31 março 2009

Poder da Igreja de banir as mulheres (2)

As práticas de controle da sexualidade produziram violências que ainda hoje se reproduzem em sociedades africanas e entre os muçulmanos, como a extirpação do clitóris na mulher, que teriam seu contraponto nas práticas sadomasoquistas até os dias de hoje. Em 1997 uma somaliana fugitiva denuncia a mutilação feminina. Em 28 países africanos, na Índia e em alguns países asiáticos, quando as meninas começam a apresentar os atributos femininos, os pais exigem e as mães executam a extirpação do clitóris e, às vezes, até dos lábios da vagina, usando tesouras, lâminas e mesmo pedaços de vidro.

Numa cerimônia banhada em sangue e dor, costuram tudo, deixando uma pequena abertura para a saída da urina e da menstruação. A tortura acompanha a vida destas mulheres. Nada sensibiliza os pais que exigem a mutilação como garantia de pureza, enquanto os maridos a exigem como garantia de felicidade da esposa. As mães compactuam com o crime e repetem, o que lhes ensinaram: é um ato religioso, que faz parte da cultura do povo e que lhes foi transmitido pelas mães e avós, como o único meio de garantir o bom comportamento das meninas e impedir que elas fiquem livres.
“O rito de passagem, iniciático e religioso, serve de véu para encobrir o verdadeiro motivo do ato cruel, bárbaro, macabro. As sociedades ocidentais e orientais foram contaminadas por uma máxima que elas repetem incessantemente: a superioridade do macho sobre a fêmea, que se manifesta no âmbito biológico, intelectual, social e religioso; foram contaminados ainda pelo postulado fundamental, aceito pelos pensamentos greco-romano e judaico-cristão: o desejo e o prazer femininos são animalescos e a sexualidade da mulher, comandada pelos sentidos, deve ser domada, porque é perniciosa para a sociedade e para o homem”, informa a professora Maria Nazareth Alvim de Barros.
Segundo a historiadora britânica Geraldine Brooks, o costume da circuncisão feminina se originou na África Central na Idade da Pedra, seguindo para o norte do continente africano. No Ocidente, a circuncisão era utilizada como processo terapêutico até os anos 50. Médicos britânicos e norte-americanos praticavam a clitoridectomia e a castração feminina (retirada dos ovários) para enfrentar melancolia e ninfomania. Até o século 19, acreditava-se que as mesmas práticas “curavam” histeria, masturbação, lesbianismo e epilepsia.
Fatores culturais não devem servir de pretexto para violações aos direitos humanos, segundo a advogada norte americana Layli Miller, que obteve asilo nos EUA para uma africana que fugiu de Togo a fim de evitar a mutilação genital: Fauziya Kassindja. Entre as formas de discriminação contra as mulheres, a advogada cita o tráfico de mulheres, a violência doméstica e o “horror killings” (assassinatos motivados por ofendas à “honra”). “Crimes de honra também são um problema no Brasil. Parecem diferentes do que ocorre no Paquistão, onde uma mulher pode ser morta por se recusar a casar-se com o homem indicado por seu pai, mas traduzem a mesma idéia: a honra de um homem é um pretexto para assassinatos. Por exemplo, se ele descobre que a mulher o trai, ele a mata e não necessariamente é enviado à prisão. Isso também é crime de honra”. A cultura judaica-cristã atribuiu a idéia de culpa relacionada ao sexo e a circuncisão masculina (corte no pênis) indica o ingresso da criança no seio da comunidade.
A partir do século X, a Igreja se empenha em aprimorar seus instrumentos de controle e dominação. Dois séculos mais tarde, ao instituir a confissão, vê-se em condições de reger o íntimo. Para o bispo Étienne de Fougères, a mulher é portadora de mal. Ele repete com vigor no “Livre dês manières” (Livro das maneiras), composto entre 1174 e 1178. Escreveu-o em língua romântica, dirigido, portanto, aos membros da corte, aos cavaleiros e às damas. Trata-se de um longo poema – 336 estrofes, 1.344 versos -, sob forma de um sermão. Uma coleção de seis sermões, cada um deles referente a uma categoria social, sublinhando seus defeitos específicos e propondo-lhe um modelo de conduta. Esse homem de Igreja julga, define as infrações a fim de as reprimir, baseando-se na autoridade de seus antecessores (Marbode, o bispo Burchard de Worms, entre outros), e deste modo assentar solidamente, pouco a pouco, as regras de uma moral.

4 comentários:

  1. Anônimo5:43 PM

    Nossa que isso gente
    morte as religiao odeio completamente
    agora
    odiando mais ainda

    Patricia 13 anos.

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  2. Anônimo9:16 PM

    Nossa que isso gente
    morte as religiao odeio completamente
    agora
    odiando mais ainda

    Patricia 13 anos.


    fiquei com tanta raiva que acabei dizendo bobeiras, se possivel remove este comentario como o anterior, gostei me ajudou muito o texto
    obrigada

    Bjs

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  3. Anônimo9:33 PM

    Se fizerem isso aqui na minha cidade, acaba com a atividade econômica...

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  4. Infelizmente a falta de conhecimento bíblico levo o povo a se render a essas práticas, só o verdadeiro evangelho poderá mudar isso, pena que poucos estão dispostos a levá-lo a sério!

    Williham,

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