Desde o período paleolítico, a imagem do pênis é encontrada nas paredes das cavernas. Ela volta com força no neolítico, especialmente na forma de megálitos (pedras monumentais erguidas em tempos pré-históricos) muito fálicos. Nessa época, o homem se torna sedentário e passa a desenvolver a agricultura.
Nas culturas pagãs que precederam o cristianismo, o elo entre o humano e o sagrado, um agente do êxtase físico e espiritual que aludia à comunhão com o eterno. Mas também era uma arma contra as mulheres, crianças e homens mais fracos. Era uma força da natureza, reverenciada por sua potência, ainda que não menos amoral. Unia o homem à energia cósmica que cobria os campos todo ano com novos rebanhos e safras – e, com a mesma freqüência, os destruía.
Desde o começo da civilização, o pênis foi mais do que uma parte do corpo. Foi uma idéia, na medida-padrão conceitual, ainda que real, do lugar do homem no mundo. Há séculos, o falo é símbolo de poder e glória. Oscilando entre o sagrado e o profano, já foi motivo de orgulho e vergonha, mas jamais saiu do centro das atenções humanas.
Mito e religião conviveram em paz com o pênis durante toda a Antiguidade. “Egípcios, gregos, romanos usavam a imagem do falo para representar as forças criadoras e fecunda do Universo, o poder gerador da natureza”, diz Bayard Fischer Santos, médico andrologista de Porto Alegre (RS), autor do livro A Medida do Homem.
CULTURA DA VENERAÇÃO
Algumas culturas, antigas e modernas, veneram, esculpem e usam o pênis como pingentes. Outras, como a nossa cultura judaico-cristã, consideram melhor pra todos os envolvidos mantê-lo escondido. Do período neolítico, quando os homens descobriram qual era o seu papel na concepção, até o cristianismo se espalhar pela Europa, quase todas as culturas tinham deuses com pênis notórios.
Os gregos tinham vários deuses do pênis. Priapo era um deles, Dioniso, outro. Ainda havia Hermes que é uma palavra para pênis em grego. Baco, também chamado de Líber, era o deus do pênis em Roma. Osíris, o deus egípcio do pênis. Shiva era o deus indiano. Em lugares antigos, tão variados e distantes como Índia, Japão, Grécia, Roma e Grã Bretanha, havia festivais anuais em homenagem aos deuses do pênis. Imitações de pênis imensos eram carregadas pelas ruas, as pessoas usavam máscaras de pênis e as celebrações geralmente terminavam em orgias.
Enquanto os deuses do pênis reinavam, os monumentos fálicos se espalhavam pela paisagem. Os egípcios levantaram obeliscos, com extremidade em forma de pontas de pirâmide. Alguns sobreviveram – entre eles, a Agulha de Cleópatra, realocada para o Central Park, em Nova York, e outro para a represa de Londres.
Nas sociedades que praticavam a veneração fálica, os falos quase sempre enfeitavam os objetos do dia-a-dia. Eles eram comuns em pinturas de vasos da Grécia Clássica, que regularmente tinham jogos sexuais como tema – somente entre mortais, e entre mortais, sátiros e deuses. Nas escavações das ruínas de Pompéia, o falo era o motivo condutor. A especialidade da antiga cultura peruana, mochica, era vasos com falos servindo de bicos.
O xintoísmo, a religião original do Japão, se relaciona intimamente com a natureza e a veneração fálica é a veneração à força da vida. O Japão vem a ser cheio de pedras naturais com formato de pênis. Eles são tidas como pedras mágicas, com poderes de proteção. Há santuário de pedras fálicas por todo o país.
Através das eras, artistas desenharam e pintaram ereções e atos sexuais de vários tipos. Mas o Ocidente judaico-cristão essas obras eram consideradas pornográficas. Muitas são mantidas em segredos por seus proprietários e grande parte do restante está nos acervos dos museus, em coleções especiais. Entre os artistas famosos estão obras de Leonard da Vinci, Thomas Rowlandson, Egon Schiele, Toulouse-Lautrec, Cocteau, Dali, Picasso e muitos outros. Na fotografia há obras polêmicas de Robert Mapplethorpe ou de desenho erótico de Tom of Finland. Nos quadrinhos temos o nosso Carlos Zéfiro ou mesmo Milo Manara, Robert Crumb, Serpieri..
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