14 junho 2006

Freud, fundador da psicanálise

Quase todo mundo já ouviu falar em Sigmund Freud (1856/1939), psicólogo austríaco, fundador da psicanálise. Agora vamos conhecer um pouco mais do seu estudo. Ao criar a psicanálise, revelando o papel desempenhado pelos elementos do inconsciente psíquico em todos os domínios da atividade humana, exerceu no pensamento moderno uma influência extraordinária. Começou como neurologista e se tornou o pai da psicanálise. Sua contribuição para a sexologia foi ter a coragem de levar o sexo a sério durante um período em que os outros se esquivavam de qualquer pesquisa ou discussão sobre o assunto. Suas idéias estabeleceram a estrutura do pensamento do século XX acerca da mente, da natureza humana, da condição humana e das perspectivas para a felicidade humana.

Freud inicia seu pensamento teórico assumindo que não há nenhuma descontinuidade na vida mental. Ele afirmou que nada ocorre ao acaso e muito menos os processos mentais. Há uma causa para cada pensamento, para cada memória revivida, sentimento ou ação. Cada evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente e é determinado pelos fatos que o precederam. Uma vez que alguns eventos mentais "parecem" ocorrer espontaneamente, Freud começou a procurar e descrever os elos ocultos que ligavam um evento consciente a outro. O ponto de partida dessa investigação é o fato da consciência

O inconsciente, por sua vez, não é apático e inerte, havendo uma vivacidade e imediatismo em seu material. Memórias muito antigas quando liberadas à consciência, podem mostrar que não perderam nada de sua força emocional. Assim sendo, para Freud a maior parte da consciência é inconsciente. Ali estão os principais determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica, as pulsões e os instintos.

Foi a necessidade da luta pela existência, segundo Freud, o determinante na organização da civilização na forma de dominação e de repressão. Foi ela que impôs o controle repressivo dos instintos sexuais, domesticando suas tendências polimorfas anárquicas para a função genital reprodutora, condenando como tabu as “perversões”, onde se esbanjaria a energia sexual: o corpo humano se torna força de trabalho. Para ele a conduta humana é por sua própria natureza baseada em motivos vis, assassinos, incestuosos. Golpeou a tese esclarecida segundo a qual os seres humanos são basicamente bons. A perversão sexual (e pior) estava em toda parte, precariamente reprimida. A infelicidade era inevitável e a causa era a própria civilização.

A teoria freudiana da sexualidade informa que a libido existe em nós desde o nascimento. A partir dela organizam-se as relações entre dois princípios: o do prazer (querer imediatamente algo satisfatório e quere-lo cada vez mais) e o da realidade (compreender e aceitar que nem tudo o que se deseja é possível, e se for possível, nem sempre é imediato). O princípio de realidade é o que nos ensina a tolerar as frustrações. Também da libido nascem dois princípios antagônicos que lutam em nosso inconsciente: Eros (do grego, amor) e Thânatos (do grego, morte), um princípio de vida ou vital e outro de morte, ou mortal. Esses dois princípios tornam o princípio do prazer extremamente ambíguo, pois o prazer não estará necessariamente vinculado a Eros, mas, de modo profundo, a Thânatos.

Os homens vivem perseguindo a felicidade, afirma Freud. E, para isso, devem esquivar-se da dor e sofrimento, e procurar sensações agradáveis. Porém, eles não podem ser felizes. A vida em sociedade obriga-os a reprimir seus instintos de prazer. Para Freud, a repressão e a sublimação dos instintos sexuais corresponde a uma condição necessária para a vida em sociedade. A maior dor que sente um ser humano é nascer. Sair do aconchego e do repouso uterino, separar-se do corpo materno. Thânato é o princípio profundo de desejo de não-separação, de retorno à situação uterina. Por isso é tão potente, mais poderoso do que Eros, que nos força a viver.

A libido se manifesta de formas múltiplas em nossa vida. E Freud classificou as fases da libido, segundo a origem do prazer, as regiões prazerosas do corpo (zona erógenas) e os objetos (escolha de objeto) que são sentidos como os mais prazerosos. A primeira fase é oral: o prazer vem do ato de comer ou sugar, da ingestão de alimentos; as zonas erógenas principais são os lábios e a boca; os objetos escolhidos são os seios e seus substitutos (dedo, chupeta...). A prova de que a fase oral não desaparece para muitos de nós, mas realiza uma fixação, está na existência dos fumantes, dos que gostam de beber, fazer discursos e no chamado sexo oral.

A segunda fase é anal: a fonte do prazer é expelir ou reter as fezes. A fixação dessa fase na vida adulta aparece nos pintores, escultores, nas pessoas generosas, avarentas, e no chamado sexo anal. A terceira e última fase é a fálica ou genital: a origem e o lugar do prazer (as zonas erógenas) são os órgãos genitais, há gosto pela masturbação e é o momento do exibicionismo e da curiosidade infantil. É nessa fase, entre três e quatro anos, que Freud localiza o surgimento do complexo de Édipo – rede intrincada de afetos e fantasias que a criança possui ao perceber que faz parte de uma tríade ou relação triangular constituída por ela, pela mãe e pelo pai.

2 comentários:

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