14 dezembro 2016

Rock, o grito negro que atravessou a América (3)



Em meados da década de 40, um ex-vocalista da orquestra (crooner), Frank Sinatra, tornou-se a primeira autêntica popstar. Mais tarde apareceram outros crooners, como Deam Martin ou Perry Como. Depois da guerra, as grandes orquestras desmembraram-se. O público contentava-se com os seus croones e as suas baladas românticas. Entre 1940 e 1950 mais de um milhão de negros trocou o Sul pelas cidades portenhas, procurando trabalho e melhor nível de vida. Tinham esperança de fugir da pobreza e da discriminação que os afligia na Geórgia ou no Alabama. O mercado de discos dos negros era uma coisa sagrada nos EUA, com os seus próprios astros e os seus êxitos de discos. A música negra era o blues. Velhos blues rurais do Sul eram lamentosos, lentos e ruidosos. Os novos big city blues eram muito rápidos e alegres.

Ninguém gostava de rock and roll, exceto os artistas e os jovens que compravam os seus discos. Pais, professores, jornalistas, toda a indústria musical americana, odiavam-no simplesmente. Em parte este ódio era de origem social (o rock era música negra). Outra razão provinha de o rock and roll acontecer na mesma altura em que os teenagers se rebelaram contra os pais e entre a sociedade em geral.

De fato, os teenagers era coisa nova nos anos 50. A princípio, eles eram considerado apenas crianças crescidas. A abundância do pós guerra pôs dinheiro nas algibeiras dos seus jeans pela primeira vez, mas não encontravam lugares próprios para onde ir nem onde gastar o seu dinheiro. Até que chegou o rock´n´roll. O rock primitivo estava estreitamente ligado ao cinema. “O Selvagem” (1958) com Marlon Brando, e “Fúria de Viver” (1955) com James Dean, mostraram a nova disposição da juventude. 


Veio ainda, em 1955, “Sementes de Violência”, um filme famoso acerca da delinquência juvenil numa escala de New York, com Bill Halley e “Rock Around the Clock” na trilha sonora. Esses filmes causaram tumultos nos cinemas.

O rock foi logo relacionado com a revolta. Os jornais apelidaram esta música como “the big beat” (o grande frenesi) e reclamaram que era uma ameaça à civilização como nós a conhecemos. Todas as semanas os jornais arranjavam uma nova ameaça.

No sul e Sudoeste dos EUA, as áreas polos, a música ao vivo era importante e os country´n western brancos e os rythm´n blues negros eram ambos populares, muitas vezes em locais diferentes da mesma cidade. Mas, um dia, em 1954, uniram-se em Memphis, no Tennessee, nas estradas da Sun Records, onde um jovem cantor branco de country gravou o seu primeiro disco. A canção era “That´s all right”, um velho tema de rythm´n´blues. O cantor chamava-se Elvis Presley.

Em breve todas as pequenas editoras de discos começaram a gravar country desconhecidos, no novo estilo. Gene Vincent, Little Richard, Buddy Holly, Big Bopper, Ray Charles, e muitos outros. Em 1959, o balão arrebentou. Elvis foi incorporado no exército. Little Richard mudou de estilo. E a indústria da música estava  a tomar conta do rock´n´roll.

A economia de guerra e o desenvolvimento da indústria levaram gente do campo para a cidade, forçando o relacionamento entre brancos e negros e a tensão social e racial. Também favorecia a influência mútua entre a música negra e a música branca. Da fusão do blues original com os ritmos mais dançantes dos brancos surgiu o rhythm ‘n’ blues, também conhecido como R&B, que levou a música negra ao conhecimento da população consumista.


No início da década de 1950, com o final da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coreia, os EUA
despontavam como grande potência. Mais do que em qualquer outro momento da história, era incentivado o gozo da vida, pois a sociedade estava marcada pelo sofrimento da guerra. A população pela primeira vez tinha dinheiro para gastar com supérfluos como música.

O sexo deixava de ser tabu e passava a ser considerado diversão. As canções de amor passavam a dar lugar a letras mais apimentadas, embora muitas vezes fossem censuradas. O inventor do termo rock ‘n’ roll e responsável pela difusão do estilo foi o DJ Allan Freed, radialista de programas de R&B de Cleveland, Ohio. O termo era uma gíria dos negros americanos para o ato sexual, presente inclusive em muitas letras de blues.

Resumindo tudo isso dito acima:

O pós guerra foi um tempo de austeridade.
A guerra a sério tinha acabado.
A guerra que tinha começado.
A música pop era dominada pelos crooners
Toda a gente desejava uma nova excitação, mas ninguém sabia o quê.
O rock´n´roll era pura excitação.
Durou de 1953 a 1959, demasiado tempo para se continuar exibido.
Era totalmente americano.
 


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