04 julho 2012

Cinco fases de Gilberto Gil -1967/1987 (5)


A atualidade do trabalho de Gilberto Gil evidencia-se na forma com a qual ele tem existido dentro da cultura brasileira. Na mistura de tempos, estilos e diversificações, ou seja, uma expressão musical e poética em constante movimento, instigante e inovador ao longo dos anos. Na quinta fase, Gil aperfeiçoa seu canto, ampliando também seu recado. Assim é Gil, capaz de absorver todas as influências. O ano de 1983 ele lança “Extra”, com muito balanço. No ano seguinte, “Raça Humana” traz “Tempo Rei”, uma daquelas canções de Gil que parecem tiradas de alguma fonte do folclore, e que falam da existência humana com a beleza poética eu ele alcança quando se investe de guru.

A raça humana é/uma semana/do trabalho de Deus//A raça humana é a ferida acesa/uma beleza, uma podridão/o fogo eterno e a morte/a morte e a ressurreição//A raça humana é/uma semana/do trabalho de Deus//A raça humana é o cristal de lágrima/da lavra da solidão/da mina, cujo mapa/traz na palma da mão//A raça humana é/uma semana/do trabalho de Deus//A raça humana risca, rabisca, pinta/a tinta, a lápis, carvão ou giz/o rosto da saudade/que traz do Gênesis/dessa semana santa/entre parênteses/desse divino oásis/da grande apoteose/da perfeição divina/na Grande Síntese//A raça humana é/uma semana/do trabalho de Deus” (Raça Humana)

O álbum “Raça Humana” revela um Gil preocupado com os mistérios da vida e com as lutas sociais e étnicas, temas presentes em outras fases de sua carreira. Dois momentos desse disco são “Vamos Fugir” e a “Raça Humana”.Em 1985 sai o álbum “Dia Dorim Noite Neon”, nele Gil canta um reggae dele e Liminha, “Barracos”. Os versos de Gil revelam uma escancarada crítica ao sistema. Tem também o afoxé “Touches Pás à Mon Pote”, letra em francês inspirada no slogan de uma campanha contra a discriminação racial. A preocupação com a paz racial no mundo retorna em “Oração pela Libertação da África do Sul”, um reggae em estado puro.

Se o rei Zulu já não pode andar nu/se o rei Zulu já não pode andar nu/salve a batina do bispo Tutu/salve a batina do bispo Tutu//Ó, Deus do céu da África do Sul/do céu azul da África do Sul/tornai vermelho todo sangue azul/tornai vermelho todo sangue azul//Já que vermelho tem sido todo sangue derramado/todo corpo, todo irmão chicoteado – iô/senhor da selva africana, irmã da selva americana/nossa selva brasileira de Tupã//Senhor, irmão de Tupã, fazei/com que o chicote seja por fim pendurado/revogai da intolerância a lei/devolvei o chão a quem no chão foi criado//Ó, Cristo Rei, branco de Oxalufã/Ó, Cristo Rei, branco de Oxalufã/zelai por nossa negra flor pagã/zelai por nossa negra flor pagã//Sabei que o papa já pediu perdão/sabei que o papa já pediu perdão/varrei do mapa toda escravidão/varrei do mapa toda escravidão” (Oração pela Libertação da África do Sul)

Em 1987 saiu Gil em Concerto, onde o artista volta a mostrar sua simplicidade no cantar, “Eu Vim da Bahia”, fechando mais um ciclo, além da força dos “Filhos de Gandhi”.

Eu vim/eu vim da Bahia cantar/eu vim da Bahia contar/tanta coisa bonita que tem/na Bahia, que é meu lugar/tem meu chão, tem meu céu, tem meu mar/a Bahia que vive pra dizer/como é que se faz pra viver/onde a gente não tem pra comer/mas de fome não morre/porque na Bahia tem mãe Iemanjá/de outro lado o Senhor do Bonfim/que ajuda o baiano a viver/pra cantar, pra sambar pra valer/pra morrer de alegria/na festa de rua, no samba de roda/na noite de lua, no canto do mar/eu vim da Bahia/mas eu volto pra lá/eu vim da Bahia” (Eu Vim da Bahia)

As diferentes fases da carreira de Gil expressam as experiências mais típicas de sua geração. A pluralidade, a diversidade, a receptividade, a flexibilidade e o colorido de cada momento caracterizam essa trajetória artística. Nesses anos de estrada, Gil tornou-se não apenas um músico brilhante, mas um compositor capaz de inspirar-se em praticamente todos os estilos de música brasileira, muitas vezes estabelecendo cruzamentos originais entre esses estilos e os ritmos africanos ou o rock. Sua música é sempre moderna e, embora sintonizada com os ritmos internacionais, jamais perde um agudo senso de brasilidade que é uma de suas características mais marcantes.

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OFICINA DE QUADRINHOS DO CUCA

As matriculas para a Oficina de Historia em Quadrinhos estarão abertas entre os dias 09 e 13 de julho, das 8:00h às 12:00h e dás 14:00h às 18:00h, no Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Os interessados deverão se dirigir a administração do órgão, munidos dos seguintes documentos: cópia de RG, 02 fotos 3x4 e comprovante e xerox do pagamento da taxa de inscrição a ser recolhida no Banco do Brasil. A taxa é de R$ 80,00, valendo para o trimestre. Alunos da UEFS têm desconto de 50%.

O curso é focando no aprendizado e planejamento das etapas de desenvolvimento de uma história em quadrinho e na orientação para a elaboração de roteiros estruturados e coerentes. A oficina oferece ainda aos alunos uma maior compreensão da trajetória histórica dos quadrinhos, abordando diferentes tradições quadrinísticas ao redor do mundo.

Promovido pelo espaço OCA (Oficina de Criação Artística) do CUCA,o curso é ministrado pelo feirense Marcos Franco, experiente autor de quadrinhos com premiações no Troféu Ângelo Agostini e indicação ao “Oscar” dos quadrinhos, o Troféu HQ Mix.

O Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) fica localizado na Rua Conselheiro Franco, 66,Centro, Feira de Santana, BA. Contato através do telefone (75) 3221-9766.
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