Na Bahia, o cartunista que conseguiu captar a essência do baiano em todas as suas nuances, desde a ingenuidade, a liberalidade, a transgressividade, linguagem e a sua liberdade foi Lage. Com seu traço caligráfico, único, o mestre do desenho de humor baiano fez uma radiografia da “terra da felicidade” através de uma gama de personagens publicados nas tiras de jornais e revistas e até mesmo na tv (Educativa da Bahia). L´amu tuju L´amu, Cartunzão, Tudo Bem, Brega Brasil, Ânsia de Amar, Dora Mulata e tantos outros. Sua verve humorística não deixava escapar nada, seja na malícia das baianas, nos interesses escusos dos políticos, na sagacidade dos boêmios, na melancolia dos idosos e na alegria da juventude. Ele mostrou a Bahia de fio a pavio, em raio X, não poupou ninguém. Sua verdade foi radiográfica. Tudo passava pela sua lente sensível de observador atento a tudo o que acontecia em sua aldeia.
Lage, com sua aguçada visão de mundo, deu ao jornalismo baiano, demonstrações de com quantos traços se faz uma bela crítica. O traço rápido, sinuoso, firme ajustou-se a brevidade do momento. Assim é sua charge, opinião em traço na página nobre da Tribuna da Bahia. E a charge de Lage tem um quê da irreverência baiana inconfundível, e a releitura dos fatos ganha repercussão própria. A fonte inesgotável são os bastidores da política. Com seu traço cortante, irreverente, ele dá comicidade à prepotência dos políticos. E não ficou só na política, adentrou as relações afetivas, vasculhou detalhes das relações de classe e escancarou os valores do imaginário do autor. A realidade sócio-política-econômica do país.
O humor de Lage é engajado, militante sem ser partidário, contestador. Essencial, puro, em estado bruto. Na trilha do humor de comportamentos, ele criou personagens impagáveis, fazendo a melhor crítica de costumes dos quadrinhos baianos. Seu trabalho é referência e fez escola. Vamos conferir seus trabalhos, de traços simples mas incisivos.
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