04 junho 2020

A revolta do verde


No início tudo era verde. A relva, a selva, a seiva. A floresta, a mata, o jardim. As plantações se espalhavam por toda a região e a vida florescia. As flores eram cheias de cores, as folhas verdejantes, as árvores gigantes, e o ar exuberante. Tudo era vida e amor.




Nesse mundão esverdeado não havia barulho, só silêncio que as vezes era quebrado pelo soprar do vento, as folhas do coqueiro balançando, as palmeiras se agitando e tudo mais refrescando.



O rio corria solto para o encontro do mar. O sol brilhava tanto para dar mais vida no pomar e a lua chegava sorrateira logo após o sol se deitar. Mas houve uma quebra do silêncio, a presença do ser humano chegou a quebrar esse encantamento, e o homem severo deu fim no firmamento.




Começou derrubando árvores, queimando o mato para construir casas, apartamentos, edifícios. E o concreto se espalhou em todas as direções. As plantas gemiam, sofriam a devastação. Mas o homem nem socorria, queria mais espaço para construção.



Cada vez mais o verde foi desaparecendo e a fumaça da indústria crescendo. A poluição chegou forte, os rios ficaram à deriva, na morte. Foi secando, secando a toda sorte.




E logo o que era verde amarronzou-se em todo sertão. A vida verde se apagou em muitas regiões. Mas a natureza não aguentou tanta devastação. Reuniu todas as árvores mais resistentes, espalhando sementes pelo poente e semeando a terra novamente.



Primeiro foi crescendo no norte, depois no sul, ao chegar na cidade, o chão tremeu de verdade, e a natureza reclamou seu espaço na cidade.




As casas foram tombando, a enchente dos poucos rios foram chegando, o mar se aproximando e depois tudo foi se arrumando.



O homem que devastou agora agoniza no morro, as terras se abrindo, buracos negros surgindo e a morte emergindo. Logo tudo virou cinzas e pó. Ressurgindo a natureza feito nó. Nó de galhos secos revigorados, plantas verdes nos telhados e todo verde revigorado.



Agora volta o silêncio. O sol brilhou novamente e a selva tomou de volta o que era seu. Nesse planeta, o verde rejuvenesceu.




Nada mais para se dizer, o silencio cresceu.



E a vida verde se estabeleceu. Dou ponto final  nessa história que o verde venceu. Não se toma de ninguém aquilo que é seu! (Gutemberg Cruz. Outono de 2014)

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