O bloco de afoxé Filhos de Gandhy –
coletivo masculino fundado em 18 de fevereiro de 1949 com inspiração na
ideologia pacifista do ativista indiano Mahtama Gandhi (1869 – 1948) – comemora
70 anos de fundação.
Em 1949 os estivadores do cais de
Salvador, praticantes do candomblé, fundam o afoxé Filhos de Gandhy. A idéia de
formar o afoxé surgiu durante uma greve nos portos ingleses que deixou a estiva
de Salvador sem trabalho por alguns dias. A mensagem do líder indiano Mahatma
Gandhi, assassinado em 1948 chegou aos ouvidos dos estivadores. Assim, com 40
homens que tinham fama de feiticeiros e valentões o Filhos de Gandhy saiu pela
primeira vez no carnaval de 1949.
Os lençóis brancos serviram de turbante e
os vidros de alfazema foram utilizados como banho de cheiro. Os colares de
contas já estavam colados ao corpo daqueles negros religiosos. O nome de Gandhi
foi adotado porque era o precursor da paz no mundo. O grupo já chegou a reunir
dez mil homens na avenida. A grande mancha branca no asfalto negro da cidade
emociona a todos. O imenso tapete branco leva uma imagem de incrível força e
beleza, e se mantêm vivo e fiel a todos os elementos rituais.
Os componentes dos Filhos de Gandhy
baseiam seu som no ritmo da percussão e em cânticos na língua africana iorubá.
Eles se vestem com lençóis e toalhas brancos que simbolizam as vestes
indianas. Além da roupa e do turbante,
usam colares azuis e brancos e perfume de alfazema. Quem assiste ao cortejo,
acaba ganhando de presente os famosos colares como forma de se desejar a paz.
O Afoxé Filhos de Gandhy reúne mais de 10
mil membros. Entre as celebridades que costumam a participar do seu cortejo
carnavalesco estão celebridades como Gilberto Gil e Carlinhos Brown. Gil gravou
em 1977 a Patuscada do Gandhy (Arivaldo Fagundes Pereira) projetando-o país
afora. Tornou-se uma espécie de padrinho oficial.
O Gandhy, nas ruas de Salvador, cultua uma
das nações que é a Ijexá, impregnando a avenida com o ritmo peculiar e
cadenciado dessa nação, ofertando ao público maçãs, peras, uvas, alimentos que
representam a limpeza do corpo, da aura, perfumando as ruas com sua alfazema,
transformando a avenida em um imenso tapete branco simbolizando a bandeira da paz.
No desfile são utilizadas algumas alegorias que relembram o sentimento de
Mahatma Gandhi: o elefante, símbolo da força que teve para não curvar-se diante
do poder inglês; o camelo, símbolo da resistência que manteve fiel aos ideais
de liberdade mesmo quando preso; a cabra, símbolo da vida porque através do
leite pode recuperar as forças e continuar a peregrinação em favor da liberdade
do povo indiano.
Após alguns anos de quase invisibilidade
na mídia, o Afoxé Filhos de Gandhy sem perder o contato com a tradição e de
olho no futuro, adotou novas tecnologias tanto administrativas quanto
estéticas, visando potencializar a sua imagem diante dos meios de comunicação
existentes e um contato maior com formadores de opinião e seus associados. O
Afoxé Filhos de Gandhy tem como missão através do entretenimento, pregar a paz
e abrigar em seu ambiente, pessoas de todos os credos, condições sociais e
raças e ser referência nacional e internacional de uma organização divulgadora
dos preceitos de paz
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