18 março 2013

Desertos de água



Os ecossistemas estão em alerta, em ruínas. O ser humano pescou demais, produziu lixo, gases do efeito estufa e esgoto demais. Com isso o oceano perde vida. Em todo o mar, 60 a 80% do lixo é plástico que não é biodegradável. Ou seja, a ação da natureza sobre ele não o quebra em elementos simples – como o papel, que se reduz a água e CO2, quando decomposto. O plástico só é quebrado pela luz do Sol, lentamente, algo como 450 anos em pedaços cada vez menores.

Do esgoto ao sapato largado no bueiro, 80% da poluição dos mares é produzida no continente. Assim, o oceano é o destino final de todo o nosso lixo. Além disso, os gases de efeito estufa afetam o suprimento de nutrientes na superfície e mata o fitoplâncton. Os mares quentes fazem os corais sofrer, se contaminar e começar a sufocar as algas que vivem em simbiose dentro deles – dando a sua cor e seu alimento. Assim, as algas liberam toxinas para forçar o coral a expulsa-las. Então eles ficam brancos e doentes. A temperatura esquentando mais ainda há outros desequilíbrios ao redor, e os corais morrem.

E os mares, além de mais quentes, estão mais ácidos e pode corroer a concha de ostras, mariscos e mexilhões. Os corais estão para o mar como as florestas tropicais estão para a terra: são campeões de biodiversidade. E eles guardam tesouros em termos de substâncias potencialmente curadoras de doença. O AZT (coquetel contra o vírus da aids) e o Acyclover (que combate o herpes) são derivados decomponentes encontrados em esponjas do mar.

ACIDIFICAÇÃO

Os oceanos têm absorvido uma parcela substancial do dióxido de carbono, um dos gases do efeito estufa. Mas este benefício tem uma armadilha: conforme o gás se dissolve, o mar fica mais ácido. Um painel internacional de cientistas marinhos diz que a acidez está acelerando tão rápido que ameaça a sobrevivência dos recifes de corais, moluscos e da cadeia alimentar em geral.

E com pouca fotossíntese, sem fitoplâncton o mundo está ganhando cada vez mais desertos de água, ou seja, sem vida. No estudo oceanógrafo a “cor” do oceano é assim: preto é o deserto, azul é mais produtivo e verde tem fitoplâncton abundante. E as manchas pretas estão se expandindo velozmente. Cerca de 6,6 milhões de quilômetros quadrados de mar viraram desertos nos últimos 10 anos. E os cientistas calcularam: das populações de grandes peixes que nadavam nos mares em 1900, sobraram só uns 10%.

Cerca de 25% dos atuns-azuis (que tem sangue quente e permite cruzar os mares do Ártico aos trópicos) é capturado pelo Japão. A flotilha japonesa reduziu os estoques do Pacífico a 6% da população original. Em 10 anos de pesca no Mediterrâneo, já o levamos ao risco de extinção. Afinal, mais de 1500 navios pesqueiros high tech são lançados ao mar, sacando dali 3 vezes mais atuns do que o limite para que a espécie se recomponha. Tudo isso com subsídios da União Europeia. No Canadá o bacalhau foi reduzido a 1% da população original. O blue skate, uma arraia que é prato típico inglês, sumiu do mar do Norte.

Para se ter uma ideia de toda essa tragédia, basta lembrar que 90% das mercadorias comercializadas entre os países são transportadas por navios. A frota mundial de cargueiros chega a quase 100 mil. A flotilha de cargueiros transporta, além de seus contêineres, algo entre 7 mil e10 mil espécies de criaturas marinhas todos os dias. Algumas viajam grudadas no casco, outras vão nadando nos 10 bilhões de toneladas de água de lastro levadas nos porões dos navios. Muitas dessas espécies se instalam de vez em um ecossistema novo, criando uma confusão terrível na comunidade local. É a globalização dos ecossistemas submersos.

E para acabar de vez com a vida nos oceanos, a Organização Mundial do Turismo informou que 80% do turismo mundial se concentra no litoral sendo praias e recifes de corais nossos principais objeto de desejo. O que fazer para protegê-los?. É preciso pensar depressa antes do fim dos oceanos.


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