A Bahia
comparece como o lugar por excelência da tradição, da
ancestralidade, da familiaridade (MOURA, 2001). E o cenário Carnaval
se constitui num ambiente ideal no campo da música, seja através do
lundu, do samba, do maxixe, do tango brasileiro, da marcha, do samba
reggae ou qualquer outro gênero sincrético composto para a festa,
para a construção identitária da Bahia. E a cidade do Salvador se
especializou em vender sua própria imagem, embalada perlo fazer
musical que tem o Carnaval como uma grande vitrine dessa
representação.
O
surgimento da axé music no final dos anos 80 trouxe consigo inúmeras
mudanças de ordem comportamental, econômica,social e artística,
mudando por vezes o foco artístico cultural do Centro Sul para o
Nordeste (Gonzagão fez isso nos anos 1940 com o baião). A axé
music se torna, então, a representante do Carnaval contemporâneo de
Salvador, já sendo denominado por revistas especializadas como pop
axé. O próprio Carnaval, enquanto ambiente de negociações,
apresenta em seu repertório tanto temáticas consideradas ícones da
negritude, quanto a presença de sonoridades ligadas ao mundo do
local pelo global (HALL, 20034) também se apresenta no que podemos
denominar de Carnaval contemporâneo.
O
movimento da axé music foi proporcionado por experimentações de
sonoridades e instrumentos heteróclitos e pela fragmentação do
processo produtivo da indústria fonográfica, terceirizando as
etapas de gravação, fabricação e distribuição do produto (DIAS,
2000, p.17), ambientado no Carnaval.
A partir
de 1987, quando uma nova sonoridade passou a invadir os lares através
das ondas sonoras das FM locais. Estas, que até então se limitavam
a reproduzir o modelo do eixo sul, passam a veicular as produções
musicais locais gravadas no estudio WR, tornando-se um marco para o
mercado da música produzida na Bahia, particularmente em Salvador.
As gerações anteriores saiam de suas cidades para “tentar a
sorte” no eixo Rio-São Paulo (Assis Valente, Dorival Caymmi, João
Gilberto, Gil, Caetano, Gal, Tom Zé e muitos outros).
Goli
Guerreiro em A Trama dos Tambores/2000 percebe a axe music oriunda do
encontro da musica dos blocos de trios com o dos blocos afro. É um
hibridismo musical, caracterizado por sonoridades harmônicas e
percussivas.
FORÇA,
IMPROVISO
Batidas,
sonoridades, alma, força, improviso. A percussão é tudo isso, ela
é a base da música baiana
O próprio
ritmo maior da folia momesca mostra as diferenças de como as batidas
se encaixam de acordo com o estilo. Para a axé music, a percussão
tem que ser de festa, tem que ser forte, com profundidade, agudo,
alegre como é o povo baiano.
Leonardo
Reis - Pertence a uma família onde a música é uma
herança religiosa. Seu irmão, Orlando Costa ensinou os primeiros
passos. Tem nos timbales um dos seus instrumentos de mais destaque,
fruto de estudo e pesquisa em Cuba com o mestre Chagito. Seu timbre
percussivo está presente nos discos e shows de Gilberto Gil, Caetano
Veloso, Marisa Monte, Ana Carolina, Ivete Sangalo e Banda Eva.
Jorge
Sacramento - O professor Jorge é assistente da
cadeira de Percussão da UFBA, é percussionista/assistente da
Orquestra Sinfônica da Bahia e coordena vários projetos de extensão
na EMUS/UFBA. É Mestre e Doutorando em Educação Musical pela
Universidade Federal da Bahia. Já gravou discos de vários artistas:
Andréa Daltro, Joatan Nascimento, Juvino Alves, Lindemberg Cardoso,
Paulo Lima e Wellington Gomes são alguns deles. Sacramento também é
timpanista oficial das novenas da Conceição da Praia e do Senhor do
Bomfim.




Fonte:
CORRÊA,
Djalma. A Percussão no Brasil
DIAS,
Juliana. Percussão baiana foi da religião para a festa e acabou
virando escola. A Tarde. 24/01/2011
FIGUEIREDO,
Luciano org. Festas e batuques do Brasil. Rio de Janeiro: Sabin, 2009
(Coleção Revista de História no Bolso.2)
GUERREIRO,
Goli. A Trama dos Tambores. São Paulo: Editora 34, 2000
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