Na Europa, por exemplo, um habitante consome entre 200 a 300 litros de água por dia. Nos Estados Unidos, esse número é assustador, tendo em vista que cada norte-americano gasta desenfreadamente, por dia, 575 litros sendo 50 deles somente com descarga. O disparate é que em Moçambique esse número é de 10 litros por pessoa/dia. No Brasil o consumo chega a 138,5 litros por habitante/dia, sendo o Sudeste a região que mais consome (166,2 l/hab/dia) e a região com menor consumo é o Norte (101,7 l/hab. dia). O Nordeste está em terceira colocação com um gasto de (106,4 l/hab/dia) ficando a frente ainda das regiões Centro-Oeste (133,1 l/hab. dia) e Sul (134,9 l/hab. dia). O dado mais assustador é que para cada habitante é necessário apenas a utilização de 20 litros/dia.
Além do consumo efetivo da população, no país são desperdiçadas ainda 199 litros/dia de água pela indústria, pecuária e agricultura o que perfaz um consumo diário entre o cidadão e as indústrias de 337,5. O superintendente do Instituto de Águas e Climas, autarquia ligada a Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia, Júlio Rocha, em viagem a Tel Aviv em Israel, conheceu o sistema de tratamento de águas residuárias e o projeto de reaproveitamento que trata o esgoto transformando em água para a Irrigação, alternativa que pode fornecer água reaproveitada de forma consciente.
SEMI ÁRIDO - Na Bahia 69,3% do território é composto pela região do semi-árido que necessita de irrigação nos plantios. Essa região abrange 266 municípios e população estimada pelo IBGE no último senso de 6.451.835 habitantes. A irrigação é uma técnica utilizada na agricultura que tem como objetivo o fornecimento controlado de água para a plantação. No Brasil, 50% do desperdício é causado pelo uso irregular da irrigação.
Um outro grande vilão do desperdiço de água está dentro de casa. Cinco minutos escovando os dentes com a torneira ligada são necessários para desperdiçar 12 litros de água. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), 63% do consumo de água residencial acontece no banheiro, e o chuveiro é um dos principais responsáveis por essa perda desenfreada. Cada minuto embaixo do chuveiro ligado pode chegar a gastar 6 litros de água. Por exemplo, um banho de ducha por 15 minutos com registro meio aberto chega a consumir 135 litros, porém, se o registro for fechado ao se ensaboar e reduzirmos o tempo para 5 minutos, o gasto cai pra 45 litros. Uma válvula de privada no Brasil chega a utilizar 20 litros de água em um único aperto.
Do mês de janeiro a junho deste ano, são consumidos na Bahia, cerca de 201 milhões de metros cúbicos de água tratada e distribuída pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa). Um metro cúbico corresponde a mil litros de água A Embasa realiza campanhas de conscientização nos 355 municípios baianos que recebem água distribuída pela empresa. Ao todo, são cartilhas, panfletos e palestras que são desenvolvidas por técnicos para essas regiões, porém as ações de políticas públicas precisam ser mais efetivas para que a cultura do desperdício diminua e para que a população conheça outras alternativas de consumo.
ALTERNATIVAS VERDES – A Secretaria Nacional de Habitação, por exemplo, investe mais de US$ 10 milhões para a troca de vasos sanitários em residências no Brasil, através do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQPH. De acordo com a ANA a “alteração significativa do volume de descarga é utilizado para o funcionamento das bacias sanitárias. A redução é de 40% no consumo de cada aparelho, diminuindo em até 15% o consumo diário de água de uma habitação, e criando condições para a implementação de programas de uso racional da água em edifícios, com resultados significativos (reduzindo 12 a 15 litros por descarga para 6,8)”. Essa alternativa pode partir do próprio cidadão. Já está disponível no mercado vasos sanitários que reduzem o desperdício de água. A ANA afirma ainda que 93% das empresas fabricantes de vasos sanitários no Brasil participam do Programa.
Uma outra possibilidade de redução do desperdício é substituir também, as torneiras das pias por outras mais econômicas, além de fechá-las durante o ensaboamento da louça, durante a escovação dos dentes ou durante o ensaboamento no banho. Ainda, pode-se realizar a implantação de coleta e aproveitamento da chuva. Enquanto São Pedro ajudar, você pode captar a água da chuva para consumo não potável como irrigação de plantas, jardins, lavagem do carro, inclusive para a bacia sanitária. Alternativas como estas já estão sendo realizadas em países como Estados Unidos, Alemanha e Japão e nos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
Realizá-las não parece ser tão difícil. Precisa-se apenas que as casas sejam equipadas com calhas nas laterais para que a água da chuva seja filtrada e levada para um recipiente onde ela será reservada, para posteriormente ser utilizada para o consumo não potável. Para quem mora em apartamentos, a alternativa é fazer contratar uma empresa que possa realizar o novo formato de coleta para distribuição no condomínio. Alternativas com estas aliviam o gasto econômico e reduzem o gasto desnecessário, que simbolizam educação e respeito com todos.
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