27 agosto 2009

Presidentes do Brasil (4)

O conselheiro mineiro Afonso Augusto Moreira Pena (1906-1909) assume a presidência. Seu governo opôs resistência à continuidade da política de valorização do café. A implementação da política de valorização do café se revelou um enorme sucesso e ajudou a quitar os compromissos externos e ainda obter imenso lucro. Disponibilizou recursos necessários para que Cândido Rondon realizasse a ligação no telégrafo do Rio de Janeiro à Amazônia. Foi, talvez, o único mulato presidente do Brasil. Durante seu governo, foi editado um decreto instituindo o uso da faixa presidencial no Brasil, sendo ele mesmo o primeiro presidente a usá-la e o primeiro a passá-la a seu sucessor. Desde então, todos os presidentes a recebem na ocasião da posse. Pena promoveu a criação de parques industriais, incentivou a construção de linhas férreas, modernizou os portos de Recife, Vitória e Rio Grande so Sul. Promoveu a conquistado Oeste, a cargo de Rondon, e organizou a Exposição Nacional de 1908, para mostrar que o Rio de Janeiro se civilizara.

Morre o presidente Afonso Pena e assume seu vice, o carioca Nilo Procópio Peçanha (1909-1910).Peçanha procurou montar um ministério de conciliação e fazer um governo moderado e pacifista. Ele manteve o país sob relativo controle até o fim de seu mandato, em novembro de 1910. Deu prosseguimento à política fiscal e financeira de Afonso Pena, continuou a incentivar a construção de estradas de ferro (para escoar o café) e de frigoríficos. Ele deu ênfase à construção de ferrovias e em questões sociais (Serviço de Proteção aos Índios, Escola de Aprendizes Artífices).

O gaúcho Hermes Rodrigues da Fonseca (1910-1914) foi o primeiro militar eleito à presidência em pleito direto. Era sobrinho do marechal Deodoro. Sua eleição foi resultado da falta de acordo entre as lideranças paulistas e mineiras, e da emergência no cenário político da aliança do Rio Grande do Sul com os militares, rompendo assim a “política do café-com-leite”. Logo no início da sua gestão eclodiu a Revolta da Chibata, um levante de marinheiros que se opunham ao regime de castigos físicos em vigor na Marinha. Estoura também o Conflito de Juazeiro cuja figura central foi o padre Cícero, líder religioso venerado por camponeses do sertão do Cariri.

Depois de conseguido o objetivo, o fim da aplicação da Chibata na Marinha, e concedida a anistia a todos os mais de dois mil marinheiros amotinados, o governo traiu sua palavra e começou um processo de expulsão de marinheiros. O primeiro motim, já controlado, foi seguido de um levante no batalhão de fuzileiros navais sem causa aparente. O Marechal Hermes ordenou o bombardeio aos portos e colocou o país em estado de sítio. Mais de 1200 marinheiros foram expulsos e centenas foram presos e mortos. Apesar de ser bastante popular quando eleito, sua imagem ficou bastante abalada depois da revolta. Logo outra revolta veio conturbar o seu governo, a Guerra do Contestado, que não chegou a ser debelada até o fim de seu governo. Hermes da Fonseca foi um dos dois únicos militares a chegar na Presidência de forma direta e eleitoral. O outro foi Eurico Gaspar Dutra. Em 1912, já tido como “uma nulidade”, Hermes se casou com a caricaturista Nair de Teffé. A “linda donzela, cujos dotes de espírito lhe inspiraram tão violenta paixão”, fez com que o presidente se esquecesse de governar. O país caía nas mãos ardilosas do senador Pinheiro Machado.
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