Escritor,
jornalista, historiador e artista plástico. O primeiro historiador da arte baiana. Manuel Raimundo Querino nasceu na
cidade de Santo Amaro da Purificação em 28 de julho de 1851. Quando ele tinha
quatro anos de idade seus pais faleceram, vitimas de uma epidemia de cólera.
Amigos de seus pais o trouxeram para Salvador. Mais tarde o Juizado de Órfãos
nomeou como seu tutor o bacharel Manuel Correia Garcia. De tenra idade então,
pode o professor Garcia ensinar o pequeno órfão, que veio a ser um dos homens
de reputação firmada na Bahia, como artista, professor, folclorista, e
rebuscador incansável do passado de nossa terra. Homem de cor, impôs-se pela
seriedade com que desempenhou cargos públicos, difundiu cultura através do
ensino e do que escreveu, deixando apreciável bagagem literária.
Aos
17 anos foi para Pernambuco, seguindo para o Piauí, onde foi recrutado para o
serviço militar e daí para a Guerra do Paraguai como Voluntário da Pátria.
Serviu à pátria, incorporando-se a um contingente que daqui partiu para o campo
de batalhas travadas no Paraguai. Chegando ao Rio de Janeiro e reconhecidas as
suas habilitações, ficou empregado na escrita do quartel do batalhão a que fora
mandado engajar. Em 1870 foi promovido a cabo de esquadra e, meses depois, teve
baixa do serviço militar. Tinha tão pouca idade e era tão franzino que não
permaneceu lá, por magnanimidade de Dom Pedro II.
De
volta à Bahia, em 1871, começou a exercer de novo a profissão de pintor e
decorador, iniciando os estudos de francês e português no Colégio 25 de Março.
Fora um dos fundadores do Liceu de Artes e Ofícios. Instalada a Escola de Belas
Artes, inscreveu-se no curso de desenhista com o professor Miguel Cañyzares,
recebendo o diploma em 1882. Nesse mesmo ano foi nomeado membro do juri da
exposição da mesma escola. Em seguida, matriculou-se no curso de arquiteto.
Estudou arquitetura, aritmética, álgebra, geometria, desenho industrial e
geometria descritiva. Frequentou aulas de anatomia, estética, história das
artes e pintura a óleo. Foi premiado com a menção honrosa e duas medalhas de
prata pela Escola de Belas Artes. No Liceu de Artes e Ofício recebeu medalhas
de bronze, prata e ouro. Em
Quando
o movimento abolicionista se espalhou por todo o país, Manuel Querino
declarou-se francamente partidário da libertação imediata e incondicional.
Integrou o Partido Liberal na Bahia. Foi um dos integrantes da Sociedade
Libertadora Baiana. Com o advento do novo regime político, fundou a Liga
Operária Baiana e os jornais A Província e O Trabalho. Em ambos defendeu os
direitos da classe operária. A Província circulou de
Sócio-fundador
do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia começou a se interessar pelo
estudo das nossas antiguidades históricas e da tradição popular, inserindo, na
revista do Instituto, valiosos trabalhos de pesquisa histórica e folclórica. Em
maio de 1928 um retrato seu foi colocado no Instituto Geográfico. Ele publicou
livros sobre a religião afro-brasileira e outros temas ligados a presença do
negro no Brasil. Foi um dos primeiros historiadores a publicar um trabalho
importante até hoje utilizado por pesquisadores e estudiosos das artes do
Brasil. Entre suas obras constam: Costumes Africanos no Brasil (1938), A Bahia
de Out’rora - fonte indispensável para os estudiosos dos nossos costumes e de
episódios históricos correlatos (1916), Republicando Desenho Linear das Classes
Elementares (1903), Elementos de Desenho Geométrico, Artistas Baianos (1904),
As Artes na Bahia (1909), Bailes Pastoris (1914), Arte Culinária na Bahia (obra
póstuma), entre outros. O que mais concorreu para perpetuar seu nome, sem
dúvida, foi a contribuição que nos legou como pesquisador do nosso passado.
Entre
seus ensaios publicados na Revista do Instituto Histórico e Geográfico,
destacam-se Os Artistas Baianos (1906), Contribuição para a História das Artes
na Bahia (1908), Teatros da Bahia (1909), Contribuição para a História das
Artes na Bahia - Os Quadros da Catedral (1911), Episódio da Independência
(1913), A Litografia e a Gravura (1914), Primórdios da Independência (1916),
Candomblé do Caboclo (1919), O Dois de Julho e a sua comemoração na Bahia
(1923), entre outros. Ele exerceu cargos públicos, na diretoria de obras
públicas, e, depois na Secretaria da Agricultura. Depois de uma existência de trabalhos
importantes, aposentou-se, em 1916, no cargo de terceiro oficial da Secretaria
da Agricultura.
Manuel
Querino é um exemplo de superação e persistência, que veio da orfandade e
venceu por seu talento e esforço. Um negro que não se abateu diante da
vicissitude da vida e do preconceito. Ele faleceu no dia 14 de fevereiro de
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