E nesses 40 anos da Tribuna da Bahia, comemorados em outubro de 2009, o jornalista, produtor editorial e professor do Centro Universitário da Bahia (FIB/Estácio) Luis Guilherme Pontes Tavares lançou o livro HAF NA TB “A passagem de Hamilton Almeida Filho na Tribuna da Bahia entre 1972 e 1973” dentro da Coleção Cipriano Barata, do Núcleo de Estudos da História dos Impressos da Bahia - Nehib.
Mas quem foi esse Haf? Para o jornalista Césio Oliveira, ele funcionou, na época, como o anjo do filme Teorema, de Pier Paolo Pasolini (1968), “revelando em cada um dos colegas de redação facetas que disfarçavam”. Diz mais: “Magro, cabeludo, bem de acordo com o figurino da época, ele reuniu em torno dele muitos admiradores...”. Assim, a breve passagem do jornalista Hamilton Almeida Filho pela TB foi meteórica, flamejante, iluminada, “ajudou a distinguir jovens talentos que, mais adiante, constituíram a redação dos alternativos Boca do Inferno e Invasão, entre 1976 e 1977”.
Nascido na cidade paulistana de Taubaté, em 1946, Hamilton iniciou a carreira jornalística aos 15 anos no jornal carioca A Noite e em sua trajetória escreveu para o Jornal do Brasil, O Estado de S.Paulo, Jornal da Tarde, Opinião, as revistas O Cruzeiro, Realidade, Bondinho, entre outras.
Quando chegou à TB em outubro de 1972 possuía três prêmios Esso de Jornalismo e um entusiasmo contagiante. Luís Guilherme conta do sucesso do caderno especial sobre a Guerra do Vietnã que Hamilton produziu para a TB no dia 28 de janeiro de 1973. Com seis páginas em policromia, o caderno dedicado à paz no Vietnã já trazia desenhos e uma tira de quadrinhos do norte-americano Jules Feiffer. Uma excelente escolha a de Feiffer com seu humor que pode ser hilariante ou cruel, mas que revela sempre as idiossincrasias de uma sociedade multifacetada. Humor brilhante e traço inovador. Assim como os trabalhos caligráficos de Lage.
“Ele tinha essa obstinação de mergulhar nos fatos e trazê-los à tona, e para fazer isso era preciso saber o que trazer e documentar e transcrever isso com graça, com a virtude de quem tem a criação. Ele era muito apegado aos fatos, ele tinha essa preocupação. O que era característica do Hamilton era fundamentalmente essa preocupação em estar colocando a reportagem como instrumento de transformação (...) Hamilton queria fazer o jornalismo aflorar, renovar, não só a linguagem, mas fundamentalmente a informação, fazê-la circular com mais liberdade, era um editor de primeira qualidade, tinha uma sensibilidade enorme para percepção do conjunto da coisa, da cabeça da matéria, do título, na condução do texto, a coisa formal, e uma percepção maravilhosa de destaque gráfico”, ressaltou o jornalista Gustavo Falcón, que construiu laços fontes de amizade com Haf na TB como atestou Luís Guilherme.
Esse trabalho inovador de Haf, principalmente na área gráfica veio de sua experiência no Jornal da Tarde, criado em São Paulo em 1966. Esse jornal que trazia um visual renovador e uma linguagem criativa inspirou muito a Quintino de Carvalho quando fundou a Tribuna da Bahia. Basta lembrar que a TB foi o primeiro jornal a dar grandes destaques nas fotos e/ou ilustrações, o primeiro na Bahia a cores aos domingos.
Haf também foi um dos integrantes do jornal alternativo Ex (um dos títulos mais criativos do jornalismo da década de 1970) e Mais Um, além de publicar o livro A sangue quente, sobre a morte de Herzog. Um trabalho revelador esse de Luís Guilherme sobre a rápida trajetória de Raf na TB. Agora um alerta aos pesquisadores da Bahia. É preciso enriquecer mais ainda a bibliografia da mídia baiana. Livro que relate a trajetória de nossa tevê, rádio e jornal. Só a Tribuna da Bahia teve como editores Quintino de Carvalho, Milton Cayres, João Ubaldo Ribeiro, Cid Teixeira entre outras lendas da cultura soteropolitana. Vamos resgatar essa história. A Bahia precisa conhecer mais seu passado para fortalecer ainda mais o presente. Parabéns Luís Guilherme pela obra que se encontra à venda na Livraria LDM, Piedade. Vale a leitura!.
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Alguém sabe quanto custa o livro, Haf na TB
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Obrigado