O mundo sensorial é ilusório.
Esse mundo das paixões e desejos é o mundo que vemos e percebemos.
Real seria o
mundo das propriedades matemáticas que só podem ser descobertas pelo intelecto.
É o que pensava Lévi-Strauss. Charles de Bovelles afirmou que há três olhos – o
olho angélico, o olho humano e o olho animal, a saber, o intelectual, o
racional e o sensível. Os dois mais potentes estão admitidos à contemplação de
Deus, o sol natural de cada um deles. Mas o olhar angélico percebe Deus na luz,
enquanto o olhar humano o percebe na sombra.
Há os olhos do corpo e os olhos
do espírito, segundo Bovelles. Os primeiros -
a que chama de olhos mundanos – são esferas perfeitas que “não podem ver
toda a superfície da esfera”, excitados pela luz e pela cor apenas “em metade
de sua esfera, aquela voltada para o mundo”, mas “cegos por natureza em sua
outra metade, aquela presa no interior da cabeça”. A Natureza não lhe deu a
visão interior. O homem ganhou o primeiro olhar. Deve conquistar o segundo
através da sabedoria ou ciência de si mesmo.
O olhar também foi considerado
perigoso. Basta conhecer a história das filhas e a mulher de Ló, transformadas
em estátuas de sal. Ou Orfeu perdendo Eurídice. Narciso perdendo-se de si
mesmo. E Édipo cegando-se para ver o que, vidente, não podia enxergar. Ou mesmo
Perseu defendendo-se da Medusa forçando-a a olhar-se. E os índios, recusando
espelhos, pois sabem que a imagem refletida é sua própria alma que a perderão
se nelas e nele depositarem o olhar. Olhar é, ao mesmo tempo, sair de si e
trazer o mundo para dentro de si.
O uso das palavras que expressam
o olhar é bem diversificado. O povo diz “Olho gordo” quando há sinais de
ganância. Se o desejo é voraz o olho é comprido. Olho de sapo é olho parado,
olho de peixe morto. Olho de lince é agudo, terno é olho de pomba, infiel ou
suspeito é olho de gato, tímido é olho de coelho, cruel é olho de cobra,
sensual é olho de macaca. Assim, a expressão do olhar busca e acha suas
metáforas no ser vivo. O olhar é muito mais do que função fisiológica, é uma
linguagem forte, um universo carregado de sentido. O universo do olhar é vasto
e misterioso.
O homem de hoje é um ser
predominantemente visual. A maioria das informações que ele recebe lhe
vem por
imagens. O mundo se dá ao olho humano (segundo o discurso de Epicuro e de
Lucrécio), porque a natureza desenvolve um movimento constante, veloz,
desprendendo da superfície dos seres os simulacros, figuras que duplicam
sutilmente a forma superficial das coisas. Assim os simulacros vêm ao encontro
dos nossos olhos, trazidos que são pelos raios da luz solar, estelar ou lunar.
Os olhos recebem passivamente, com prazer ou desprazer, contanto que estejam
abertos. O efeito desse encontro chama-ser conhecimento. Para conhecer basta
abrir bem os olhos em um espaço iluminado e acolher os ícones do mundo. Assim,
conhecer é estar imerso em um oceano de partículas cintilantes e nele
engolfar-se sensualmente. Assim, segundo os filósofos antigos, conhecer é ser
invadido e habitado pelas imagens errantes de um cosmos luminosos. Para eles a
vida é um percurso de luz e morrer é perder a luz. Assim, viver é olhar essa
luz, por breve mas belo tempo. Mas o olhar que vê o nascer para a luz contempla
também o mergulhar na treva.
HUMOR GRÁFICO NA BAHIA
Uma exposição com as obras dos precursores do grafismo baiano (cartum,
caricatura, charge e quadrinhos) até os dias atuais é de grande necessidade
para o grande público (jovem e adulto).
É necessário apresentar ao público a história desses artistas que
continuam invisíveis e são importantes no registro dos acontecimentos
históricos e sociais.
Por esse motivo, vamos apresentar em 2015 uma grande exposição de humor
gráfico na Bahia e queremos a participação de todos os artistas.
Paraguassu, K-Lunga, Tischenko, Sinézio Alves, Fernando Diniz, Theo,
Lage, Setubal, Nildão, Ruy Carvalho, Cedraz, Cau Gomez, Bruno Aziz, Valterio,
Flavio Luis, Luis Augusto, Valmar Oliveira, Andre Leal, Angelo Roberto, Eduardo
Barbosa, Gentil, Jorge Silva, Carlos Ferraz, Helson Ramos, Hector Salas, Tulio
Carapiá, Sidney Falcão são alguns dos artistas cujas obras estarão na mostra.
Participe, colabore. Contato: gutecruz@bol.com.br
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Quem desejar adquirir o livro Bahia
um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda
nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro
(Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola
Negra (Barris em frente a Biblioteca Pública), na Midialouca (Rua das
Laranjeiras, 28, Pelourinho. Tel: 3321-1596) e Canabrava (Rua João de Deus, 22,
Pelourinho). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra
encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho.
Tel: 3347-4929.
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