26 agosto 2009

Presidentes do Brasil (3)

O advogado paulista Manoel Ferraz de Campo Sales (1898-1902) assumiu a presidência de um país falido. O excesso de gastos por causa das despesas militares (Revolta da Armada, a Revolução Federalista e a campanha de Canudos) tinha esvaziado os cofres. Sua política dos estados fortaleceu as oligarquias regionais, o que lhe permitiu a aprovação pelo Congresso do seu projeto de saneamento das finanças públicas. O governo assumiu o controle direto do Banco da República do Brasil que, em fins de 1905, passaria por nova fase jurídica, recuperando o nome de Banco do Brasil. Seu governo instituiu o casamento civil, a promulgação dos Códigos Penal e Comercial, e a abolição da exigência de passaporte em tempo de paz. Campos Sales foi o primeiro presidente brasileiro a viajar ao exterior. Recebeu o apelido de Campos Selos, por causa do imposto do selo, sendo vaiado ao deixar a presidência por causa de sua política de ajuste financeiro que fora mal compreendida pela população brasileira.

Foi um dos presidentes mais impopulares da história do Brasil. Afinal, a agricultura, a indústria e o povo foram prejudicados no seu governo. Ele criou a chamada “política dos governadores” que perduraria até a Revolução de 30. Ao ignorar os partidos para apoiar os governadores estaduais, criou a “degola política”, institucionalizou a fraude eleitoral e converteu a federação em feudos eleitorais. Criou a política de “café com leite” - a aliança entre São Paulo e Minas Gerais, que passaram a se alternar no poder.

Assume o poder o carioca Francisco de Paula Rodrigues Alves (1902-1906) enfrentando a onda de epidemias e doenças na Capital Federal. Conselheiro nos tempos do império, abolicionista, jornalista e chefe de redação do jornal “16 de Junho”, juiz de direito, ele remodelou, embelezou e saneou o Rio de Janeiro. O porto foi ampliado, os velhos quarteirões de cortiços demolidos e os moradores transferidos para a periferia, para se poder abrir ruas e construir novas avenidas. A vacina obrigatória gerou uma série de manifestações populares. Rodrigues Alves foi o último paulista a tomar posse como presidente do Brasil. Foi eleito duas vezes, cumpriu integralmente o primeiro mandato (1902 a 1906), mas faleceu antes de assumir o segundo mandato (que deveria se estender de 1918 a 1922).

Seu governo foi destacado pela campanha de vacina obrigatória (que ocasionou a Revolta da Vacina), promovida pelo médico sanitarista e ministro da Saúde Osvaldo Cruz, e pela reforma urbana da cidade do Rio de Janeiro, realizada sob os planos do prefeito do Rio de Janeiro, o engenheiro Pereira Passos, que incluiu, além do remodelamento da cidade, a melhoria de estradas de ferro e a construção do Teatro Municipal. Ocorreu também em seu governo a chamada revolta da Escola Militar. Houve também o Convênio de Taubaté, que foi a primeira política de valorização do café. Esse convenio reuniu São Paulo,Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os três estados decidiram que o governo federal compraria e estocaria as sacas de café para evitar a queda de preço. Também determinaram um imposto de três francos por saca exportada. Sua administração financeira foi muito bem sucedida. O presidente dispunha de muito dinheiro, já que seu governo coincidiu com o auge do ciclo da borracha no Brasil, cabendo ao país 97% da produção mundial. Em 1903, Rodrigues Alves comprou a região do Acre da Bolívia, pelo Tratado de Petrópolis - processo conduzido pelo então diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior (barão do Rio Branco). Em seu primeiro mandato, o vice-presidente eleito foi Francisco Silviano de Almeida Brandão, que faleceu; quem assumiu a vice-presidência foi Afonso Pena. Deixou a presidência com grande prestígio, sendo chamado "o grande presidente". Após Rodrigues Alves, nenhum paulista governou o Brasil, exceto por alguns dias apenas Ranieri Mazzilli e Ulisses Guimarães.

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Um comentário:

Unknown disse...

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Erick Issa