Ele conquistou uma posição de destaque
no cenário da cultura pop americana. Roteirista e desenhista
de sucesso, Frank
Miller teve uma carreira meteórica no competitivo mercado dos quadrinhos nos
Estados Unidos, a ponto de impor suas próprias regras à indústria.
A Comic Con Experience 2016, que
acontece no São Paulo Expo entre 1º e 4 de dezembro, terá a volta de Frank
Miller, mestre dos quadrinhos que esteve na CCXP 2015 e agora retorna para
discutir Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior, a sua nova minissérie do
Batman que está sendo publicada atualmente nos EUA e no Brasil.
Sua carreira começou aos 20 anos, como
desenhista da revista Twilight Zone, da Gold Key Comics. Logo passou a desenhar
episódios da revista Weir War (histórias de terror) para a DC. Mas foi na
Marvel que seu nome começou a brilhar. Não com seus primeiros trabalhos, dois
números do Homem Aranha, mas com um herói com a vida comprometida pela pouca
vendagem: O Demolidor.
Em 1980 ele criou Elektra na primeira
história que escreveu para a revista Demolidor. Ele pegou a revista mensal do
personagem quase falida e, ao longo do tempo em que esteve desenhando e
roteirizando suas aventuras, desenvolveu e sedimentou seu hoje inconfundível
estilo. Fiel à linha de humanização dos super heróis, Miller praticamente
recriou o Demolidor, inspirando nas aventuras do personagem ingredientes
adultos como sexo, violência e análises psicológicas, derrubando ainda o
habitual maniqueísmo dos personagens dos quadrinhos.
Em sagas que chegaram a durar meses,
Miller introduziu nas aventuras do Demolidor uma de suas mais importantes criações,
a ninja assassina Elektra (o grande amor da juventude do herói). Mas, apesar de
sua popularidade, ele não hesitou em mata-la para que se tornasse um eterno
fantasma na vida do Demolidor.
O assassinato da anti-heroína foi a
fórmula de sucesso instantânea. Elektra tornara-se criminosa tão implacável e
violenta que o autor foi obrigado a exterminá-la. Morta, tornou-se mito. A
genialidade de Miller acertou os leitores nas veias. Elektra é uma das grandes
obras da década de 1980.
Desligando-se do Demolidor (personagem
criado em 1940 por Jack Cole) depois de colocá-lo entre os líderes de vendagem,
Miller partiu para um novo trabalho. A segunda maior editora de quadrinhos nos
EUA, a DC Comics deu carta branca a Miller para criar, de cabo a rabo, Ronin.
Essa minissérie em seis partes foi o laboratório do autor para alçar novos voos.
Em cada edição, ele testou técnicos de arte inspirados em quadrinhos europeus,
sul americanos e japoneses. Num mercado como o americano, que sempre olhou para
o próprio umbigo, experimentar técnicas estrangeiras, por si só, já é uma
ousadia.
Diferente dos quadrinhos época (e
estamos falando de 1983), a narrativa de Miller tinha aspectos peculiares.
Mudava de closes para grandes planos gerais, usava uma espécie de plano
sequência, não enclausurava os quadros em formatos quadrados ou retangulares,
mas variava-os. Talvez a sequência memorável seja a sucessão de páginas duplas
em que a base do antagonista é liquidada e suas luzes vão apagando aos poucos,
enquanto Ronin faz o seu trabalho.
Lançada em 1983 seis edições mensais,
Ronin, inteiramente criado por ele, revelava a maturidade do traço, do roteiro,
da edição de páginas e da diagramação desse autor. Mas não obteve o mesmo
sucesso imediato.
2 comentários:
Há um pequeno erro no presente artigo: o Daredevil (Demolidor) o qual Miller trabalhou não é o mesmo criado nos anos 1940.
O primeiro Daredevil foi criado em 1941, por Lev Gleasson e Charlie Biro, e publicado pela editora Lev Gleasson (informação constante no livro "Homens do Amanhã" de Gerard Jones.
O Daredevil o qual Miller trabalhou foi criado por Stan Lee e Bill Everett, em título próprio criado pela Marvel Comics em 1963.
Postar um comentário