07 março 2008

Música & Poesia

A Seta e o Alvo (Paulinho Moska e Nilo Romero)

Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.

Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.

Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Sempre a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?


Disritimia (Adélia Prado)

Os velhos cospem sem nenhuma destreza
e os velocípedes atrapalham o trânsito do passeio,
O poeta obscuro aguarda a crítica
e lê seus versos, as três vezes por dia,
feito um monge com seu livro de horas.
A escova ficou velha e não penteia.
Neste exato momento o que interessa
são os cabelos desembaraçados.
Entre as pernas geramos e sobre isso
se falará até o fim sem que muitos entendam:
erótico é a alma.
Se quiser, ponho agora a ária na quarta corda,
pra me sentir clemente e apaziguada.
O que entendo de Deus é a sua ira,
não tenho outra maneira de dizer.
As bolas contra a parede me desgostam,
mas os meninos riem satisfeitos.
Tarde como a de hoje, vi centenas.
Não sinto angústia, só uma espera ansiosa.
Alguma coisa vai acontecer.
Não existe o destino.
Quem é premente é Deus.



Não, eu não lamento nada (Non, Je Ne Regrette Rien, de Charles Dumont e Michel Vaucaire na voz de Edith Piaf)

Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é indiferente.

Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Está pago, varrido, esquecido
Dane-se o passado.

Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles.

Varri os amores
Com todos os seus tremores
Varridos para sempre
Vou recomeçar do zero.

Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é indiferente.

Não, absolutamente nada
Não, eu não lamento nada
Pois minha vida, minhas alegrias hoje
Isso tudo começa com você.

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