Na atual sociedade do espetáculo
em que vivemos, do narcisismo industrializado, é preciso pensarnão apenas o
que vemos, mas como vemos. Ver, atualmente, está ao lugar do ser, perdemos
outras dimensões da existência, pois segundo a filosofia oriental, cada um se
torna o que contempla. É preciso pensar em “como vejo” para ser capaz de
entender sua participação como sujeito do conhecimento. Porque se você vê pelos
olhos de outros, alguém lhe obrigou a ver o que você nem sequer teve chance de
escolher. No momento em que alguém viu no seu lugar e lhe impôs sua visão, você
compactuou com o visto sem chance de escapar ao imposto. É preciso ter cuidado
com esse olho devorador que tudo quer abarcar nessa sociedade de vigilância, de
televisões e monitores por todos os lados a vender imagens declaradamente
marcadas pela brutalidade da persuasão e da sedução. Esse sim é o olhar
perverso, marcado por sua posição absoluta que define a forma do mundo sem
admitir contestação. Esse é o olhar autoritário que impera sobre
outros
proibindo-lhe existência. Um olhar fascista proibe pensar de outro modo, outra
visão. É preciso olhar com atenção, pensar uma ética do olhar.
Para Décio Pignatari, televisão é
olho contra olho, olhar contra olhar, dose diária de um “midiacamento”
insuportável e insubstituível, mistura de elixir e droga, que provoca reações
variadas no paciente, da náusea ao vício e à paixão. Sendo vício, viciado e
vicioso, o olhar da televisão é sectário. Quem não assiste televisão não pertence
à seita dos “haxixins”, é perigoso como qualquer não-sectário. O olho
crocodílico da televisão cola e bricola. Tudo consome, tendo em vista o
consumo.
“A gente se acostuma a morar em
apartamento de fundos e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo ser acostuma a não olhar para fora. E porque não
olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não
abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E a medida que se
acostuma, esquece o sol, esquece o ar,esquece a amplidão”. Esse é um trecho do
livro da escritora Marina Colasanti, “Eu sei, mas não devia”.
“A vista é o que nos faz adquirir
mais conhecimentos, nos faz descobrir mais diferenças”. O texto é de
Aristóteles na abertura da Metafísica. O olhar deseja sempre mais do que o que
lhe é dado ver. Todos os filósofos
falaram sobre o olhar. “A vista – escreveu
Giordano Bruno – é o mais espiritual de todos os sentidos”. O olhar antigo
captou o movimento sob as aparências da matéria corpuscular. O olhar científico
procura descrever a energia. No olhar da Renascença, o olho do pintor convive
harmoniosamente com o olho do sábio. Leonardo da Vinci, pintor-cientista, dá ao
olho o poder de captar a “prima verità” de todas as coisas. “O olho, janela da
alma, é o principal órgão pela qual o entendimento pode obter a mais completa e
magnífica visão dos trabalhos infinitos da natureza”.
Para Hegel os olhos não são
espelhos do mundo e janela da alma, como escreveram Leonardo da Vinci e muitos
renascentistas (ou mesmo o olho do corpo é fonte de pecado, como disse Padre
Antônio Vieira) e
sim o olhar que se impressiona com os acontecimentos
políticos da época, pensar o mundo interior à consciência do mundo e definir o
movimento de constituição da História. O homem sem consciência de si, para si,
é um ser silencioso e vazio. Ele substitui a cegueira da imaginação pelo
pensamento der ver: a consciência e a coisa, o sujeito e o objeto – divisões
brutais que determinam com rigor as esferas do sensível e do pensado, do que vê
e do que é visto.
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HUMOR GRÁFICO NA BAHIA
Uma exposição com as obras dos precursores do grafismo baiano (cartum,
caricatura, charge e quadrinhos) até os dias atuais é de grande necessidade
para o grande público (jovem e adulto).
É necessário apresentar ao público a história desses artistas que
continuam invisíveis e são importantes no registro dos acontecimentos
históricos e sociais.
Por esse motivo, vamos apresentar em 2015 uma grande exposição de humor
gráfico na Bahia e queremos a participação de todos os artistas.
Paraguassu, K-Lunga, Tischenko, Sinézio Alves, Fernando Diniz, Theo,
Lage, Setubal, Nildão, Ruy Carvalho, Cedraz, Cau Gomez, Bruno Aziz, Valterio,
Flavio Luis, Luis Augusto, Valmar Oliveira, Andre Leal, Angelo Roberto, Eduardo
Barbosa, Gentil, Jorge Silva, Carlos Ferraz, Helson Ramos, Hector Salas, Tulio
Carapiá, Sidney Falcão são alguns dos artistas cujas obras estarão na mostra.
Participe, colabore. Contato: gutecruz@bol.com.br
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Quem desejar adquirir o livro Bahia
um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda
nas livrarias LDM (Brotas), Galeria do Livro
(Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola
Negra (Barris em frente a Biblioteca Pública), na Midialouca (Rua das
Laranjeiras, 28, Pelourinho. Tel: 3321-1596) e Canabrava (Rua João de Deus, 22,
Pelourinho). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra
encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho 32, Rio Vermelho.
Tel: 3347-4929.
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