16 dezembro 2009

Mergulhe nessa terceira onda (2)

Para o estudioso Stuart Hall, o deslocamento do sujeito foi provocado por cinco rupturas nos discursos do conhecimento moderno. Marx, Freud, Saussure, Foucault e o feminismo foram fundamentais para a descentralização do sujeito enquanto identidade.

O pensamento Marxista reinterpretada na década de 60 tirou o homem do centro do sistema teórico.

A descoberta do inconsciente por Freud que arrasa a idéia do homem como ser provido de identidade fixa e unificadora.

O terceiro descentramento está associado ao trabalho desenvolvido de Ferdinand de Saussure. Ele argumentava que nós não somos em nenhum sentido, os autores das afirmações que fazemos ou dos significados que nos expressamos na língua. A língua é um sistema social e não individual. Ela pré-existe a nós. O trabalho de Ferdinand de Saussure diz que utilizamos a língua segundo padrões estabelecidos para nos posicionarmos de acordo com propostas pré-existentes.

O filósofo e historiador francês Foucault destacou o poder disciplinar onde as novas instituições coletivas de grande escala regulam, vigiam as atividades modernas.

E o último pensamento advém do feminismo que junto com outros movimentos de sua época promoveram transformações sociais importantes para a conceituação de identidade.

Assim a chamada “crise de identidade” pode ser entendida, segundo Stuart Hall, como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. Ou seja, as velhas identidades, fixas, que na pré-modernidade serviram como representações estáveis e referência que os indivíduos, estão em declínio. Novas identidades vêm surgindo e, como conseqüência, ocorre a fragmentação do sujeito moderno.

Segundo os estudiosos, favoráveis a essa teoria, as identidades modernas estão entrando em colapso, transformando, “descentrando”, deslocando não só o sujeito, mas os parâmetros de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que antes forneciam localizações em nossa sociedade.

Tais transformações abalam a idéia que temos de nós mesmo como sujeitos integrados, afetam nossas identidades pessoais. É o “eu” dissolvido e, ao mesmo tempo, exilado no todo – já que se extingue o sentimento de pertencer à sociedade – talvez, mais significativa ainda, seja a “perda de um ´sentido de si´.” da própria identidade. Há um duplo deslocamento: tanto do sujeito em relação à sociedade e à cultura, quanto a si próprio.

E o sujeito moderno está se tornando fragmentado. Composto não só de uma, mas de várias identidades, que podem vir a lutar entre si. A identidade é transformada de acordo com as representações dos sistemas culturais. Nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Assumimos diferentes identidades em diferentes ocasiões ao redor de um eu, não mais, fixo, estável ou permanente. Devido à multiplicação dos sistemas de significação e representação cultural, nos confrontamos com múltiplas possibilidades de identificação.

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