Há 180 anos nascia Xisto Bahia no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, na
capital baiana. Cantor, compositor,
violonista e teatrólogo. Filho do major do Exército Francisco de Paula Bahia e
de Tereza de Jesus Maria do Sacramento Bahia. Era o caçula dos irmãos Soter,
Francisco Bento, Horácio e Eulália e recebeu somente instrução primária. Aos 17
anos já cantava suas primeiras modinhas.
É dele a primeira música gravada no Brasil, pela Casa Edison em 1902, o
lundu “Isto é bom”.
Desde cedo revelou uma propensão
artística, atuando em peças de teatro e cantando em corais, tendo viajado por
vários estados do país, e feito grande sucesso, se tornou cantor, compositor,
violinista, violonista e dramaturgo. Aos dezessete anos, os baianos já o viam
cantando modinhas e lundus, tocando violão e compondo, tal como Iaiá, você quer
morrer?. Em 1861, excursionando como ator pelo norte e nordeste do país, tocava
e cantava chulas e lundus de sua autoria. Nunca estudou música, foi um músico
intuitivo e autodidata.
Considerado pelo escritor Artur de Azevedo
o “ator mais nacional que tivemos”, Xisto escreveu e representou comédias da
qual destaca-se o Duas páginas de um livro e, apenas como ator, Uma véspera de
reis, de Artur de Azevedo. Em 1880, no Rio de Janeiro, recebeu aplausos de D.
Pedro II, pelo desempenho em Os perigos do coronel. Atuou, além do norte e
nordeste, em São Paulo e Minas Gerais, sempre com sucesso.
Em 1891 transfere-se para o Rio de Janeiro
e, largando por um ano a carreira artística, foi escrevente da penitenciária de
Niterói. Era casado com a atriz portuguesa Maria Vitorina de Lacerda Bahia, com
quem teve quatro filhos. Ficou célebre, e teve grande popularidade no Segundo
Reinado, com a modinha que musicou do poeta Plínio de Lima, Ainda e sempre, e o
lundu Isto é bom, que foram lançados no primeiro disco gravado no Brasil, pela
Casa Edison, em 1902. Injustamente esquecido, a sua contribuição para a
evolução da canção brasileira não terá sido considerável e quase toda a sua
produção se perdeu. Doente, em 1893 retirou-se da vida artística dirigindo-se
para Caxambu, MG, onde morreu no ano seguinte. (Mais informações no livro Gente
da Bahia que lancei em 1997 pela Editora P&A).
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