No início tudo era verde. A relva, a
selva, a seiva. A floresta, a mata, o jardim. As plantações se espalhavam por
toda a região e a vida florescia. As flores eram cheias de cores, as folhas
verdejantes, as árvores gigantes, e o ar exuberante. Tudo era vida e amor.
Nesse mundão esverdeado não havia barulho,
só silêncio que as vezes era quebrado pelo soprar do vento, as folhas do
coqueiro balançando, as palmeiras se agitando e tudo mais refrescando.
O rio corria solto para o encontro do mar.
O sol brilhava tanto para dar mais vida no pomar e a lua chegava sorrateira
logo após o sol se deitar. Mas houve uma quebra do silêncio, a presença do ser
humano chegou a quebrar esse encantamento, e o homem severo deu fim no
firmamento.
Começou derrubando árvores, queimando o
mato para construir casas, apartamentos, edifícios. E o concreto se espalhou em
todas as direções. As plantas gemiam, sofriam a devastação. Mas o homem nem
socorria, queria mais espaço para construção.
Cada vez mais o verde foi desaparecendo e
a fumaça da indústria crescendo. A poluição chegou forte, os rios ficaram à
deriva, na morte. Foi secando, secando a toda sorte.
E logo o que era verde amarronzou-se em
todo sertão. A vida verde se apagou em muitas regiões. Mas a natureza não
aguentou tanta devastação. Reuniu todas as árvores mais resistentes, espalhando
sementes pelo poente e semeando a terra novamente.
Primeiro foi crescendo no norte, depois no
sul, ao chegar na cidade, o chão tremeu de verdade, e a natureza reclamou seu
espaço na cidade.
As casas foram tombando, a enchente dos
poucos rios foram chegando, o mar se aproximando e depois tudo foi se
arrumando.
O homem que devastou agora agoniza no
morro, as terras se abrindo, buracos negros surgindo e a morte emergindo. Logo
tudo virou cinzas e pó. Ressurgindo a natureza feito nó. Nó de galhos secos
revigorados, plantas verdes nos telhados e todo verde revigorado.
Agora volta o silêncio. O sol brilhou
novamente e a selva tomou de volta o que era seu. Nesse planeta, o verde
rejuvenesceu.
Nada mais para se dizer, o silencio
cresceu.
E a vida verde se estabeleceu. Dou ponto
final nessa história que o verde venceu.
Não se toma de ninguém aquilo que é seu! (Gutemberg Cruz. Outono de 2014)
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