Humor, aventura, lendas urbanas e
folclore brasileiro no formato de história em quadrinhos. Assim é o álbum
Zeladores. Produzida por Roberto d’Avila, com arte de Anderson Almeida (Mr.
Guache) e roteiro de Nathan Cornes, Zeladores traz personagens míticos e seu
universo lendário para o nosso tempo, os coloca no contexto urbano de São Paolo
- cidade fictícia baseada na capital paulista – e brinca com o reconhecimento
de lugares, pessoas e eventos reais em meio a acontecimentos bombásticos.
Os autores criaram suas versões para a
história de personagens do folclore brasileiro, como Zé Pilintra, protagonista
de Zeladores. Malandro, afrodescendente, habitante da noite e da boemia, é o
mais humano dos seres do imaginário popular brasileiro. Acompanhado pelo melhor
amigo – Opala 78, detetive paranormal – Zé Pilintra protege São Paolo de
ameaças mágicas, agindo como um xerife do além. Nesta edição, ele enfrenta uma
banda funk, reencontra o homem que o matou e visita a Caroxinha, o Barbarruiva
e a Mulher de Branco, antes de ser invocado por uma bruxa e o Lobisomem verde
dela. Isso tudo no primeiro terço da história.
A ficção propõe uma nova roupagem para
as lendas e personalidades folclóricas brasileiras. Trazendo os mitos para o
nosso tempo e os colocando no contexto urbano de São Paolo. O herói da história
é a entidade sobrenatural Zé Pilintra, protetor da cidade de São Paolo (com
"o" mesmo). Pilintra detém uma bengala que lhe dá força espiritual
para cuidar da cidade.
Ramalho, um ex-traficante de escravos
que adquiriu a imortalidade e, para variar, quer dominar o mundo, pretende
libertar o deus Anhagá, aprisionado em um lugar desconhecido. Para localizá-lo
e libertá-lo, Ramalho precisa da bengala. Ele já teve a bengala uma vez, quando
conseguiu a façanha de matar Zé Pilintra, e agora ambos terão de se confrontar
novamente para um tira-teima.
A história começa bem, mas perde o
fôlego no meio. O leitor não se identifica com qualquer dos personagens, todos
entidades sobrenaturais impiedosas, verdadeiros monstros. O que resgata o
trabalho do simples pastiche são as citações à mitologia brasileira de fundo
africano e indígena, que deve ser o que garantiu a simpatia da Secretaria da
Cultura para aprovar o financiamento da obra. Essa história em quadrinhos foi
contemplada pelo PROAC - programa de apoio a cultura da Secretaria do Estado de
São Paulo - e publicada por uma editora especializada, a Devir Editora em 2010,
mas também está disponível online para quem não pode adquirir a versão
impressa.
O desenho de Mr. Guache (Anderson
Almeida) é moderno e de cores vibrantes, com uma estilização forte e angulosa.
O argumento, do espanhol Nathan Cornes, tem contornos míticos e cosmológicos de
textura lovecraftiana.
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