04 fevereiro 2019

Filhos de Gandhy comemora 70 anos de fundação


O bloco de afoxé Filhos de Gandhy – coletivo masculino fundado em 18 de fevereiro de 1949 com inspiração na ideologia pacifista do ativista indiano Mahtama Gandhi (1869 – 1948) – comemora 70 anos de fundação.





Em 1949 os estivadores do cais de Salvador, praticantes do candomblé, fundam o afoxé Filhos de Gandhy. A idéia de formar o afoxé surgiu durante uma greve nos portos ingleses que deixou a estiva de Salvador sem trabalho por alguns dias. A mensagem do líder indiano Mahatma Gandhi, assassinado em 1948 chegou aos ouvidos dos estivadores. Assim, com 40 homens que tinham fama de feiticeiros e valentões o Filhos de Gandhy saiu pela primeira vez no carnaval de 1949.

 


Os lençóis brancos serviram de turbante e os vidros de alfazema foram utilizados como banho de cheiro. Os colares de contas já estavam colados ao corpo daqueles negros religiosos. O nome de Gandhi foi adotado porque era o precursor da paz no mundo. O grupo já chegou a reunir dez mil homens na avenida. A grande mancha branca no asfalto negro da cidade emociona a todos. O imenso tapete branco leva uma imagem de incrível força e beleza, e se mantêm vivo e fiel a todos os elementos rituais.

 


Os componentes dos Filhos de Gandhy baseiam seu som no ritmo da percussão e em cânticos na língua africana iorubá. Eles se vestem com lençóis e toalhas brancos que simbolizam as vestes indianas.  Além da roupa e do turbante, usam colares azuis e brancos e perfume de alfazema. Quem assiste ao cortejo, acaba ganhando de presente os famosos colares como forma de se desejar a paz.



O Afoxé Filhos de Gandhy reúne mais de 10 mil membros. Entre as celebridades que costumam a participar do seu cortejo carnavalesco estão celebridades como Gilberto Gil e Carlinhos Brown. Gil gravou em 1977 a Patuscada do Gandhy (Arivaldo Fagundes Pereira) projetando-o país afora. Tornou-se uma espécie de padrinho oficial.

 


O Gandhy, nas ruas de Salvador, cultua uma das nações que é a Ijexá, impregnando a avenida com o ritmo peculiar e cadenciado dessa nação, ofertando ao público maçãs, peras, uvas, alimentos que representam a limpeza do corpo, da aura, perfumando as ruas com sua alfazema, transformando a avenida em um imenso tapete branco simbolizando a bandeira da paz. No desfile são utilizadas algumas alegorias que relembram o sentimento de Mahatma Gandhi: o elefante, símbolo da força que teve para não curvar-se diante do poder inglês; o camelo, símbolo da resistência que manteve fiel aos ideais de liberdade mesmo quando preso; a cabra, símbolo da vida porque através do leite pode recuperar as forças e continuar a peregrinação em favor da liberdade do povo indiano.

 


Após alguns anos de quase invisibilidade na mídia, o Afoxé Filhos de Gandhy sem perder o contato com a tradição e de olho no futuro, adotou novas tecnologias tanto administrativas quanto estéticas, visando potencializar a sua imagem diante dos meios de comunicação existentes e um contato maior com formadores de opinião e seus associados. O Afoxé Filhos de Gandhy tem como missão através do entretenimento, pregar a paz e abrigar em seu ambiente, pessoas de todos os credos, condições sociais e raças e ser referência nacional e internacional de uma organização divulgadora dos preceitos de paz

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