03 agosto 2006

Mãe Hilda


Hilda Dias dos Santos nasceu na Quinta das Beatas, atual bairro de Cosme de Farias, em Brotas no dia 06 de janeiro de 1923, e foi para o Curuzu com os pais, ainda menina, em 1930. Ali tornou-se ialorixá, assumindo a missa para a qual fora destinada desde o nascimento. “Entrei no Candomblé porque era uma pessoa muito doente. Podia sentir-me mal em qualquer lugar, tanto fazia estar na alegria como na tristeza. E por esse motivo, indo pro médico não tendo solução, fui parar realmente num lugar que praticamente apesar de meus parentes serem todos de Candomblé, e eu já ter o meu começo, mas que não eram de acordo que eu entrasse, mas fui me bater na casa de uma pessoa (Cassiano), aí me tratei, daí pra cá fiquei boa, fazendo santo e assumindo”, declarou no seu livro autobiográfico. Casou, teve seus filhos, dos quais uma faleceu, e tem oito netos. O pai de santo da ialorixá Hilda era da nação Gegê Marin, chamava-se Cassiano Manoel Lima, sua Digina era Gegê, cujo terreiro era localizado na Caixa D’Água. O nome Jitolu foi dado a mãe Hilda no dia 24 de dezembro de 1942. Depois da morte do pai de santo de Mãe Hilda, ela começou as suas obrigações no Terreiro Cacunda de Iaiá, com Mãe Tança.

Suas obrigações de 03 a 25 anos com o pessoal do Terreiro Cacunda de Iaiá foram todas feitas na casa de Mãe Hilda. Ela teve de lutar muito, vender comidas em obras, em fábricas para juntar dinheiro e fazer o Terreiro. Assim nasceu no dia 06 de agosto de 1952 o Terreiro Ilê Axé Jitolu. Uma instituição muito importante para o Brasil e que está ligada a esta casa é o Ilê Aiyê, a primeira instituição brasileira a mostrar a identidade negra. “O nome foi escolhido, em Yorubá, justamente um nome que é adequado e se usa dentro do axé, um nome de uma casa. Bom, essa Casa ia reunir vários membros, então dá esse nome, se idealizou, combinou, eu vi que era uma coisa que realmente é o destino do povo negro que estava em jogo, aplaudi as opiniões da mentalidades deles. (...) Então eu disse: muito bem, é Casa, vocês vão abrigar seus amigos, seus colegas, aquelas pessoas. Então é o negro da Casa Grande. Ilê Aiyê quer dizer a casa universal, para todos, é a Senzala do Barro Preto no Curuzu. Taí o Ilê Aiyê então o que eu faço é zelar, pedir licença aos orixás”.

Mãe Hilda teve participação decisiva para o surgimento do primeiro bloco afro no Brasil. Deu apoio ao filho, Antonio Carlos Vovô, na criação de bloco, em 1974. Trata-se da primeira entidade cultural na Bahia a se propor fazer um trabalho voltado para restabelecer a auto-estima e a identidade negras. A ialorixá se coloca como o esteiro natural de sustentação da arrojada iniciativa. Mãe Preta do Curuzu, cantada em numerosos versos pelos compositores do bloco, a ialorixá e a personagem principal na cerimônia de saída do Ilê Aiyê a cada carnaval. Em 1975 foi o primeiro ano que o bloco foi para rua. A cada ano o Ilê participa também da festa da Lavagem do Bonfim.

Hilda foi a primeira mãe-de-santo a subir a Serra da Barriga para fazer homenagem a Zumbi, em 1980. Nos anos 80, Mãe Hilda amplia a ação social do terreiro abrindo as suas portas para o funcionamento de uma escola primária - a Escola Mãe Hilda. Foi a experiência dessa escola que permitiu em 1995, o surgimento de uma proposta arrojada em termos de educação pluricultural: o Projeto de Extensão Pedagógica do Ilê Aiyê que atua em escolas públicas do bairro da Liberdade e nas escolas mantidas pelo bloco. Em 1993 foi celebrada uma grande festa em comemoração aos seus 50 anos de santo. Na ocasião foi lançado um selo e um cartão postal para a Mãe Preta do Ilê. No dia 20 de novembro de 1995, Mãe Hilda Jitolu recebeu da prefeita de Salvador, Lídice da Mata, a Medalha Dois de Julho: “Considerando que o Dia Nacional da Consciência Negra, esse ano se reverte de caráter especial, por se comemorar os 300 anos da morte de Zumbi dos Palmares. Considerando tratar-se de personalidade, cujas atividades profissionais nas áreas culturais, artísticas, religiosas e científicas reflete os ideais libertários de Zumbi no resgate da cidadania, da dignidade, da igualdade ou da cultura afro brasileira, considerando que as personalidades sob referência representam as mais altas expressões de nossa sociedade, quer em sua ação prática, quer no desempenho de sua função criativa, contribuindo para uma melhor compreensão da história do nosso povo e de seus valores espirituais, considerando para uma melhor compreensão da história do nosso povo e de seus valores espirituais, considerando que essas personalidades em momentos diversos e com invulgar brilho vem projetando a Cidade de Salvador no cenário nacional e até internacional como pólo de cultura permanente libertária, resolve artigo primeiro conceber a medalha 02 de Julho em ouro as personalidades a seguir nomeadas entre outras a Iyalorixá Hilda Dias dos Santos, Mãe Hilda Jitolu do Ilê Axé Jitolu”.

Em 1996 ela lançou o livro autobiográfico “Mãe Hilda - A História da Minha Vida”, no qual conta a sua trajetória existencial, desde a iniciação religiosa, nos anos 40, a luta pessoal para criar os cinco filhos e, ao mesmo tempo, estruturar o seu terreiro, no Curuzu (Liberdade), até suas ações sociais a partir dos anos 70, que incluem a criação do Ilê Aiyê, as oferendas a Babá Zumbi dos Palmares, na Serra da Barriga, a Escola Mãe Hilda, a Banda Erê e o Projeto de Extensão Pedagógica do Ilê. A professora da Uneb, Ana Célia da Silva (filha de santo da ialorixá), que organizou o livro com a também professora Maria de Lourdes Siqueira, afirma que o que mais chama a atenção na obra, além da crônica da experiência de vida da mãe espiritual do Ilê Aiyê, é a extrema fé da ialorixá e o exemplo dado por ela, de como a mulher negra, mesmo sem as mínimas condições, pode chegar até onde ela chegou, somando conquistas importantíssimas para a sua comunidade. Mãe Hilda de Jitolu é, hoje, a grande Mãe Preta da Bahia e do Brasil. Com mais de 50 anos de santo dedicados ao trabalho de preservação e expansão do patrimônio cultural africano no Brasil, ela é herdeira direta da tradição de luta empreendida por Zumbi e seus guerreiros.

4 comentários:

Anônimo disse...

Por favor, se você puder ajudar, eu sou italiano, eu não falo Português bom, eu gostaria de entrar em contato com uma verdadeira Mae de Santo, que pode realizar o trabalho encontrou spirituali.Ho charlatões e só preciso de uma Mãe de Santo seria.Vi real Eu rezo com todo meu coração para me ajudar a me enviar um e-mail marisa.carta @ libero.it

Anônimo disse...

Por favor, se você puder ajudar, eu sou italiano, eu não falo Português bom, eu gostaria de entrar em contato com uma verdadeira Mae de Santo, que pode realizar o trabalho encontrou spirituali.Ho charlatões e só preciso de uma Mãe de Santo seria.Vi real Eu rezo com todo meu coração para me ajudar a me enviar um e-mail marisa.carta @ libero.it

Anônimo disse...

PODE TER UMA MÃE DE SANTO BRANCA SEM SANGUE ANCESTRAL AFRO ÁFRICA 🌍

Anônimo disse...

Meu nome e José e gostaria de indicar dona Marisa uma senhora quem quiser o número me chama eu não vou enviar pra todos porque ela e uma senhora muito séria meu email josetransportes1980@gmail.com