07 janeiro 2009

Prazer da aventura e da descoberta, Tintin (3)

Vamos conhecer alguns dos personagens criados por Hergé: Tintin representa tudo aquilo que um jornalista do tipo investigativo gostaria de ser – sempre se envolve com fatos misteriosos que se transformam em grandes furos jornalísticos a partir de suas próprias descobertas e suas fontes privilegiadas; Milu, um Rin Tim Tim versão belga. Apesar do porte (os fox-terriers são pequenos e dóceis), ele está sempre atento e capaz de atrair as atenção para a solução dos problemas e os perigos.


Capitão Haddock é alto, robusto, jovial e rude de aparência, um lobo do mar. Apreciador de um whisky e de uma boa cachimbada. Não esconde nada de seus sentimentos, é sincero e espontâneo. Sua cólera é catártica, serve para ele se vingar das mentiras e da mediocridade do mundo. Suas boas intenções duram pouco e as burradas acumulam-se. Nestor é o fiel mordomo do capitão Haddock. Coadjuvante assumido.
Professor Girassol é o cientista maluco. Surdo como uma porta tem função chave nos enigmas decifrados por Tintin. É responsável por boas risadas de humor e suspense nas histórias. Dupond e Dupont são detetives de polícia gêmeos em tudo, menos na grafia dos nomes e nos bigodes. Um virado para baixo (Dupond) e o outro virado para cima (Dupont). Estúpidos, incapazes, pretensiosos e sempre quebram a cara literalmente. Seu vocabulário não é só o clichê, como eles ainda se repetem. Tratava-se de uma sátira aos policiais ingleses. A diva Binca Castafiore, cantora de ópera, se julga a mulher mais bela do universo, o diabólico Rastapopoulos e muitas outras personagens.
Hergé teve uma vida longa e prolífera, sempre publicando seus álbuns, que lhe trouxeram fama e fortuna. De olho na estética, foi grande colecionador de arte abstrata. Ele morreu no dia 03 de março de 1983, de leucemia, aos 76 anos, tendo publicado mais de 22 álbuns em vida. Não teve tempo de terminar “Tintin no País dos Falsários”, que virou um álbum editado em 1986 com os últimos trabalhos do desenhista e com o título de “Tintin et l´Arfh ´Art”. De 1926 a 1986, no entanto, Tintin varou o mundo. Esteve no Congo, nos EUA, Egito, China, América do Sul, Austrália...chegou até a Lua, quinze anos antes dos americanos. Assim, Tintin povoou a infância e adolescência de milhões e milhões de pessoas e tornou-se um herói clássico.
Tintin chegou a vender mais de 50 milhões de livros no mundo inteiro, e já foi traduzido para mais de 21 idiomas. Na França, é conhecido por 95% das crianças e 81% dos adultos. O ex-presidente Charles de Gaulle comentou, certa vez, que Tintin era seu maior rival internacional. O cineasta Jean Cocteau dizia que Tintin “nasceu na idade da adolescência”. Durante anos ele passeou através do mundo com a mesma silhueta de rapaz direito, rosto de lua cheia com seu topete rebelde, indiferente a todas as modas masculinas, fiel às calças de jogador de golfe e os “blue jeans” dos anos 30. Apesar de suas roupas serem consideradas por muitos um tanto anacrônicas para o mundo de hoje o herói nunca saiu de moda.
Junto com seu inseparável cachorro Milou (fox-terrier branco de pelo duro), o jornalista Tintin é a própria expressão concreta de aventura. Envolve-se em tramas que vão do Oriente Médio a Mandchúria. A popularidade da personagem apenas cresceu, à medida em que as histórias se sucediam: Tintin au Congo (1931), Tintin en Amérique (1932), Les cigares du pharaon (1934), Le lótus bleu (1936), L’oreille cassée (1937), L’ile noire (1938), Le sceptre d´Ottokar (1939), Le crabe aux pinces d’or (1941), l’etoile mystérieuse (1942), Le secret de la licorne (1943), Le trésor de Rackham Le Rouge (1944), Les sept boules de cristal (1948), Le temple du soleil (1949), Tintin au pays de l´or noir (1950), Ojectif Lune (1953), On a marche sur la Lune (1954), L’affaire Tournesol (1956), Coke en Stock (1958), Tintin au Tibet (1960), Les bijoux de la Castafiore (1963), Vol 714 pour Sydney (1968), Tintin et les pícaros (1979), Tintin et l’Alph-Art (obra póstuma, incompleta). Em dezembro de 2008 a Companhia das Letras lançou dois álbuns inéditos no Brasil: "As Aventuras de Tintim - Repórter do 'Petit Vingtième' no País dos Sovietes" e "Tintim e a Alfa-Arte".

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