28 novembro 2007

Um revival de paixões (2)

INFLUÊNCIA – A influência dos pulps logo sucumbiu à proliferação de um novo meio, os quadrinhos de aventuras que começaram adaptando heróis da literatura de massa, Tarzan e Buck Rogers, e logo passaram a se expressar em sua própria linguagem, dando origem aos heróis Dick Tracy, Batman, Terry e os Piratas e tantos outros. No fim dos anos 20, e por todos os anos 30, começava uma época explosiva nos quadrinhos – a era de ouro. De cômicos, as histórias em quadrinhos passaram por muitos temas como aventuras nas selvas, no Oriente e até no espaço. E surgiram Tarzan, Jim das Selvas, Agente X-9, Buck Rogers, Flash Gordon, Brick Bradford e outros. Assim houve uma assimilação de muitas dessas histórias pelo cinema, particularmente pelos seriados que se dirigiam a um público infanto-juvenil.

Em 1929 Tarzan inaugurava nos quadrinhos a moderna linguagem dessa arte, desenhado por Harold Foster. No mesmo ano é lançado Tarzan o Tigre, série em 10 episódios, dirigida por Henry McRae. A lista de adaptação dos quadrinhos é interminável. A combinação de ator, dublê e modelo, utilizada para criar a ilusão de vôo na montagem de Capitão Marvel (1941) e a transformação do ator em desenho animado durante os supervoos de Super Homem (1948), são exemplos imbatíveis do charme “camp” dos velhos seriados.

Havia, ainda, heróis animais, como Rin Tin Tin, Lassie e Rex, “o rei dos cavalos selvagens”. Entretanto, não existiam mocinhos negros ou orientais (estes sempre apareciam como vilões e aqueles, como submissos). No roteiro, a eterna luta contra o mal era invariavelmente vencida pelas forças do bem – mas só no capítulo final. A inocência dos mocinhos era notável, e os vilões com desejos de dominar o mundo. Pouco diálogo, muita ação e nada de romance (afinal, havia na época um forte código de ética). Armas de raio, robôs e civilizações perdidas. Lutas, perseguições e explosões espetaculares. Esse era o segredo dos clássicos seriados. Se a tevê liquidou o gênero, nos anos 60, o vídeo (e logo depois o DVD), por ironia,foi bem capaz de resgata-lo e, ainda por cima, elevar sua condição de refugo da indústria cultural à qualidade de fetiche.

GERAÇÃO – Cada geração tem os seus seriados favoritos. Porque o seriado era uma fase da vida. Os mais velhos lembram alguns desses. Os mais jovens vão falar em Flash Gordon, Jim das Selvas, Zorro, O Caveira, Rei da Polícia Montada, Sombra, Capitão Marvel, Batman até os últimos seriados serem rodados nos EUA, em 1956. Atores mais gloriosos de Hollywood viveram toda a sorte de perigos nessas histórias como John Wayne, Boris Karloff, Bela Lugosi, Mickey Rooney, Tom Tylet, Tom Mix, Buck Rogers, Gene Autry. Mas os estudiosos dos seriados dizem que o rei deste ciclo de cinema foi Larry “Buster” Crabe, o Flash Gordon e o Buck Rogers das telas.

A partir de meados dos anos 50, a galeria desses super-heróis e arquivilões começou a abandonar as telas dos cinemas. Primeiro, eles foram relegados aos cinemas de bairros (os conhecidos “cines-poeira”) e os cinemas do centro esqueceram as matinês com os seriados. Depois, passaram a viver só nas cidades menores, onde não havia chegado a televisão. Nos anos 50, a TV mata os seriados e as novelas de aventuras das rádios – como O Anjo ou Gerônimo, o Herói do Sertão. A garotada deixou de ir aos cinemas para ver estas séries, nos domingos, porque a tevê passa todos os dias. Agora, em vez de seriados cinematográficos, milhões de pessoas querem saber o que vi acontecer com os personagens favoritos da telenovela.

Os primeiros seriados para televisão surgiram em 1949 e sofreram enorme influência da histeria macartista que marcou a década de 50. Espiões, marcianos e índios, no fundo todos refletiam a mesma coisa: a obsessão pelo “perigo vermelho”. No fim dos anos 50, e começo dos 60, os seriados televisivos atingiram sua linguagem própria e produziram quantidades imensas de capítulos. A partir de 1965, as séries são precedidas de amplas pesquisas de opinião pública e um caso típico é O Agente da UNCLE. A ideologia expansionista que justificou a guerra do Vietnã está presente nas séries como Perdidos no Espaço e Túnel do Tempo. A paixão por seriados de tevê teve até um fanzine, “...E No Próximo Episódio...”. A publicação paulista, bimestral, teve, entre os seus colaboradores, alguns dubladores dos filmes. Hoje temos diversos sites sobre o assunto.

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