1971 foi o ano dos Secos & Molhados.
João Ricardo, Ney Matogrosso e Gerson Conrad explodiram. O rosto pintado, o
corpo reluzente de purpurina, o rebolado e uma voz aguda interpretando uma
mistura de rock com ritmos latinos e brasileiros, com letras que iam do folclore
à poesia de protesto. Assim Ney Matogrosso e seus companheiros Gerson Conrad e
João Ricardo levaram à frente um dos maiores fenômenos da história da música
brasileira, o Secos & Molhados. Em 1973, saíam o primeiro disco da banda. A
capa com as cabeças dos integrantes servidas em bandejas, a atitude e o
repertório, fizeram do disco um fenômeno, com 800 mil cópias vendidas.
Um fenômeno musical e comportamental que
dominou a Grã Bretanha entre 1971 a 1974 foi o rock purpurina (ou glam –
abreviação de glamour-rock). A banda T. Rex, de Marc Bolan causou sensação com
o visual extravagante: plumas e paetês, maquiagem, jaquetas de cetim e sapatos
plataforma e de salto alto.
Esse visual tomou conta das ruas,
privilegiando o brilho e a androgenia. Amigo de Bolan, David Bowie entrou na
onda e tornou-se ainda mais popular, com figurino futurista e cabelo abóbora
metálico. Seu álbum The Rise ad Fallof Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
ele criava o personagem Ziggy, um rockstar androgino e bissexual vindo de outro
planeta.
Outro grande nome foi a banda Roxy Music,
que revelou Bryan Ferry e Bria Eno. No som, calcado no rock'n'roll dos anos
1950 e no pop melódico, o glitter também era pura sensualidade e diversão.
Ainda da Inglaterra veio a banda Wizzard, que
surgiu em 1971. Liderados por Roy Wood, eles faziam um som que misturava rock
progressivo, glam rock e hard rock. Wood tinha seu estilo de pintar o rosto e
foi um dos grandes influencia na maquiagem do Kiss.
No lado americano surgiram poucas bandas
de glam rock. Kiss, Alice Cooper e New York Dools. Esse último visualmente eram
os mais escrachados de todos, parecendo verdadeira drag queen em sua maneira
debochada de se vestir e se apresentar ao vivo.
Em 1972 o baiano Edy Star, parceiro de
Raul Seixas em disco de 1971, é tido como o primeiro artista glitter do Brasil.
Ele consagrou-se em shows em boates da Praça Mauá no Rio de Janeiro em 1972 e
1973. E é em 1973 que a banda de hard rock formada em Nova Iorque popularizou a
maquiagem – Kiss.
O vocalista e guitarrista Paul Stanley (o
da estrela) se tornava em um ser andrógino, encarnação do amor. O guitarrista
Ace Frehley (o de maquiagem prateada) se tornava em um alienígena
interplanetário. O baterista Peter Cris se tornava em um gato (ou tigre de
dentes de sabre conforme outras versões). O baixista e vocalista Gene Simmons
(o com cara de mau) por sua vez se transformava em um demônio, encarnação do
mal.
Durante anos a identidade real de todos
foi guardada a sete chaves. Como se isso tudo já não fosse marketing suficiente
os shows eram muito mais do que espetáculos de som, luz e gelo seco. Entre
outros pequenos detalhes a guitarra de Ace Frehley soltava fumaça e rojões em
meio aos solos, o baixista Gene Simmons voava sobre a plateia, vomitava sangue
e cuspia fogo (literalmente, sem truques). A kissmania rapidamente tomou conta
dos Estados Unidos. A imagem da banda estava em qualquer coisa que pudesse ser
vendida, máquinas de fliperama, bonecos, máscaras, kits de maquiagem, cereais,
escovas de dentes..
Na música, o grupo Marilyn Manson buscou
como influência Ozzy Osbourne, David Bowie e Ziggy Starter. Sua fórmula de
sucesso vem principalmente pela mídia. No palco a banda utiliza satanismo,
homossexualismo e sadomasoquismo como ferramentas para atacar a cultura
americana. Seu nome artístico foi formado a partir dos nomes Marilyn Monroe e
Charles Manson, mostrando o que ele considerava o último e mais perturbante
dualismo da cultura estadunidense.
O circo de horrores de Marilyn Manson não
ficou sozinho. No final da década de 90 aparece o Slipknot, banda que adotou o
visual de máscara de Hallowen, inspirado no personagem Jason, do filme Sexta
Feira 13. Em 1995 o Slipknot é o heavy metal do grupo, surgido em Iowa, já é
decorrência de quase tudo que veio antes, com acréscimo de pirotecnia e uma
imagem de fim de mundo. As letras da banda sempre foram niilistas, sombrias,
raivosas e melancólicas, o que estava em alta no mercado musical da época. Tem
ainda Rob Zyumbie, Panic'at the Disco...
(Publicado anteriormente neste blog em
dezembro de 2012)
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