Durante os séculos, as mulheres foram humilhadas, menosprezadas, escravizadas e constantemente utilizadas como forma de prazer para os homens. Só no século XX que teve início a participação efetiva das mulheres na sociedade. Antes esse acesso era negado.
Na Antiguidade a mulher era considerada propriedade do pai até que passasse à condição de esposa, pertencendo a outro homem, ou de escrava, servindo ao senhor que pagou por ela. Na Mesopotâmia, na Grécia e em Roma a esposa reproduzia, a concubina oferecia prazer e companhia, e a prostituta vendia o corpo.
Mesmo inspirando a dramaturgia e a literatura lírica (Medeia, Electra, Afrodite, Helena de Tróia, Penélope e outras), as mulheres na famosa democracia grega não tinham nenhum direito. Era propriedade dos pais, depois dos maridos. Roma seguiu essa cartilha.
Simone de Beauvoir na foto ao lado
Na Idade Média as mulheres eram consideradas uma ameaça sexual. A Igreja Católica estabeleceu as supostas leis de Deus na terra e afirmou que as mulheres seriam instrumentos do demônio, que afastariam os homens da fé. O casamento foi uma concessão à fraqueza humana e o único objetivo do sexo seria a procriação.
No século XI a Igreja decreta a castidade absoluta para o clero. Pura mentira. Na verdade os sacerdotes mantinham suas concubinas abertas ou clandestinas, dependendo do grau de poder da batina que usava. E o meio de controlar o povo era a confissão. No século XII a Igreja cria a Santa Inquisição, a maior vergonha em sua história. Mulheres belas e inteligentes passaram a ser consideradas bruxas e queimadas na fogueira, um dos maiores genocídios da História, tudo promovido em “nome de Deus”.
O século XV é do Renascimento e o nu aparece nas artes (pinturas e esculturas). A Igreja continua com duas facetas morais: uma para o clero onde o Vaticano era uma orgia constante sob o domínio dos Bórgia, e a outra para os fiéis que podiam freqüentar os bordéis. No século XVI a Igreja Romana entrava em decadência e Lutero e Calvino protestaram com a Reforma. O clero passa a ter direito ao casamento e o sexo é considerado natural dentro do casamento. O Vaticano reage com a Contra Reforma e os chavões do tipo “vale mais a virgindade que o casamento” continuavam em voga, além da perseguição às bruxas e a arte considerada luxúria.
Leila Diniz libertária na foto
No século XVII, na França, as mulheres da elite, conhecidas como as Preciosas, emancipadas, lideraram um movimento de reivindicação da dignidade e direito à ascessão social. Mas veio o século XVIII e a ênfase foi para o afeto. A mulher passa a ser frágil e dependente do marido, cuida dos filhos e é submissa e religiosa. No século XIX a pregação é pela castidade onde a boa esposa, novo modelo de mulher, é uma reprimida. Surgem as histéricas e as frígidas. Mulheres que gostam muito de sexo passavam a ser conhecidas como ninfomaníaca. Era o vitorianismo (da rainha Vitória) ditando comportamento, extirpando os clitóris para tentar conter a ameaça. A Igreja e a Medicina se uniram para controlar a mulher.
No século XX despertou-se para a consciência (Freud) e a humanidade descobriu que a vida era curta. Foi o início da Revolução Sexual. A luta feminina começava a se fortalecer. Sabemos que foi em 1789 (há 220 anos), na Revolução Francesa, que as reivindicações da mulher tiveram início, mesmo ameaçadas pela guilhotina.
Vieram depois a escritora inglesa Mary Wollstonecraft, Mary Shelley, Glória Steinem, Kate Millett, Shere Hite, Camille Paglia, Simone de Beauvoir, Bety Friedman, Srojini Naidu, Leila Diniz.... A luta pela igualdade continua, apesar de ser uma promessa distante. Mas a onda conservadora deve ser varrida do mundo, e os progressistas continuam com a bandeira da liberdade para todos.
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