideológicos eram às vezes absorvidos despercebidamente, o que possibilitava e tornava viável o uso de veículos de comunicação para a persuasão.
Barthes nasceu em 12 de novembro de 1915, em Paris. Escritor, sociólogo, filósofo, crítico literário, semiólogo e um dos teóricos da escola estruturalista. Formado em Letras Clássicas, Gramática e Filosofia, tornou-se um crítico dos conceitos teóricos complexos que circularam dentro dos centros educativos franceses na década de 1950. De 1952 a 1959 trabalha no Centro Nacional de Pesquisa Científica francês. Em 1953 lança o primeiro livro, O Grau Zero da Escritura, em que se manifesta contra a crítica literária tradicional e os valores da sociedade burguesa e sobre as arbitrariedades da construção da linguagem. "O texto não é a expressão da personalidade de um autor, mas um sistema de signos interpretáveis", escreve em A Torre Eiffel (1964). Segundo Francisco Bosco ”a escrita barthesiana está sempre se movendo no intervalo sutil entre o texto de vanguarda (que retarda a fluência da leitura, impondo sobre ela seu próprio e apropriado ritmo) e o texto ’clássico’ (que mantém um compromisso com uma prática confortável da leitura)”.
“A linguagem é como uma pele: com ela eu entro em contato com os outros”(Roland Barthes)
A sua obra, ampla e variada, caracteriza-se inicialmente pela reflexão sobre a condição histórica da linguagem literária. Em diversos livros tenta demonstrar a pluralidade significativa de um texto literário e a sobrevalorização do texto em vez do signo. Como sociólogo pertence à corrente estruturalista que caracterizou uma boa parte da intelectualidade francesa. Um de seus livros, Roland Barthes por Roland Barthes (1975 na França, 1977 no Brasil), acabou sendo definido pelo que não era: nem uma autobiografia nem um livro de “confissões” (embora com muitos elementos de um e de outro).
Noutro livro, Mitologias (1957), disseca os mitos e seus signos ideológicos na sociedade de massa. Um livro essencial para o entendimento da mitologia. Em Fragmentos de um discurso amoroso (1977) elabora um sofisticado estudo linguístico sobre o sentimentalismo. Além de teórico, mantinha intensa atividade como crítico literário, criador da revista Théâtre Populaire, animador do movimento Nova Crítica, diretor da École Pratique des Hautes Études. Principais obras: O grau zero da escrita (1953); O sistema da moda (1967); S/Z (1970); A câmara clara (1980).
Na década de 70, seu trabalho sofre influência de Jacques Lacan, Michel Foucault e Jacques Derrida e é estudado não só na França, mas ainda na Europa e nos Estados Unidos. No entanto, é apenas com seus dois últimos livros que consegue reconhecimento não só como crítico, mas também como escritor: em 1975, com a autobiografia Roland Barthes por Roland Barthes, e, em 1977, com Fragmentos de um Discurso Amoroso, obra popular que vende mais de 60 mil exemplares na França e que comenta as dores de amor. Ferido num atropelamento, morre em Paris (26 de março de 1980). Seus trabalhos póstumos são publicados pela crítica e escritora Susan Sontag em 1982
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2 comentários:
Adoro Barthes meu amigo... Mitologias é uma de suas obras preferidas por mim. Deixo-te uma frase dele que gosto muito: "Saber é sabor..."
Um beijo, com sabor de saber...
Cathy,
E sabor é saber ter você
tão perto e tão longe
nesse meu horizonte
de inferno em fim
Guto
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