Viabilizada através de financiamento coletivo no Catarse em 2019, Marighella #LIVRE da Editora Draco traz a história do revolucionário comunista Carlos Marighella desde a década de 1930, em meio à ditadura de Getúlio Vargas até a sua morte, em 1969. O roteiro é de Rogério Faria e arte de Ricardo Sousa nas duas primeiras histórias, e Jefferson Costa na última. A HQ percorre diversos momentos de Marighella e é baseada em diversas obras e relatos, como a biografia Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo, de Mário Magalhães. Há também muito material de pesquisa em arquivos públicos, como jornais e revistas da época. O prefácio é de Cynara Menezes e posfácio de Luis Nassif. A capa é fruto de uma colagem, feita pelo artista Phillzr, com milhares de pedaços de papel que remontam uma das mais famosas fotos de Marighella.
A obra conta três diferentes histórias da
trajetória do ativista, começando pela prisão e tortura que viveu aos 24 anos,
em 1936 e foi torturado na véspera do que seria o Estado Novo em 1936; nos Anos
de Chumbo da ditadura civil militar iniciada em 1964 quando levou um tiro no
peito e enfrentou 14 policiais; pós AI-5, quando foi executado em 1969.
O gibi destaca ainda o legado do
personagem para os dias de hoje. “Esta é uma HQ maldita. O simples nome
Marighella é capaz de despertar o ódio de um povo sem consciência de classe e
ignorante da sua própria história de luta. Uma eficiente estratégia de
manipulação dos seus verdadeiros inimigos, aqueles que detêm o poder”, diz o
texto de apresentação da obra. “Marighella é uma ideia. Uma ideia de
insubordinação, de revolta. Seus ideais de igualdade e justiça valiam mais que
a própria vida. E, mesmo hoje, ele ainda vive, ainda inspira.”
Homem simples, que nessas breves histórias
sequer tinha chance de discursar. Sua voz é resumida nos momentos onde lhe
faltava fôlego, mas nas suas ações sobrava verve e vontade de lutar. Uma vida
poética e inspiradora, que mira a revolução como única alternativa a classe
trabalhadora. Ricardo Souza, artista que produziu duas das três histórias em
quadrinhos que o livro retrata, conta que o fato de desenhar, sobretudo, a
história de um jovem que tinha ideais de liberdade, foi o que mais lhe fez
querer compor o projeto da HQ junto com Rogério.
Para Ricardo, o processo de conhecer
Marighella vêm de antes do projeto da HQ. “Eu fui me interessar mesmo pelo
Marighella quando o Racionais lançou o clipe ‘Mil Faces de Um Homem Leal’. E aí
eu fui estudar e entender um pouco mais sobre Marighella”. Carlos Marighella,
como diz Mano Brown, corresponde a um homem de mil faces, leal às suas ideias
revolucionárias, que dedicou sua vida pela liberdade e pela soberania do
Brasil, assim como pela possibilidade da construção de uma democracia e contra
toda a forma de opressão e de domínio dos povos e dos territórios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário