22 fevereiro 2022

Goula: uma aventura de branco e moreno

 

No dia 10 de setembro de 1986, depois de perambular pelas páginas dos mais importantes jornais franceses, Alain Voss volta ao Brasil e publica no Caderno 2 do Estado de São Paulo, por dez edições, Goula, uma aventura de branco e moreno, a história tem a cidade de São Paulo como pano de fundo. Narra a personagem de uma mulher de 20 metros de altura, nua que passou pela cidade de São Paulo.

 


A misteriosa mulher gigante está sendo caça em SP. Os repórteres Branco e Moreno usam de esperteza para enfrentá-la. Eles põem em prática um superplano para enganar a giganta nua que espalha o terror nas ruas paulistanas. Confinada no estádio do Pacaembu, com uma fome que nada consegue matar. O ex-presidente Jânio Quadros, na época prefeito de São Paulo, tem uma grande participação na aventura.

 


A gullivera golena é chamada de Goula e o prefeito de São Paulo mandou um de seus secretários ao Pacaembu com um plano para domar a gulosa gigante. Só o professor Von Stroheim consegue decompor a garota no final da história que terminou no dia 20 de setembro de 1986. O forte da narrativa é a apresentação de importantes pontos da cidade, como a avenida Paulista, o parque do Ibirapuera e o estádio do Pacaembu.

 


Alain Voss nasceu na França, filho de pai alemão e de mãe francesa. Ele veio para o Brasil ainda pequeno por volta dos cinco anos de idade. Começou a trabalhar com quadrinhos na década de 1960 e ilustrou, entre outras coisas, as capas de LPs da banda Os Mutantes como Os Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets e O Jardim Elétrico. Seus principais trabalhos em quadrinhos na época foram O Careca e O Loco.

 

Em 1972 voltou para a França, fugindo da opressão da ditadura militar brasileira. Lá, trabalhou para a revista Métal Hurlant (a conhecida Heavy Metal), ao lado de nomes como Sérgio Macedo, Nikita Mandryka, Richard Corben, Philippe Caza, Gotlieb e Enki Bilal.

 

Voltou ao Brasil em 1981 trabalhando com quadrinhos: Inter Quadrinhos e Monga – A Mulher-Gorila. Em 1989, ganhou o prêmio de melhor desenhista nacional da primeira edição do Troféu HQ Mix. No ano seguinte, uma exposição sobre seu trabalho apresentada no Museu da Imagem e do Som ganhou o Troféu HQ Mix de melhor exposição. Em 2001, o Itaú Cultural promoveu o evento Anos 70: Trajetórias, destacando o trabalho de Voss ao lado de Robert Crumb, Paulo Caruso, Angeli e Laerte.

Nos últimos anos de vida, criou quadros, ilustrou capas de discos e livros. Mesmo debilitado por um AVC sofrido em 2009, colaborou com a edição brasileira do Le Monde Diplomatique, produziu a HQ Anarcity no computador e lançou as tiras Os Zensetos para Caros Amigos. Morreu em 2011 em Portugal.

 

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