Em outubro de 1969, o novo presidente, outro gaúcho, General Emílio Garrastazu Médice (1964-1974) assumiu com poderes amplos, apoio militar e dos setores conservadores da sociedade Foi instalado a censura ampla, geral e irrestrita, atingindo em cheio a produção cultural do Brasil e a imprensa. Médice deu início àquela que talvez tenha sido o período mais repressivo da história do Brasil. As denúncias de torturas contra presos políticos correram o mundo durante o ano de 1970 e provocaram um grave embaraço para o governo brasileiro que preferiu atribuí-las a uma campanha da esquerda comunista contra o Brasil. O governo militar declarou guerra aos movimentos armados e partiram para um vale-tudo com mortes, prisões, torturas, sequestros, exílios. A desarticulação do movimento sindical, o crescimento industrial e as condições externas impulsionaram a economia brasileira em 1970. Com isso o governo conquistou o apoio da classe média, ansiosa pelo poder de consumo. Glórias da seleção canarinho de futebol. Tricampeã do mundo. Médice inaugurou a Transamazônica.
Durante seu governo houve um brutal processo de concentração de renda e o crescimento desmedido da dívida externa e do fosso social que separava ricos de pobres. O país ia bem, e o povo, de mal a pior. Os militares que se diziam patriotas trataram muitos símbolos pátrios com as costumeiras truculência. Graças a isso o Brasil de 1970 tinha poetas e cantores no exílio, professores banidos e políticos cassados. Além de desfiles militares e propaganda ufanistas, a ditadura pouco tinha a apresentar ao país. Para louvar a pátria restava o futebol. Como a seleção brasileiro iria disputar a Copa de 70 no México, os generais aproveitaram para transformar o evento numa vítima do país que sonhavam. Substituíram o técnico João Saldanha (militante comunista) e que o novo técnico convocasse o atacante Dário, centroavante de estilo abrutalhado e ídolo do presidente. A comissão técnica era só de militares. “Ninguém segura este país”, dizia o departamento de propaganda do governo. Data da época deste governo a famosa campanha publicitária cujo slogan era: "Brasil, ame-o ou deixe-o" inspirada no dístico conservador americano "Love it or leave it". É inaugurada a ponte Rio-Niterói. Médice deixou o governo antes da crise econômica que se abateu sobre o mundo e atingiu em cheio o Brasil. O sucessor do presidente Médice foi escolhido também por uma eleição nos quartéis, no qual votaram apenas os oficiais superiores das três armas. Em 1974, o vencedor foi o general Enesto Geisel.
Outro general, desta vez outro gaúcho Ernesto Geisel (1974-1979) assumiu a presidência com a missão de iniciar o processo de abertura no país e de levar de volta os militares para os quartéis. Com o fim do milagre brasileiro e o sonho de consumo da classe média, sobrou para o general pegar uma pedreira pela frente, com o aumento do preço do petróleo no mercado mundial, o início da recessão, alta da inflação, perda do poder aquisitivo do salário e a vitoria da oposição em vários estados da federação. Geisel manteve as rédeas do poder graças ao Pacote de Abril, enfiado goela abaixo do Congresso que impunha um mandato de cinco anos para o presidente, entre outras coisas. Tortura e mortes à sombra da falta de liberdade de imprensa. Mais tarde, com o fim da censura nos meios de comunicação abriu uma enxurrada de críticas ao governo. A crise que se abateu sobre o país deixou claro que o regime tinha se esgotado. Mesmo com todas as crises políticas e econômicas, Geisel não apenas seria o único general-presidente a fazer seu sucessor (depois de vencer a quebra-de-braço com o general Silvio Frota, da linha dura) como conseguiria cumprir a promessa de concretizar sua “abertura lenta e gradual”. No dia 1º de janeiro de 1979, extinguiu o AI-5. Em março João Figueiredo tomou posse.
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