08 junho 2006

Adroaldo Ribeiro Costa

Teatrólogo, escritor, compositor, professor e jornalista. Adroaldo Ribeiro Costa nasceu em Salvador no dia 13 de abril de 1917. Viveu a infância, a adolescência, a juventude e parte da mocidade em Santo Amaro da Purificação, por isso era considerado por muitos, santamarense. Fez os cursos primário e ginasial em Santo Amaro. Diplomado em Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Bahia, começou o exercício da advocacia. Muito cedo, todavia, o magistério o absorveu. Promovia, com os alunos, atividades literárias, artísticas e esportivas, no Ginásio Santamarense, enquanto ensaiava seus primeiros passos jornalísticos nos jornais locais. Transferindo residência para sua cidade natal, Adroaldo ampliou e aprofundou essas atividades. Depois de lecionar em vários estabelecimentos particulares, ingressou no magistério oficial, tendo dirigido grandes colégios como o João Florêncio Gomes e o Instituto Central de Educação Isaías Alves, além do Serviço Estadual de Assistência a Menores.

Ainda menino, Adroaldo gostava de teatro, rádio e, sua primeira iniciativa, aconteceu em Santo Amaro da Purificação. Professor no Maristas e na escola Reminghton, lecionava História na Faculdade de Ciências Econômicas. Foi então convidado pelo general Renato Onofre Aleixo, então interventor da Bahia, para ocupar o setor de rádio-teatro da Rádio Sociedade da Bahia. Ele se propõe a realizar quatro programas: um para as crianças, outro para a juventude, o terceiro para os universitários e o último para professores. Foi ao ar aquele dedicado às crianças, com o estímulo do secretario de Educação, Aristides Novis. A Hora da Criança foi criada como um programa de rádio a 25 de julho de 1943 e era levado ao ar com a participação das próprias crianças e com o som do maestro Agenor Gomes. A importância da Hora da Criança pode ser medida pelos nomes que por lá passaram em menino, hoje exercendo as mais diversas atividades em todos os campos da sociedade local. O compositor Gilberto Gil (o Beto, tocador de sanfona nas quadrilhas de São João), as primeiras integrantes do Quarteto em Cy (Cyva, Cybele, Cylene e Cynara), os cineastas Glauber Rocha e Paulo Gil Soares, o artista plástico Ângelo Andrade, o professor Carlos Petrovich, Iêda Olivaes, Remy de Souza, Nair Lauria, Josélia Almeida, o artista plástico Juarez Paraíso e Lúcia Spinelli, o economista Jairo Simões, a escritora Bárbara Vasconcelos, o publicitário Fernando Passos, o poeta Fred Souza Castro e muitos outros. Em 1953, a Hora da Criança foi transformada em sociedade civil.

No dia 22 de dezembro de 1947, Adroaldo inaugurava o Teatro Infantil Brasileiro, com a encenação da opereta Narizinho, no Teatro Guarani, espetáculo assistido pelo próprio Monteiro Lobato. No campo do teatro apresentou peças que atraíam caravanas de vários pontos do país, como Infância, Enquanto nós Cantarmos, Monetinho (a última peça, representada em 1975, no TCA, tratava do abandono da criança no próprio lar), Timidi, Nossa Árvore Querida, entre outras. Durante 20 anos, editou o tablóide A Tarde Infantil - começou em 1955 -, apresentou duas séries de programas na TV Itapoan, organizou o I Salão Infantil Baiano de Artes Plásticas, gravou três elepês - os 20 Anos da Hora da Criança, Navio Negreiro e Hora de Cantar.

Além de teatrólogo, escritor, professor, Adroaldo Ribeiro Costa era jornalista por vocação e durante longos anos ocupou o posto de editorialista do jornal A Tarde, sempre com equilíbrio, muita inteligência e bravura no emitir opinião e sustentá-las em quaisquer circunstâncias. Era o que se pode chamar um jornalista nato. Foi, durante 30 anos, o cronista que publicou diariamente sua Conversa de Esquina. Fez parte da diretoria da ABI no período de 1978/84 e diretor da Casa de Ruy Barbosa de 1976/78. Começou a assinar uma crônica diária, a princípio sob o título de Conversa de Esquina. Em 1968 ele reuniu 50 crônicas e lançou no livro Conversas de Esquina (pela Editora Itapuã), em seguida publicou Oração à Juventude e em 1982, Igarapé- História de uma Teimosia, narrando seu trabalho junto à criança. Escrevia crônicas para o jornal O Imparcial com o pseudônimo de Drodoala. Profundamente ligado à Santo Amaro da Purificação, da sua Câmara de Vereadores recebeu, em 1983, o título de cidadão da cidade.

Compositor primoroso, contam-se às dezenas os seus trabalhos, letras e melodias como Valsa da Chuva, Cantiga do Verão, Totozinho, Sonho de Bruxa, entre outras, além do resgate de uma infinidade de cantigas de roda, mantidas intactas em seus estribilhos e com adaptações em versos e desenhos musicais que criou, em perfeito casamento. Fundou, com a professora Denise Tavares, a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato. Foi professor e diretor do então Instituto Normal da Bahia, hoje ICEIA, em cujo palco suas peças eram encenadas, dirigiu a Fundação de Amparo aos Menores da Bahia, membro do Conselho de Cultura do Estado, foi agraciado nos anos 80 pela Secretaria de Educação e Cultura com a medalha Barão de Macaúbas, destinada àqueles que têm grandes serviços prestados à causa de educação e da cultura. Compôs o Hino do Esporte Clube Bahia, era um animador do esporte amador.

Durante 35 anos, o programa Hora da Criança foi escutado por milhares de pessoas da capital e do interior do estado. Paralelo ao sucesso radiofônico, o projeto educacional infantil se abalizava no teatro, dança, música e artes plásticas. O último programa de rádio foi transmitido aos baianos pela Rádio Cultura, em 1978. A notícia da morte do professor Adroaldo Ribeiro Costa provocou profunda consternação na cidade. Ele faleceu no dia 27 de fevereiro de 1984 e foi sepultado no Campo Santo. Adroaldo caracterizou sua atuação na imprensa, no teatro, na música, no esporte, na história, nas letras e na intransigente defesa do nosso patrimônio com irrepreensível honestidade, aliado a este predicado a bondade, o espírito público e o notável bom senso.

7 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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Unknown disse...

Gutemberg, atualmente tem centrado a minha ação profissional em resgatar um ideal tão maravilhoso do nosso querido Adroaldo. Estou dirigindo uma unidade escolar que tem o nome dele e fica aqui no resgate. Estamos completando 25 anos e com isso estamos buscando com toda força montar uma radio e espero que possamos fazer isso com a qualidade que Adroaldo sempre sonhou. Convido vc para comemorar conosco os 25 anos, dia 14/08, às 18:00, me liga 3384-2540

Olhos de Mel disse...

Gutemberg, esse batalhador da educação, deveria ser bem mais exaltado, que muitos e no entanto, ficou esquecido. Lembro das Olímpíadas da Primavera, na década de 60, que tanto fez vibrar a juventude de nossa terra, pela alegria dos jogos, do desfile maravilhoso da abertura, etc... Ainda lembro do hino maravilhoso, de sua autoria. Já procurei em vários lugares e não consegui encontrar.
Belo blog! Parabéns pelo belo post!

Lúcia Laborda

Edvaldo Puridade Teixeira disse...

Guetemberg,é lamentável que nome como esse esteja tão esquecido pelos poderes púlblicos, é mais um nordestino que muito contrbuiu para engrandecimento cultural desse pais lançado no esquecimento.

Nogueira disse...

Como sempre a educação em segundo plano.A Hora da Criança é fundamental para formação educacional de qualquer criança.Tive o prazer de conhecer o Professor Adroaldo na HC do ST Antonio Alem do Carmo,gostaria que todos Brasileiros tivessem a oportunidae de conhecer a Hora da Ciança é ótimo.

Unknown disse...

Obrigada pelas informações, Gutemberg. Neste ano de 2017, comemoraremos o centenário de PROFESSOR Adroaldo. Fui aluna dá Hora da Criança no Santo Antônio e devo muito do que aprendi a esta escola da Arte.