05 fevereiro 2010

Música & Poesia

Todos os Verbos (Marcelo Jeneci e Zélia Duncan)

Errar é útil
Sofrer é chato
Chorar é triste
Sorrir é rápido
Não ver é fácil
Trair é tátil
Olhar é móvel
Falar é mágico
Calar é tático
Desfazer é árduo
Esperar é sábio
Refazer é ótimo
Amar é profundo
E nele sempre cabem de vez
Todos os verbos do mundo
Abraçar é quente
Beijar é chama
Pensar é ser humano
Fantasiar também
Nascer é dar partida
Viver é ser alguém
Saudade é despedida
Morrer um dia vem
Mas amar é profundo
E nele sempre cabem de vez
Todos os verbos do mundo.


Eros e Psique (Fernando Pessoa)

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.


Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.


A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.



Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.



Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.



E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.



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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)


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04 fevereiro 2010

Devagar se vai ao longe (3)

Mens sana in corpore sano. Pra começar, é preciso mudar a maneira como pensamos. Em vez da reflexão, acontece a reação nessa vida apressada. Qual foi a última vez que você sentou numa cadeira, fechou os olhos e simplesmente relaxou? Pensamento rápido é racional, analítico, linear e lógico. Pensamento devagar é intuitivo, vago e criativo. Relaxar é o primeiro passo para pensar. Pesquisas demonstram que as pessoas pensam de maneira mais criativa quando estão calmas, sem pressa e livre de estresse.


Num provérbio inglês do século 14, o tempo é uma excelente cura. Mas em hospitais e clínicas de todo o mundo, os médicos sofrem pressão para apressar o atendimento dos pacientes. Em muitos consultórios de clínico geral a duração de uma consulta fica e,m torno de seis minutos. O resultado é uma cultura médica baseada na rapidez. Em vez de se dar tempo para ouvir os pacientes, avaliar todos os aspectos de sua saúde, de seu estado de ânimo e de seu estilo de vida, o médico convencional tende a se aferrar aos sintomas. Muitas vezes recorrem à tecnologia – medicação, cirurgia, etc. Num mundo em que cada segundo parece contar, todos queremos (não, esperamos) ser diagnosticados, tratados e curados o mais rapidamente possível. Muitas vezes a velocidade é crucial na medicina, mas como em tantas outras áreas da vida, mais rápido nem sempre quer dizer melhor.

SEXO

O mundo moderno está saturado de sexo. Dá a impressão de que está todo mundo fazendo o tempo todo. Só que não está. Embora passemos boa parte do dia vendo, falando, fantasiando, fazendo piada e lendo sobre sexo, a verdade é que passamos muito pouco tempo fazendo sexo mesmo. Muitos dedicam escassa meia hora por semana a fazer amor. E quando finalmente passamos à ação, muitas vezes a coisa já acabou antes de começar para valer. O sexo rápido não é uma invenção moderna – remota a um passado distante. Certas religiões ensinavam que o coito servia para procriação, e não para recreação: o marido devia subir, cumprir o dever e descer. Já o mundo moderno tende a abraçar a tese de Woody Allen de que o sexo é a coisa mais divertida que se pode fazer sem rir. Mas hoje, no fim de um dia de trabalho duro, a maioria das pessoas está cansada demais para fazer sexo.

Nossa cultura da pressa ensina que chegar ao destino é mais importante que fazer a viagem – e o sexo é afetado por essa mesma mentalidade da meta de chegada. Muitas mulheres não sentem desejo ou prazer sexual e a indústria farmacêutica insiste em que uma pílula tipo Viagra pode resolver tudo. A mulher precisa de mais tempo para se estimular por isso que a maioria delas prefere um amante com a mão vagarosa. Tudo isso está na obra de Carl Honoré, o livro Devagar.

Se você quer desacelerar, é melhor começar aos poucos. Primeiro, improvise uma refeição. Dê uma caminhada com um amigo em vez de ir correndo para o shopping comprar coisas de que não precisa realmente. Leia os jornais sem ligar a televisão. Comece a fazer massagens quando estiver fazendo amor. Ou simplesmente reserve alguns minutos para ficar tranquilamente sentado num lugar sossegado (vendo o por do sol, por exemplo). Faça uma reavaliação do seu horário de trabalho. Comece a relaxar e refletir mis sobra a vida que leva.

E para encerrar, só mesmo lendo/ouvindo a composiçõ de Almir Sater e Renato Teixeira: Tocando em Frente: “Ando devagar porque já tive pressa/ Levo esse sorriso porque já chorei demais/ Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe/ Só levo a certeza de que muito pouco eu sei/ Eu nada sei// Conhecer as manhas e as manhãs,/ O sabor das massas e das maçãs,/ É preciso amor pra poder/ pulsar,/ É preciso paz pra poder sorrir,/ É preciso a chuva para florir// Penso que cumprir a vida seja simplesmente/ Compreender a marcha e ir tocando em frente/ Como um velho boiadeiro levando a boiada/ Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou/ Estrada eu sou// Conhecer as manhas e as manhãs,/ O sabor das massas e das maçãs,/ É preciso amor pra poder pulsar,/ É preciso paz pra poder sorrir, / É preciso a chuva para florir// Todo mundo ama um dia./Todo mundo chora/ Um dia a gente chega/ e no outro vai embora// Cada um de nós compõe a sua história/ Cada ser em si carrega o dom de ser capaz/ De ser feliz// Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs/ É preciso amor pra poder pulsar,/ É preciso paz pra poder sorrir, /É preciso a chuva para florir// Ando devagar porque já tive pressa/ E levo esse sorriso porque já chorei demais/ Cada um de nós compõe a sua história,/ Cada ser em si carrega o dom de ser capaz/ De ser feliz”
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

03 fevereiro 2010

Devagar se vai ao longe (2)

A vida de correrias acaba se tornando superficial. E as crianças são talvez as primeiras vítimas da orgia de aceleração. Estão crescendo maiôs rapidamente que nunca. Hoje, muitas crianças vivem tão ocupadas quanto os pais. Levar a vida como se fossem adultos deixa muito pouco tempo para as crianças desfrutarem o que faz realmente a infância: andar com os amigos, brincar sem supervisão de adultos, sonhar de olhos abertos.

Para o autor desse “slow movement”, o jornalista canadense Carl Honoré (na obra Devagar, Record), depressa é agitado, controlador, agressivo, apressado, estressado, superficial, impaciente, ativo, quantidade-mais-que-qualidade. Divagar é o oposto: calmo, cuidadoso, receptivo, tranqüilo, intuitivo, sereno, paciente, reflexivo, qualidade-mais-que-quantidade. Um século depois de Rudyard Kipling ter escrito sobre a necessidade de manter a cabeça fria enquanto todos ao seu redor a estão perdendo, as pessoas aprendem a se manter tranqüilas, a permanecer devagar por dentro, mesmo quando se apressam para cumprir um prazo no trabalho ou pegar as crianças na escola no horário.

E comenta os defensores da desaceleração como o italiano Carlo Petrini que fundou o movimento internacional conhecido como Comer Devagar (Slow Food), centrado no conceito extremamente civilizado de que aquilo que comemos deve ser cultivado, cozinhado e consumido em ritmo de tranqüilidade.

Essa filosofia vem conquistando terreno em vários campos de ação. No local de trabalho, milhões de pessoas vêm fazendo pressão por um melhor equilíbrio entre o trabalho e a vida, e conseguindo o que querem. Na cama, muitos começam a descobrir as alegrias do sexo devagar, através do tantra e outras formas de desaceleração erótica. Cidades do mundo inteiro reorganizam oi espaço urbano para estimular as pessoas a dirigir menos e andar mais. Uma minoria cada vez maior está optando pelo ritmo moderado, em detrimento da velocidade.

COMIDA

Em seu best seller O País do Fast Food, Eric Schlosser revelou que a carne produzida em massa nos EUA frequentemente está contaminada com substâncias fecais e outras matérias patogênicas. Todo ano, milhões de americanos são intoxicados com coliformes fecais encontrados em hamburgeres. Basta olhar um pouco além da superfície parta perceber que a “comida barata” que nos é fornecida pela agroindústria constitui na verdade uma falsa economia.

A indústria de alimentos global é estruturada para favorecer a alta rotatividade, a produção de baixo custo – e os fabricantes de alimentos, as companhias de transporte de longa distância, os gigantes do fast-food, as empresas de publicidade, os supermercados e os empreendimentos agroindustriais têm todo o interesse em manter as coisas assim – o público é desinformado do que consome.

Enquanto nas cidades grandes há um corre corre sem fim, no interior há espaços verdes, zonas de pedestres, as praças, preservação das tradições estéticas e culinárias locais, estímulo do espírito de hospitalidade e solidariedade local. Não é atoa que Dona Cano chegou aos 102 anos com uma saúde de ferro. O que o movimento Devagar pretende é criar um ambiente em que as pessoas possam resistir à pressão para viver de acordo com o relógio e fazer tudo mais rápido. O culto das tranqüilidade rural pode ser comprovado nos diversos locais dos 417 municípios baianos.

Durante décadas a vida urbana tem sido associada pela advertência do ex-presidente francês Georges Pompidou: “Precisamos adaptar a cidade ao carro, e não o contrário”. Salvador precisa se adaptar para por os seres humanos em primeiro lugar e não como é hoje São Paulo, tudo engarrafado nessa guerra à velocidade.

Honoré reconhece que a velocidade é uma droga de nosso tempo. Aceleramos por um vício do corpo, para evitar pensar sobre questões profundas e porque ser rápido é sinônimo de prestígio na nossa cultura. Então, desacelerar é difícil. "Uma ironia é que nós somos tão impacientes hoje que até queremos desacelerar rápido! Leva tempo", diz. "Mas quando você percebe que velocidade não é sempre bom, que muito da nossa pressa não faz sentido (como correr para chegar rápido ao farol vermelho) então é possível ir mais devagar". Para quem quer tentar, ele enumera uma série de atitudes necessárias. A primeira é eleger prioridades na vida profissional e pessoal - não dá para fazer tudo de uma vez, e é preciso aceitar isso. Dessa forma, sobra tempo para se concentrar no que é importante. Quando estamos muito acelerados, comemos mal, não temos tempo para descansar, erramos no trabalho por causa da correria e perdemos relacionamentos por não darmos atenção suficiente para eles. "Viver devagar significa fazer tudo melhor e aproveitar mais. Você é mais saudável porque seu corpo tem tempo para descansar, mais produtivo no trabalho porque está relaxado, concentrado e mais criativo. E seus relacionamentos são mais fortes porque você pode dedicar sua completa atenção para as pessoas", defende Honoré. Vale tentar?



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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

02 fevereiro 2010

Yemanjá

Conta uma das lendas que Yemanjá era "casada pela primeira vez com Orunmilá, senhor das adivinhações, depois com Olofin, rei de Ifé", cansada de sua permanência em Ifé, fugiu em direção ao oeste. Outrora, Olokun lhe havia dado, por medida de precaução, uma garrafa contendo um preparo, pois não se sabia o que poderia acontecer amanhã, com a recomendação de quebrá-lo no chão em caso de extremo perigo. E assim Yemanjá foi instalar-se no entardecer da terra oeste. Olofin, Rei de Ifé, lançou seu exército à procura de sua mulher. Cercada, Yemanjá ao invés de se deixar prender e ser conduzida de volta a Ifé, quebrou a garrafa, segundo as instruções recebidas. E criou-se o rio na mesma hora levando-a para Okun (o oceano), lugar de residência de Olokun, seu pai.

Deusa das águas, mares e oceanos, esposa de Oxalá e mãe de todos os Orixás, é a manifestação da procriação, da restauração, das emoções e símbolo da fecundidade. Yemanjá: Ye-Omo-Yá_mãe de todos os peixes, que são seus filhos e estão contidos em suas estranhas de água. Está associada ao poder genitor, a interioridade, aos filhos contidos em si mesma. Seu adedé (leque) simboliza a cabeça mestra. Ela é muito bonita, vaidosa e dança com o obebé (espelhinho) e pulseiras. Em alguns mitos ela é considerada como sendo mulher de Oranyan, descendente de Odùdùwa, fundador místico de Oyo, de quem ela concebeu Sàngó (o Orixá patrono do trovão e ancestral divino da dinastia dos Alafins, reis de Oyo). Desta forma ela se vincula ao fogo, o fogo aparece como uma interação de água e ar.

Na Nigéria ela é patrona da sociedade Geledes, sociedade feminina ligada ao culto das Yamis, as feiticeiras. No Rio de Janeiro, Santos e Porto Alegre, o culto a Yemanjá é muito intenso durante a última noite do ano, quando centenas de milhares de adeptos vão, cerca de meia noite, acender velas ao longo das praias e jogar flores e presentes no mar. No dia 02 de fevereiro a festa é nas águas de Salvador.

PEIXES

Yemoja na Africa Iemanjá, cujo nome deriva de Yèyé omo ejá ("Mãe cujos filhos são peixes"), é o orixá dos Egbá, uma nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemoja. As guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokutá, no início do século XIX. Evidentemente, não lhes foi possível levar o rio, mas, em contrapartida, transportaram consigo os objetos sagrados e os suportes do àse da divindade O rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Yemanjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser confundido com Ògún, o deus do ferro e dos ferreiros.

O principal templo de Iemanjá está localizado em Ibará, um bairro de Abeokutá. Os fiéis desta divindade vão todos os anos buscar a água sagrada para lavar os axés, não no rio Ògùn, mas numa fonte de um dos seus afluentes, o rio Lakaxa. Essa água é recolhida em jarras, transportada numa procissão seguida por pessoas que carregam esculturas de madeira (ère) e um conjunto de tambores. O cortejo na volta vai saudar as pessoas importantes do bairro, começando por Olúbàrà, o rei de Ibará.

Yemanjá seria a filha de Olokun, Deus em Benin, ou deusa, em Ifé, do mar. Numa das histórias ela aparece casada pela primeira vez com Orunmilá, o Senhor das Adivinhações, depois com Olofin, o Rei de Ifé. Com este último teve dez filhos, cujos nomes enigmáticos parecem corresponder a outros tantos Orixás.

No Novo Mundo Iemanjá é uma divindade muito popular. Principalmente no Brasil e em Cuba. Seu axé é assentado sobre pedras marinhas e conchas, guardadas numa porcelana azul. O sábado é o dia da semana que lhe é consagrado, juntamente com outras divindades femininas. Seus adeptos usam colares de contas de vidro transparentes e vestem-se, de preferência, de azul-claro.

Diz-se na Bahia que há sete Iemanjás: Iemowô, que na África é a mulher de Oxalá; Iamassê, mãe de Xangô; Euá (Yewa), rio que na África corre paralelo ao rio Ògùn e que frequentemente é confundido com Iemanjá em certas lendas; Olossá, a lagoa africana na qual deságuam os rios. Iemanjá Ogunté, casada com Ogum Alagbedé. Iemanjá Assabá, ela é manca e está sempre fiando algodão. Iemanjá Assessu, muito voluntariosa e respeitável, mensageira de olokun. Em Cuba, Lydia Cabrera dá sete nomes igualmente, especificando bem que apenas uma Iemanjá existe, à qual se chega por sete caminhos. Seu nome indica o lugar onde ela se encontra.

MATERNIDADE FECUNDA

Ela é representada nas imagens com o aspecto de uma matrona, de seios volumosos, símbolo de maternidade fecunda e nutritiva. Esta particularidade de possuir seios mais que majestosos - ou somente um deles, segundo outra lenda - foi origem de desentendimentos com seu marido, embora ela já o houvesse honestamente prevenido antes do casamento que não toleraria a mínima alusão desagradável ou irônica a esse respeito. Tudo ia muito bem e o casal vivia feliz. Uma noite, porém, o marido havia se embriagado com vinho de palma e, não mais podendo controlar as suas palavras, fez comentários sobre seu seio volumoso. Tomada de cólera, Iemanjá bateu com o pé no chão e transformou-se num rio a fim de voltar para Olóòdun, como na lenda precedente.

Rainha do mar, direta, carinhosa e intolerante... cuida de todas as cabeças

Para Yemonjá, Olodumare destinou os cuidados da casa de Osalá, assim como a criação dos filhos e de todos os afazeres domésticos. Yemonjá trabalhava e reclamava de sua condição de menos favorecida, afinal, todos os outros deuses recebiam oferendas e homenagens e ela, vivia como escrava.

Durante muito tempo Yemonjá reclamou dessa condição e tanto falou, nos ouvidos de Osalá, que este enlouqueceu. O ori (cabeça) de Osalá não suportou os reclamos de Yemonjá. Osalá ficou enfermo, Yemonjá deu-se conta do mal que fizera ao marido e, em poucos dias, utilizando-se de ori (banha vegetal), de omi-tutu (água fresca), de obi (fruta conhecida como nóz-de-cola), eyelé-funfun (pombos brancos) e esò (frutas) deliciosas e doces, curou Osalá.

Osalá agradecido foi a Olodumare pedir para que deixasse a Iemanjá o poder de cuidar de todas as cabeças. Desde então Iemanjá recebe oferendas e é homenageada quando se faz o bori (ritual propiciatório à cabeça) e demais ritos à cabeça.

PAIXÃO

Orunmilá tinha os segredos da noite e precisava ser detido com seus feitiços desenfreados. Era um dos homens mais bonitos e encantadores, com todas as mulheres em seu poder, mas não queria nenhuma e não amava ninguém. Osalá queria tirar a maldade e os segredos de Orumila, mas só havia um jeito de conseguir tal feito, pedindo a mulher mais bonita que o encantasse e tirasse todos os segredos dele.

Então o povo Orisá duvidou e Osalá chamou Yemonja, que não tinha filhos e família e nem um amor para seduzí-lo e conhecer os seus segredos. Então Osalá fez com ela um trato no qual ela só teria essas intenções e que depois voltaria para reinar ao lado dele novamente. Yemonja foi e com o tempo eles se apaixonaram. Yemonja e Orunmilá já não conseguiam viver longe um do outro... ela conseguiu tirar todos os segredos e feitiços dele e eles tiveram muitos filhos Orisás...
Dados de Yemanjá:
Cores: Azul escuro, branco, azul claro,verde água
Metais: Prata
Predominância: Marinha, Familia, Maternidade
Dia da Semana: Sabado
Dia do Ano: 2 De Fevereiro
Sincretismo: Nossa Senhora Dos Navegantes
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01 fevereiro 2010

Devagar se vai ao longe (01)

Hoje, estamos todos mergulhados no culto da velocidade. O mundo inteiro está com a doença do tempo. Nesses primeiros anos do século XXI, todo mundo está sempre sob pressão para ir mais depressa. Sabemos que a velocidade contribuiu para modificar nosso mundo. Mas essa obsessão em estar fazendo cada vez mais em tempo cada vez menor foi longe demais, transformou-se em vício. Seja o link mais rápido na Internet, a leitura dinâmica, a hipoaspiração se a dieta não funcionar, microondas para quem não tem tempo para cozinhar, etc. Mas certas coisas não podem nem devem ser apressadas. Elas levam tempo. É bom não esquecer como é possível moderar o ritmo, porque sempre pagamos um preço. A velocidade nem sempre é a melhor política. A evolução se escora no princípio da sobrevivência do mais apto, e não do mais rápido. Lembre-se da corrida entre a tartaruga e a lebre.

O jornalista canadense Carl Honoré em seu livro Devagar (Record, 352 páginas) diz que o “slow movement” não é panfletário. Pelo contrário, é algo que acontece aos poucos, de forma discreta. De minuto em minuto, as pessoas vão questionar o porquê de fazer tudo rápido. Rapidez sempre quer dizer eficiência? Produtividade? Quantidade é igual a qualidade e relevância? Honoré mostra que, ao contrário, o fascínio pela velocidade existe em razão de motivos bem mais complexos. Vem da própria maneira como pensamos sobre o tempo. Nas tradições filosóficas chinesas, por exemplo, o tempo é visto de forma cíclica. Na tradição ocidental, ao contrário, o tempo é visto de forma linear, como algo que vai de A a B. É finito. Casado com isso vem a própria necessidade do homem de medir e fracionar com precisão a passagem do tempo – minutos, segundos e milisegundos.

Desde a invenção do quadrante solar egípcio de 1.500 a.C. até a invenção do relógio mecânico no século XVIII, a própria sobrevivência humana era um dos principais estímulos para medir o tempo. O tempo era utilizado para saber quando plantar e colher. E com quanto mais precisão o homem medisse o tempo, melhor. A busca pela precisão na medição do tempo virou questão de Estado. Meio contraditório, mas quanto mais o homem tenta controlar e entender o tempo, mais ele fica refém. Neste sentido, o relógio é a tecnologia que melhor simboliza essa tentativa do homem de entender e medir o tempo. E o fascínio pela velocidade é mais um daqueles efeitos a longo prazo proporcionados por uma tecnologia, mas que foi subestimado em sua devida época por especialistas

Cada coisa tem seu tempo. Algumas devem ser rápidas. Outras mais lentas. O problema é que, na maioria das vezes, estamos fazendo tudo rápido. É interessante notar que, depois da medicina, a área de jornalismo talvez seja a que mais vive em conflito com o tempo. Na medicina, velocidade é crucial. Um paciente ferido a bala, por exemplo, precisa ser tratado o mais rápido possível. Segundos se tornam muito importantes. Mas, ao mesmo tempo, mais rápido nem sempre quer dizer melhor, principalmente em tratamentos. Não é à toa que a medicina alternativa ganha espaço.

No jornalismo, velocidade também é primordial. Não é sem motivos que os produtos do jornalismo têm nomes ligados à questão do tempo. Jornal Hoje, Jornal Zero Hora, 60 minutes. Ter prazos é bom. Faz o trabalho ficar mais focado. Em seu último livro, Vida de Escritor, o jornalista Gay Talesse mostra que a falta de prazo faz você perder o foco. Mas, por outro lado, a velocidade faz cair a qualidade principalmente em relação à checagem de informações.

“Hoje em dia, existimos para servir à economia, e não o contrário. O excesso de horas no trabalho acaba nos tornando improdutivos, sujeitos a erros, infelizes e doentes. Os consultórios médicos estão cheios de pessoas acometidas de problemas causados pelo estresse: insônia, enxaqueca, hipertensão arterial, asma e distúrbios gastrointestinais, para citar apenas alguns exemplos (...) Existem ainda outras maneiras pelas quais o excesso de trabalho também constitui um risco de saúde. Ele deixa menos tempo e menos energia para os exercícios, tornando-nos mais possíveis de beber álcool demais ou recorrer a alimentos pouco saudáveis. Não é mera coincidência que os países mais rápidos também sejam os mais gordos. Cerca de um terço dos americanos e um quinto dos britânicos são hoje considerados obesos do ponto de vista clínico. Até mesmo o Japão está acumulando quilos”.


E o que acontece hoje em dia é que muita gente já não considera o café suficiente para se manter no ritmo do mundo moderno, e começa a buscar estimulantes mais potentes. A cocaína continua sendo a carga de reforço favorita, mas as anfitaminas (speed) estão chegando perto. A utilização dessa droga nos locais de trabalho nos EUA aumentou em 70% desde 1998.


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29 janeiro 2010

Música & Poesia

Hino de Duran (Chico Buarque)

Se tu falas muitas palavras sutis
Se gostas de senhas sussurros ardís
A lei tem ouvidos pra te delatar
Nas pedras do teu próprio lar



Se trazes no bolso a contravenção
Muambas, baganas e nem um tostão
A lei te vigia, bandido infeliz
Com seus olhos de raios X



Se vives nas sombras freqüentas porões
Se tramas assaltos ou revoluções
A lei te procura amanhã de manhã
Com seu faro de dobermam



E se definitivamente a sociedade
só te tem desprezo e horror
E mesmo nas galeras és nocivo,
és um estorvo, és um tumor
A lei fecha o livro, te pregam na cruz
depois chamam os urubus



Se pensas que burlas as normas penais
Insuflas agitas e gritas demais
A lei logo vai te abraçar infrator
com seus braços de estivador



Se pensas que pensas estás redondamente enganado
E como já disse o Dr Eiras,
vem chegando aí, junto com o delegado
pra te levar...


Pedra e bala (ou os sertões) (José Paes De Lira / Bnegão / Clayton Barros) Cordel do Fogo Encantado


juntem as forças pra seguir nessa jornada
busquem as forças pra lutar na sua própria batalha
a poeira subiu de ambos os lados
arames farpados olhos e punhos fechados cerrados
a face marcada pela mesma vida seca como a terra rachada
uma sombra densa e pesada eclipsando o que há de melhor na sua alma
o verdadeiro terror mais sufocante que o caloressa é a sua jaula
os desertos se encontram de várias formas
seja no espírito no solo ou na mente através de idéias tortas
que produzem gente morta em escala industrial



guerra pela terra
a pedra contra o tanque
guerra altera a terra nada será como antes



na inversão dos papéis do pequeno davi contra golias o gigante
como os barões das mega corporações
gigante como o coronelado dos grandes e pequenos sertões
como vários e vários e vários ubiratans
com seus sanguinários batalhões
que na sua prepotência e ignorância bélica
não conseguirão perceber a força e a chegada certeira daquela pedra



juntem as forças pra seguir nessa jornada
busquem as forças pra lutar na sua própria batalha



um beijo seco no portão do teu ouvido
quebrando cercas pra chegar na nossa mira
a pedra curte a bala corre e voa
a pedra fura bala transpassa
a bala é quente e a pedra é pura como um gole de cachaça
velho como teu projeto louco
forte como quem chora de medo



guerra pela terra
a pedra contra o tanque
guerra altera a terra nada será como antes



escuto em alto-falantes aquele som de cimento dessa muralha sem fim
e o desejo a pedra e a balaa santa paz fora do jogo
pois o que fala alto é pedra e bala
naquela praça onde as crianças brincam
naquele prédio perto das estrelas
naquele circo no qual quando chove não há espetáculo.

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28 janeiro 2010

Anticâncer

Alimentação, falta de exercício, qualidade do ar e da água e os estresses psicológicos influenciam profundamente o terreno no qual as células cancerígenas pode se desenvolver. “Aprender a lutar contra o câncer é aprender a nutrir a vida dentro de nós. Mas não é obrigatoriamente uma luta contra a morte. Ter êxito nesse aprendizado é chegar a tocar na essência da vida, encontrar uma completude e uma paz que a tornam mais bela. Pode acontecer de a morte fazer parte desse êxito. Há pessoas que vivem suas vidas sem apreciar seu verdadeiro valor. Outras vivem a própria morte com uma plenitude, uma tal dignidade, que ela parece ser a realização de uma obra extraordinária e dar um sentido a tudo que viveram. Preparando-se para a morte, libera-se a energia às vezes necessária à vida. É preciso começar desarmando o medo” ensina o médico David Servan-Schreiber.

E para não ficar passivo ou criar uma cultura de desespero, ao saber que tinha câncer escolheu a ação e a esperança, colocando em prática todo o conhecimento que tinha na obra Anticâncer – Prevenir e vencer usando nossas defesas naturais (Objetiva, 2008). Era a forma de compartilhar com todos os que quiserem explorar esse caminho.

DESINTOXICAÇÃO

Para se proteger do câncer, o médico David Servan-Schreiber apresenta três princípios de desintoxicação. 1. o consumo excessivo de açúcares refinados e de farinhas brancas, que estimulam a inflamação e o crescimento das células através da insulina e do IGF (insulin-like growth factor); 2. o consumo excessivo de ômega 6 nas margarinas, gorduras hidrogenadas e gorduras animais (carne, derivados de leite e ovos), originárias de uma agricultura desequilibrada a partir da Segunda Guerra Mundial; 3. a exposição aos contaminados do meio ambiente surgidos depois de 1940, que se acumularam nas gorduras animais.

Assim, a primeira etapa de todo processo de “desintoxicação” começa, pois, por: comer muito menos açúcar (e farinha branco), e muito menos gorduras animais (e muito poucos produtos que não tenham o rótulo “agricultura orgânica”). Não é necessário eliminá-los por completo, mas reduzí-los a “ocasionais”, de fazê-los a base de nossa alimentação.

E exemplificou afirmando que um indiano consome em média 5 kg de carne por ano e – com idade igual – vive com melhor saúde do que um ocidental. São necessários 123 kg para satisfazer um americano – 25 vezes mais. Nossos modos de produção e consumo de produtos animais distroem o planeta. Tudo parece indicar que eles contribuem também para nos destruir ao mesmo tempo. E outro médico, Michael Lerner resumiu a situação com uma uma simplicidade luminosa: “Não se pode viver como boa saúde em um planeta doente”.

TRATAMENTO

Quinhentos anos antes da nossa era, Hipócrates dizia: “Que sua alimentação seja seu tratamento, e seu tratamento sua alimentação”. Mas as recomendações nutricionais ainda não fazem parte do tratamento convencional do câncer. Motivo? O remédio Taxol rende à empresa que detém sua patente um bilhão de dólares por ano. Em compensação, é completamente impossível investir somas dessa ordem para demonstrar a utilidade do brócolis, da framboesa ou do chá verde, uma vez que eles não podem ser patenteados nem sua comercialização reembolsará o investimento inicial. A questão é dinheiro e não cura. Capitalismo selvagem meu!. Se há um problema, há um remédio. “Nossa cultura médica nos leva a negligenciar essa abordagem e a preferir no fundo uma intervenção farmacêutica mais controlável, portanto mais ´nobre´.”, diz David.

Os médicos se vêem esmagados entre duas indústrias muito poderosas. De um lado, a indústria farmacêutica – propõe soluções farmacológicas, em vez de encorajar os pacientes a se defender. De outro, a indústria agroalimentar, que protege os próprios interesses, impedindo a difusão de recomendações explícitas sobre as relações entre alimentos e doenças. É preciso deixar de ser vítimas passiva dessas forças econômicas.

REMÉDIOS

Para David Servan-Schreber (Anticâncer. Previnir e vencer usando nossas defesas naturais), determinados alimentos funcionam como remédio. Se certos alimentos de nossa dieta podem servir de adubo para os tumores, outros, ao contrário, guardam preciosas moléculas anticâncer. Não se trata somente dos tradicionais minerais, vitaminas ou antioxidantes. As descobertas recentes vão bem além.

O chá verde bloqueia a invasão dos tecidos e a angiogênese. Age também para desintoxicar o organismo. Ele ativa os mecanismos do fígado que permite eliminar mais rapidamente as toxinas cancerígenas do organismo. O chá verde é um poderoso antioxidante, desintoxicador (ativa as enzimas do fígado que eliminam as toxinas do organismo) e um facilitador da morte das células cancerosas.

A soja bloqueia os hormônimos perigosos. A soja sob suas diferentes formas (tofu, tempeh, meso, iogurte de soja, grãos germinados) é parte importante de uma dieta anticâncer.

O cúrcuma é um poderoso antiinflamatório. Condimento que vem da Ásia, o cúrcuma desintoxica as cancinogêneses e ajuda a controlar a angiogênese.

Os cogumelos estimulantes do sistema imunológico. Camponeses japones que consomem bastante cogumelos (shitake, maitake, kawaratake) têm até duas vezes menos cânceres de estômago do que os que não comem.

Gengibre. Antiinflamatório, antioxidante (mais eficaz, por exemplo, do que a vitamina C) e contra certas células cancerosas.

Couves (brócolis, couve flor) contém sulforafane, glucosinolatos e outros que são poderosas moléculas anticâncer. Impedem a evolução de células pré-cancerosas em tumores malígnos.

Alho, uma das ervas medicinais mais antigas, reduzem em parte os efeitos cancerígenos.

Legumes e frutas ricos em caroteno: cenoura, batata-doce, diferentes tipos de abóbora, tomate, caqui, damasco, beterraba e todos os legumes ou frutas de cores vivas: laranja, vermelho, amarelo e verde.

Outros alimentos anticâncer: vinho tinto, suco de romã, chocolate amargo, atum, sardinha, salmão, bacalhau fresco.



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Nildão lança “as transparências enganam” no Rio Vermelho
O cartunista e designer Nildão promove uma big festa dançante para o lançamento do seu décimo terceiro livro: “As transparências enganam”. O evento acontece hoje, dia 28 de janeiro, quinta-feira, a partir das 21 horas no Santa Maria, Pinta e Nina localizado no Largo de Santana, próximo a Dinha do acarajé, no Rio Vermelho. A animação fica por conta do Dj Roger N’ Roll & Dj Rafabela e o ingresso no valor de 20 reais dá direito a um exemplar do livro. Conheça o site: nildao.com.br
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

27 janeiro 2010

Brasília, uma imagem de ineficiência

Os escândalos envolvendo o governador do Distrito Federal, a fraude no concurso público, a lavagem de dinheiro mostra como as regras do jogo político no Brasil são precárias. Existe uma crença de que os sistemas de vigilância e punição são frágeis. O que está acontecendo é que a “máquina política” caracteriza-se como “panelinhas”, em que as relações cooperativas de seus membros geram benefícios, inclusive de autoproteção (daí a importância de cooptar desembargadores e ameaçar traidores).

A corrupção é relacionada com a estrutura do Estado – os governos são cooptados por máquinas políticas do próprio Estado. Assim, o mundo da política manifesta o que há de mais vil em nossa natureza. O que se nota hoje é que substituíram a violência e a tortura do regime militar pela corrupção como suposta condição para ter segurança e governar.

Brasília vai completar 50 anos agora em 2010 e enfrenta o escândalo de corrupção política mais bem desmontado em áudio e vídeo da história do país. Quando a capital saiu do Rio, muitos vícios foram importados. Brasília recebeu toda a alta burocracia federal do Rio e, aos poucos, criou também uma casta de funcionários locais. Hoje a cidade tem ao menos 500 condomínios irregulares, o que fez um político dizer que “Brasília é uma cidade diferente. Aqui temos invasão de ricos”.

Em 1990 houve a primeira eleição direta para governador e deputados distritais. Brasília então passou a funcionar como um Estado, com a vantagem de não se preocupar com recursos, pois vive de repasses da União. Para muitos cientistas políticos, a proximidade entre iniciativa privada e poder público favorece descalabro ético na capital federal.

A falta de responsabilidade de políticos envolvidos em escândalos faz com que a democracia brasileira fique “manca ou ande de muletas”. Para muitos cientistas políticos, a solução é uma clara pressão da sociedade por “uma reforma do sistema político e por um sistema mais simples de votação e representação, em que o relacionamento com o eleitor seja mais próximo, como ocorre no voto distrital”.

JUSTIÇA LENTA - Quando o corrupto finalmente vai pagar pelos seus atos, entra a Justiça brasileira lenta, envolta com milhares de leis, regimentos, atos e não sei mais o que para defender o acusado. E haja recorrer na primeira instância, segunda, terceira... “De todas as críticas lançadas contra o Poder Judiciário, a mais recorrente é a da morosidade na prestação jurisdicional. É, também, a mais compatível com a realidade. Com efeito, nada justifica que o jurisdicionado espere por uma década a solução do litígio, situação que só amplia o descrédito na Justiça” (MELO FILHO, Hugo Cavalcanti. Mudanças Necessárias. Revista Consultor Jurídico, 25 nov 2002)

Em igual sentido, é o que anota articulista da Folha de São Paulo: “A lentidão da chamada Justiça é, com frequência, impiedosa injustiça. Em inúmeros casos, sua causa é a incúria. Mas o desaparelhamento do Judiciário é espantoso, pela insuficiência do número de juizes e pela quantidade, milhares às vezes, de processos que um juiz responsável aprecia ano a ano” (FREITAS, Jânio. Os domínios da impunidade. Folha de São Paulo, 08 Out. 2003, Opinião.)

A propósito, bastante pertinentes são as ásperas críticas deduzidas por articulista do Jornal Folha de São Paulo: “A sempre falada e nunca iniciada reforma do Judiciário é uma necessidade que não admite dúvida. Mas não é a sua falta que conduz à impunidade relacionada à violência, policial ou não. A fonte dessa impunidade sempre esteve no governo federal e nos governos estaduais: essa impunidade nasce nas polícias, nos inquéritos (quando chegam a existir) deformados por incapacidade, corrupção ou corporativismo policial. No país onde é aceito como normal que o governo adquira votos, nas duas casas do Poder Legislativo, com cargos e verbas públicas, nada pode estar isento de improbidade e outras imoralidades. Na magistratura há mais corrupção, incompetência, irresponsabilidade profissional e nepotismo (nas instâncias superiores) do que ações contra esses vícios: ou seja, a magistratura não foge à regra do cenário brasileiro, no qual o governo foi agora mesmo denunciado pela Transparência Internacional por manter os mesmos níveis de corrupção encontrados, sem efetivar as providências prometidas na campanha. Mas, assim como as mortes injustificáveis por policiais, a tortura não é feita nas varas criminais, nem por sentença judicial. Passa-se em delegacias, que são dependências dos governos, e em ações externas de policiais, que são agentes dos governos” (FREITAS, Jânio. Os domínios da impunidade. Folha de São Paulo, 08 Out. 2003, Opinião.)

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

26 janeiro 2010

Mudança climática ameaça a Bahia

Se não houver ações efetivas para reduzir os impactos no meio ambiente, entre 2070 à 2100 haverá uma redução de chuva na Bahia de até 70%, além de um aumento de temperatura de 2°C no litoral e 5°C na região Noroeste do Estado. A pesquisa apresentada no auditório Paulo Jackson, na sede da Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), aponta os impactos das mudanças climáticas na Bahia. O estudo foi realizado por três especialistas, Fernando Genz, pesquisador do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal da Bahia, e pelos meteorologistas Clemente Tanajura (Instituto de Física da Ufba) e Heráclio Alves (Ingá).

Segundo Fernando, o objetivo da pesquisa é quantificar os impactos das mudanças climáticas na Bahia, que, até então, não havia nenhum estudo voltado para essa questão. O Governo do Estado, através do Ingá e da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), já realiza programas para tentar amenizar os impactos apresentados na pesquisa. De acordo com o diretor geral do Ingá, Júlio Rocha, o órgão está implementando o Programa Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca nos municípios do semiárido baiano vulneráveis ao fenômeno.

“A Bahia possui 69% do seu território localizado no semi-árido, com 289 municípios, onde vivem 3,7 milhões de baianos, o equivalente a 28,8% da população do Estado. O Plano de Ação Estadual de Combate à Desertificação compreende o mapeamento com o diagnóstico das condições de degradação ambiental e dos processos de desertificação na Bahia, que envolve as condições socioeconômicas, climáticas, demográfica e de vegetação. A primeira etapa está sendo realizada em 52 municípios vulneráveis, situados no entorno das regiões de Guanambi, Juazeiro, Irecê e Jeremoabo”.

“Estamos realizando também o Programa Estadual de Recuperação de Nascentes e Matas Ciliares, que prevê a abertura de editais de chamada pública para prefeituras e instituições de todo o Estado apresentarem projetos de recuperação no valor de até R$ 50 mil cada. O investimento total do programa é de R$ 1 milhão e o objetivo geral do programa é conservar, restaurar e recuperar matas ciliares e nascentes nas bacias hidrográficas do Estado da Bahia, visando à manutenção da disponibilidade das águas dos rios.

Estudos do Ingá mostram que, às margens dos cerca de 369.589 km da malha hidrográfica do Estado, existem aproximadamente 2,6 milhões de hectares de mata ciliar, o que corresponde a 4,7% do território baiano”, informa Rocha.

EFEITO ESTUFA

O Floresta Bahia Global é um programa realizado pela Sema que visa promover ações de recuperação da cobertura vegetal dos biomas baianos e a descarbonização das atividades humanas, através do sequestro de carbono. A iniciativa contribui para minimização dos efeitos das mudanças climáticas. Selo Carbono Zero, que faz parte do Programa Floresta Bahia Global, é concedido a iniciativas que visam a recuperação de florestas e a descarbonização do meio ambiente. Juliano Matos, secretário de Meio Ambiente, afirma ainda que “desde que foi lançado, o Programa Floresta Bahia Global já realizou o plantio de 30 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica no Parque Estadual do Conduru (entre Ilhéus e Itacaré) e cerca de 2 mil mudas no Parque de Pituaçu, em Salvador, ajudando na descarbonização e repondo a cobertura vegetal do bioma”, pontua.
MATAS CILIARES

Um estudo realizado pelo Instituto de Gestão das Águas e do Clima (Ingá), órgão ligado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, estima que 40% dos 2,7 milhões de hectares da vegetação que circunda as margens dos rios e nascentes da Bahia estão degradadas. A recuperação destas matas, no entanto, esbarra nos altos custos operacionais: estimas e que o plantio de mudas nativas custaria em torno de R$ 10 mil por hectare.
O valor global seria de R$ 10,8 bilhões – uma cifra que vai muito além da realidade orçamentária dos órgãos ambientais.Fundamental no equilíbrio dos biomas naturais, as matas ciliares fazem uma proteção natural aos rios e lagos, reduzindo a erosão das margens e, por consequência, a quantidade de sedimentos do solo que atinge a água. Na Bahia, a degradação atinge os três principais biomas: a caatinga, o cerrado e a mata atlântica. De acordo com o diretor-geral do Ingá, Júlio Rocha, para superar um desafio de tal porte, é necessária uma ação conjunta de entes públicos, privados e da sociedade civil. “A recuperação desta vegetação será fundamental para mitigar os efeitos das mudanças climáticas”, explica.

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25 janeiro 2010

Aquecimento global

Pesquisadores americanos dizem que algumas árvores podem ajudar a mostrar os efeitos do aquecimento do planeta. Elas estão avermelhadas porque morreram. O mais longo estudo sobre as florestas do noroeste dos Estados Unidos culpa o aquecimento global pela morte precoce das árvores. Durante 50 anos, os cientistas monitoraram as florestas e concluíram que os pinheiros estão morrendo duas vezes mais rapidamente do que há 17 anos. As árvores sofrem com as altas temperaturas do verão e não conseguem se recuperar no inverno porque a neve derrete logo, aos primeiros sinais da primavera. Mudanças climáticas aponta razões históricas. Desde que o mundo se tornou industrializado, no século XVIII, aumentou a quantidade de dióxido de carbono e de outros gases que provocam o efeito estufa. Os gases formam uma barreira, retendo a energia solar. No laboratório da Universidade de Boulder, cientistas monitoram o ar do planeta. Uma vez por semana, o laboratório recebe amostras do ar de todas as partes do mundo, do mar do caribe, dos lagos da Europa, das montanhas da China, da floresta amazônica.

Os Estados Unidos são um dos maiores vilões. Entre 1990 e 2007, os Estados Unidos aumentaram em 16,5% as emissões de gases, chegando a mais de 7 bilhões de toneladas por ano. Entre 2007 e 2008 houve uma pequena queda, que os cientistas atribuem à crise econômica e à queda da produção industrial. A energia usada para iluminar casas e movimentar fábricas vem principalmente do carvão. Ele é queimado nas usinas e das chaminés sai o dióxido de carbono. Mas a quantidade absurda de carros circulando pelos Estados Unidos é quase tão nociva quanto a queima de carvão. Na Casa Branca, George Bush se recusou a assumir o compromisso de reduzir as emissões de dióxido de carbono. Agora, Barack Obama propõe uma redução de 17% até 2020.
O mundo precisa aprender a não desperdiçar energia, a buscar fontes alternativas, além do carvão, do gás e do petróleo. E usar soluções de engenharia para reduzir os níveis de dióxido carbono. Soluções para proteger o planeta.
A ilha de Ghoramara, na Índia, já perdeu metade do território e pode, em breve, sumir da face da terra. Sete mil habitantes foram embora e outros estão preparando a partida. No Japão, a ameaça também vem do mar: há sete anos, águas vivas gigantes, de até 2 metros de comprimento, infestam algumas regiões litorâneas, prejudicam a pesca e provocam queimaduras nos pescadores. Elas existiam somente na China, mas migraram para o local e se proliferaram.

O Japão tem alguns dos centros de previsão e pesquisas climáticas mais avançados do mundo e está usando a tecnologia para descobrir o que vai acontecer com o planeta nos próximos anos. Um globo no museu de ciências de Tóquio mostra o aquecimento da terra até o ano 2100. É uma visão do futuro, um futuro nada animador. Os cientistas japoneses estão usando um supercomputador, que ocupa um andar inteiro de um prédio, para calcular os efeitos do aquecimento global. Com isso, eles simulam o que vai mudar em cada ponto do planeta com o possível aumento de 3ºC na temperatura até o fim do século. Uma das conclusões: o número de tufões na Ásia e de furacões na América do Norte vai cair de 80 por ano, em média, para 66. Em compensação, a força do vento no epicentro vai aumentar em até 20% e as chuvas em até 60%.

Os cientistas japoneses também fizeram previsões para o Brasil. No Nordeste, os dias consecutivos de seca que, segundo ele, hoje são 100 por ano, em média, podem chegar a 130 em algumas áreas. No Centro-Sul do país, as chuvas que castigam a região no verão vão aumentar de intensidade. O professor diz que parte do aquecimento é inevitável, é um ciclo do planeta, que foi acelerado pela ação do homem. E que, por isso os países têm que se preparar. “Mas, se queremos diminuir esses efeitos, temos que fazer a nossa parte”, conclui ele. (Fonte: Jornal Nacional)

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08 janeiro 2010

Música & Poesia

O que é, o que é: (Gonzaguinha)

Eu fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!
Viver e não ter a vergonha de ser feliz,
Cantar, A beleza de ser um eterno aprendiz
Eu sei
Que a vida devia ser bem melhor e será,
Mas isso não impede que eu repita:
É bonita, é bonita e é bonita!
E a vida?
E a vida o que é, diga lá, meu irmão?
Ela é a batida de um coração?
Ela é uma doce ilusão?
Mas e a vida?
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo,
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo,
Há quem fale que é um divino mistério profundo,
É o sopro do criador numa atitude repleta de amor.
Você diz que é luta e prazer,
Ele diz que a vida é viver,
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é, e o verbo é sofrer.
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé,
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser,
Sempre desejada por mais que esteja errada,
Ninguém quer a morte, só saúde e sorte,
E a pergunta roda, e a cabeça agita.
Fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!É a vida! É bonita e é bonita!


Desejos (Victor Hugo)

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.



Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.



E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.



Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.



Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.



Desejo que você, sendo jovem
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.



Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.



Desejo que você descubra,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.



Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.



Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.



Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga “Isso é meu”,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.


Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.



Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.









Caros leitores: a partir de segunda feira (dia 11) estarei de férias. Serão 15 dias e vou aproveitar para ler uns livros reservados para ocasião, ouvir algumas músicas necessárias para o coração, colocar a mão na terra para saber da estação, mimar meus cachorros e plantar o que a natureza espera de cada um de nós. Dia 25 de janeiro estarei de volta. São poucos dias afastados. Voltarei com mais energia. Obrigado pela atenção.
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)

07 janeiro 2010

Harmonia e imperfeição

Na vida tudo gira em torno da harmonia. Um bom exemplo disso é a coreografia dos ciclos naturais, primavera, verão, inverno e outono mostrando como a vida coexiste e improvisa com o meio ambiente e como padrões simétricos tendem a se repetir. Basta ver a bifurcação dos troncos das árvores e dos leitos dos rios, as espirais das galáxias, e das conchas, a simetria das asas de uma borboleta e dos flocos de neve.

No universo não há só harmonia e simetria. Se só houvesse equilíbrio jamais haveria transformação. Todas as coisas fundamentais que existem dependem de um desequilíbrio. O próprio Universo se originou do desequilíbrio. Quando o sistema está equilibrado, não se transforma. Sem transformação não há criação, nada acontece. Portanto, tudo o que ocorre e que se transforma no mundo o faz devido a imperfeições, ao desequilíbrio. É a tensão entre harmonia e imperfeição que gera a criatividade do mundo natural, das formas mais simples àquelas mais complexas. Como pode existir harmonia em um Universo que tende à desorganização. Esse é um dos grandes desafios da Ciência.

As imagens vindas dos mais distantes recônditos cósmicos mostram as profusões de cores e formas de uma beleza espetacular que alguns defendem como harmonia universal. Puro mito. O que existe se olharmos mais atentamente no espaço cósmico são fenômenos catastróficos como galáxias em colisões gerando devastadoras explosões e até buracos negros engolindo tudo ao seu alcance. Um verdadeiro caos absoluto. A imperfeição e falta de harmonia também se encontra em nosso planeta. Um bom exemplo são os dinossauros que, de tão imperfeitos, já nem existe há mais de milhões de anos porque não alcançaram a harmonia e perfeição exigidas naquele momento. Se houvesse de fato harmonia universal não teríamos o velho confronto entre o bem e mal (e tantos outros opostos).

Toda a história contemporânea gira em torno do problema da desigualdade ou da igualdade dos direitos humanos. E neste século a história registra um movimento igualitário cada vez mais acelerado. Velhos querem parecer jovens. Professores se dizem iguais aos alunos. Governantes procuram igualar-se aos governados, padres querem nivelar-se aos fiéis.

Assim, a desigualdade permite a ordem e harmonia do Universo. A beleza do arco íris só é possível pela desigualdade harmoniosa das cores. É a desigualdade das notas musicais que permite a música. No reino vegetal, a desigualdade cresce de valor diante da variedade: cedros majestosos no Líbano, orquídeas delicadas nas selvas brasileiras e repolhos em qualquer horta. E nos animais? O rei das selvas é o leão mas ele tem defeito na vista, só vê coisas grandes; o morcego somente pousa de cabeça para baixo, tendo uma visão invertida. Nos seres humanos todos são iguais em tudo, nos acidentes é que são diferentes (altos, baixos, gordos, magros, loiros, morenos, negros etc).

Sem encontrar paz na Terra, o astronomo Johannes Kepler (1571-1630) buscou a harmonia do mundo nos céus. Durante toda a vida, os homens se destroçaram em conflitos religiosos. Com imaginação e observação, a base da investigação científica, Kepler tornou-se o primeiro a compreender o movimento planetário. Ao constatar que uma força física movia os planetas, ele ajudou a fundar a Ciência moderna. Mas Kepler só conseguiu mudar a maneira de pensar de sua época porque não temia o que descobria. Sua curiosidade sobre seu Deus, dizia Carl Sagan, era maior que seu temor.

Assim, ao final, Kepler encontrou harmonia do mundo. Já o cientista Marcelo Gleiser, a imperfeição. Harmonia e imperfeição são pensamentos científicos de duas épocas distintas. Imperfect Creation o próximo livro de Marcelo Gleiser. "Vou escrever sobre a importância da imperfeição no universo. Todas as coisas fundamentais que existem dependem de um desequilíbrio, o próprio universo se originou de um desequilíbrio. Quando o sistema está equilibrado, ele não se transforma. Sem transformação não há criação, nada acontece", diz. "Mas o que vemos é a organização, a simetria. Um dos grandes desafios da Ciência é explicar como pode existir harmonia em um universo que tende à desorganização. A idéia que eu quero trazer é explicar como imperfeição e harmonia caminham juntas.". Pela primeira vez, Gleiser vai mesclar - deliberadamente - a Ciência com a própria biografia. Ele quer mostrar qual foi o papel da imperfeição, do desequilíbrio e da morte na criação da sua vida. Como ele alcançou à sua pró-cura.

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06 janeiro 2010

Nova ética para salvar o planeta (03)

Continuando com a leitura do livro de Leonardo Boff, Ética e Moral, a busca dos fundamentos (Vozes, 2003):
O ser humano, por sua natureza, é um ser biologicamente carente. Por isso vê-se obrigado a conquistar o seu sustento, modificando o meio, criando assim o seu habitar. Desde que saiu da África de onde irrompeu como homo erectus, pôs-se a conquistar o espaço, começando pela Eurásia, passando pela Ásia, América e terminando pela Oceania. Por comparecer como um ser inteiro, mas inacabado, e tendo que conquistar sua vida, o paradigma da conquista pertence à autocompreensão do ser humano e de sua história. Insaciável é a vontade de conquista do ser humano (conquistar os espaços, o segredo da vida, o poder de Estado e outros poderes, o mercado e os consumidores, o coração da pessoa amada).

Já conquistamos 83% da Terra e nesse afã a devastamos de tal forma que ela ultrapassou em 20% sua capacidade de suporte e regeneração. Agora precisamos conquistar a autolimitação, a austeridade compartilhada, o consumo solidário, a compaixão e o cuidado com todas as coisas para que continuem a existir. Devemos começar conosco, com as revoluções moleculares. Sem elas não garantiremos as novas virtudes que salvarão a vida e a Terra.

Depois do paradigma-conquista é urgente passarmos para o paradigma-cuidado. Basta lembrar que o cuidado é tão ancestral quanto o universo. Após o big-bang, se não tivesse havido cuidado por parte das forças diretivas, pelas quais o universo se autocria e auto-regula, a saber, a força gravitacional, a eletromagnética, a nuclear fraca e forte, tudo se expandiria demais, impedindo que a matéria se adensasse e formasse o universo como o conhecemos, ou tudo se retrairia a ponto de o universo colapsar sobre si mesmo em intermináveis explosões.
Mas o que aconteceu foi que tudo se processou com um cuidado tão sutil, em frações de bilionésimos do segundo, que permitiu estarmos aqui. E esse cuidado se potenciou, quando sumiu a vida há 3,8 bilhões de anos. A bactéria originária, com cuidado singularíssimo, dialogou quimicamente com o meio para garantir sua sobrevivência e evolução. O cuidado se complexificou mais ainda quando surgiu os mamíferos, donde também nós viemos há 125 milhões de anos. A essência humana reside exatamente no cuidado. Cuidado é gesto amoroso para com a realidade, gesto que protege e traz serenidade e paz. Sem cuidado, nada que é vivo sobrevive. E é essa atitude que precisamos resgatá-la hoje, como ética mínima e universal, se quisermos preservar a herança que recebemos do universo e da cultura e garantir nosso futuro.
Morrem ideologias. Passam filosofias. Mas sonhos permanecem. São eles que mantêm o horizonte de esperança sempre aberto. Formam o húmus que permite continuamente projetar novas formas de convivência social e de relação com a natureza.
Em 1854, o chefe Seattle das tribos do Noroeste entregou solenemente seu território e seu povo à soberania dos EUA. O discurso que ele pronunciou nessa ocasião serviu um século mais tarde de inspiração ao movimento ecológico, que o reinterpretou de maneira particularmente incisiva. O chefe se dirigia, de um modo mais urgente do que nunca, aos descendentes dos colonos brancos que nós somos:
“Ensinem aos seus filhos o que nós ensinamos aos nossos, que a terra é nossa mãe. Tudo que acontece com a terra acontece com os filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo sobre si mesmos. A terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Nós sabemos disso. Todas as coisas se ligam como o sangue que une a mesma família. Todas as coisas se ligam. Tudo quer acontece à terra acontece aos filhos da terra”.
Bem entendeu a importância dos sonhos o cacique pele-vermelha Seatle, quando, em 1856, escreveu ao governador do Estado de Washington, Stevins, que o forçara a vender as terras aos colonizadores europeus. Perplexos, se perguntava sem entender: pode-se comprar e vender a aragem, o verde das plantas, a limpidez das águas e o esplendor da paisagem: E concluía: os peles-vermelhas entenderiam o porquê “se conhecessem os sonhos do homem branco, se soubessem quais esperanças que transmite a seus filhos e filhas e quais as visões de futuro que oferece para o dia de amanhã”. Afinal, qual é o nosso sonho?
Viemos de um ensaio civilizatório, hoje mundializado, que realizou coisas extraordinárias, mas que é materialista e mecânico, linear e determinístico, dualista e reducionista, atomizado e compartimentado. Separou matéria e espírito, ciência e vida, economia e política, Deus e mundo. O que aconteceu é que esse anseio ancestral da humanidade operou uma lobotomia em nossa mente, mas deixou desencantados, obtusos as maravilhas da natureza e insensíveis face à reverência que o universo suscita em nós. Importa não deixarmos o sonho permanecer apenas sonho.

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