29 janeiro 2010

Música & Poesia

Hino de Duran (Chico Buarque)

Se tu falas muitas palavras sutis
Se gostas de senhas sussurros ardís
A lei tem ouvidos pra te delatar
Nas pedras do teu próprio lar



Se trazes no bolso a contravenção
Muambas, baganas e nem um tostão
A lei te vigia, bandido infeliz
Com seus olhos de raios X



Se vives nas sombras freqüentas porões
Se tramas assaltos ou revoluções
A lei te procura amanhã de manhã
Com seu faro de dobermam



E se definitivamente a sociedade
só te tem desprezo e horror
E mesmo nas galeras és nocivo,
és um estorvo, és um tumor
A lei fecha o livro, te pregam na cruz
depois chamam os urubus



Se pensas que burlas as normas penais
Insuflas agitas e gritas demais
A lei logo vai te abraçar infrator
com seus braços de estivador



Se pensas que pensas estás redondamente enganado
E como já disse o Dr Eiras,
vem chegando aí, junto com o delegado
pra te levar...


Pedra e bala (ou os sertões) (José Paes De Lira / Bnegão / Clayton Barros) Cordel do Fogo Encantado


juntem as forças pra seguir nessa jornada
busquem as forças pra lutar na sua própria batalha
a poeira subiu de ambos os lados
arames farpados olhos e punhos fechados cerrados
a face marcada pela mesma vida seca como a terra rachada
uma sombra densa e pesada eclipsando o que há de melhor na sua alma
o verdadeiro terror mais sufocante que o caloressa é a sua jaula
os desertos se encontram de várias formas
seja no espírito no solo ou na mente através de idéias tortas
que produzem gente morta em escala industrial



guerra pela terra
a pedra contra o tanque
guerra altera a terra nada será como antes



na inversão dos papéis do pequeno davi contra golias o gigante
como os barões das mega corporações
gigante como o coronelado dos grandes e pequenos sertões
como vários e vários e vários ubiratans
com seus sanguinários batalhões
que na sua prepotência e ignorância bélica
não conseguirão perceber a força e a chegada certeira daquela pedra



juntem as forças pra seguir nessa jornada
busquem as forças pra lutar na sua própria batalha



um beijo seco no portão do teu ouvido
quebrando cercas pra chegar na nossa mira
a pedra curte a bala corre e voa
a pedra fura bala transpassa
a bala é quente e a pedra é pura como um gole de cachaça
velho como teu projeto louco
forte como quem chora de medo



guerra pela terra
a pedra contra o tanque
guerra altera a terra nada será como antes



escuto em alto-falantes aquele som de cimento dessa muralha sem fim
e o desejo a pedra e a balaa santa paz fora do jogo
pois o que fala alto é pedra e bala
naquela praça onde as crianças brincam
naquele prédio perto das estrelas
naquele circo no qual quando chove não há espetáculo.

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