10 novembro 2009

O Chinês Americano

Prêmio Michael l. Printz de excelência em literatura para jovens adultos da American Library Association (troféu até então inédito para os quadrinhos), finalista do National Book Award e indicado ao Eisner de Melhor álbum Original. Esses foram os prêmios do álbum O Chinês Americano que a Cia. das Letras está acertando nessa investida com a Quadrinhos na Cia.
Trata-se do primeiro álbum de quadrinhos a ser indicado ao respeitado Nacional Book Award, um dos mais prestigiosos prêmios literários do mundo . O autor, o californiano Gene Luen Yang, narra três histórias paralelas. Primeiro uma antiga lenda chinesa que ganha uma nova roupagem. Depois a de um imigrante chinês que tenta se adaptar a uma nova escola. E para finalizar a de um estudante americano que todo ano é constrangido pela visita de um primo chinês.

Luen Yang tem total domínio da arte de contar uma história. Aceitação e diferença são as palavras-chave que dão o argumento à obra. E ele desenvolve as histórias com bom humor e um traço leve com o uso de muitas cores. Com sutileza o autor consegue falar sobre preconceito, amizade, bondade e pela busca de se encontrar, de forjar a própria identidade, de ser fiel ao que se é.
Assim ele narra a trajetória do jovem imigrante chinês vivendo nos Estados Unidos, que tenta se adaptar à nova realidade escolar. Rejeitado pelos colegas ocidentais, se vira como pode em meio a provocações, ao isolamento e à ignorância generalizada sobre a cultura de seu país.

A lenda do Rei Macaco incluída aqui serve como o alicerce, pois diz a lenda que ao ser renegado pelos deuses chineses, o Rei Macaco resolve trair suas raízes se transformando em um homem e acaba pagando por isso. O jovem chinês que chega a uma nova escola e nela encontra todas as dificuldades de adaptação no que concerne a essas mudanças, tem tudo para também renegar sua própria personalidade e se adequar aos demais. Ele se constrange e vê seu mundo virar quando um primo distante chega e bagunça toda sua estrutura, causando vergonha perante os seus amigos.
Rejeitado pelos colegas ocidentais, ele se vira como pode em meio a provocações, ao isolamento e à ignorância generalizada sobre a cultura de seu país. Porém, a súbita paixão por uma garota da classe obriga a mudar de postura. A obra é uma denúncia sobre o preconceito étnico que as escolas norte-americanas destilam contra imigrantes. Mostra também o outro lado da história: a incapacidade de os jovens se aceitarem como são. O preconceito para com os outros é apenas um dispositivo para mostrar uma outra verdade inquietante: o nosso preconceito acerca de nós mesmos. Um álbum que deve ser lido por todos. Vale a pena.


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