O Marquês de Sade (1740/1814) – Criado na residência de Conde, na familiaridade do príncipe de Bourbon, formado pelos jesuítas em Louis-de-Grab, a quem deverá o amor pela linguagem e uma dialética rigorosa, subtenente aos 15 anos, capitão aos 19, ele prefere freqüentar os bordéis parisiense (os mais refinados da Europa, os mais bem providos de belas mulheres, os mais inventivos em prazeres inéditos) à vida de guarnição e a relação com dançarinas à convivência com seus pares. Ele cria assim, numa idade tenra, uma sólida reputação de devasso, o que não o impede de casar-se legalmente em segunda núpcias com a filha de um rico magistrado. Renée-Pélagie de Montreuil. Longe de acalmá-lo, o casamento o estimula. Ele busca sistematicamente as prostitutas, freqüenta assiduamente o bordel de “la Brissault”, a cafetina dos esnobes, e mantém suas numerosas aventuras nas casas que abriga em Paris, Versalhes, Arcueil.
Quatro meses depois de seu casamento, depois de libertinagens indiscretas, sofre sua primeira prisão, muito breve, na torre de Vincennes. Em 1768 surge o primeiro caso “sádico”, quando chicoteia cruelmente uma mendinga na Páscoa. Ele consegue fugir e Sade fica preso durante sete meses. Libertado, ele vai para o castelo de La Coste, na região de Vaucluse, e, em 1772, promove outra facécia libertina. Trata-se, desta vez, de uma grandiosa bacanal com um batalhão de prostitutas. Desta vez Sade entrega-se ao flagelo ativo e passivo, à sodomia homossexual. Para robustecer seus prazeres, serviu em quantidade de bombons afrodisíacos. Uma das mulheres sentiu-se mal e teve uma crise de vômitos. O caso tem repercussão. Acusado de envenenamento e sodomia, Sade é condenado à morte pelo parlamento da Provença e executado, simbolicamente. Ele consegue fugir e vive na Itália com acunhada, que compartilha não somente de suas viagens, mas também de seus prazeres. Sua sogra, furiosa, faz com que o persigam ativamente e utiliza sua influência para obter uma ordem de prisão.
Até 1775 ele se esconde da justiça e dos policiais. Preso, consegue evadir-se de forma romanesca esse esconde em La Coste com sua mulher. Ela também compartilha dos festins que ele organiza com cinco meninas que contratou por seus serviços e que acabarão por denunciá-lo. Preso em 1776, é levado a Vincennes e depois à Bastilha, onde permanece até1788, depois para Charenton, de onde sai somente em 1790 em virtude do decreto da Assembléia Nacional abolindo a ordem de prisão.
Uma condenação à morte e 15 anos de prisão por aos de libertinagem audaciosos e perversos nas barbas da polícia e quase sob sua proteção, nos bordéis da moda, e que nada tem a ver com os verdadeiros atos de sadismo mortal aos quais se entregavam com toda a impunidade contemporâneas melhor protegidos que o marquês de Sade das perseguições de uma sogra que odiava seu genro com uma aversão atuante. A opinião pública, exasperada com os exageros cometidos todos os dias até mesmo por pessoas próximas ao Rei e com a indulgência que a justiça demonstrava em relação aos grandes, teria pressionado as autoridades por atos pelos quais outros eram poupados. Ele confessou: “Sim, sou um libertino, eu confesso, concebi tudo o que é possível conceber nesta matéria; mas seguramente não fiz tudo o que concebi e seguramente não o farei jamais. Eu sou um libertino, mas não sou nem um criminoso, nem um assassino”.
A Revolução lhe devolvera a liberdade. O terror devia retomá-lo. Preso em 1793, Sade foi salvo do cadafalso pelo fim do terror. Foi solto em 1794, viveu alguns anos de tranqüilidade – mas com problemas financeiros – compartilhado com Marie-Christine Quesnet, até 1801. Sob o novo regime foi preso como autor de obras obscenas e encarcerado em Sainte-Pélagie, depois em Bicêtre. Em 1803 foi transferido para a asa de saúde de Charenton, onde o teatro tornou-se sua principal distração e onde morreria, considerado louco, sem ter recuperado a liberdade, em 1814.
A segunda metade do século XVIII parecem desencadear-se numa espécie de corrupção generalizada, sobretudo entre a sociedade dourada que se aproveita da impunidade concedida aos grandes pela autoridade que não quer toca-los. São abundantes os exemplos, na alta aristocracia, de casos de sodomia e de incesto até sobre os degraus do trono, de personalidades em evidência que apenas escapam ao suplício da roda ou do cadafalso graças a sua alta condição social, à tradição de seus nomes e às proteções de que se beneficiam. Existia uma realidade social do sadismo e que Sade apenas teria o trabalho de abeberar-se nos quadros vivos que lhe ofereciam seus contemporâneos. Sade foi a besta negra, o bode expiatório, a vítima do Antigo Regime agonizante, no momento em que este, vendo o mundo que sustentava esboroar-se por toda parte, tentava salvar sua existência com a instauração de uma ordem moral destinada a mascarar sua fraqueza e seu esgotamento.
Quatro meses depois de seu casamento, depois de libertinagens indiscretas, sofre sua primeira prisão, muito breve, na torre de Vincennes. Em 1768 surge o primeiro caso “sádico”, quando chicoteia cruelmente uma mendinga na Páscoa. Ele consegue fugir e Sade fica preso durante sete meses. Libertado, ele vai para o castelo de La Coste, na região de Vaucluse, e, em 1772, promove outra facécia libertina. Trata-se, desta vez, de uma grandiosa bacanal com um batalhão de prostitutas. Desta vez Sade entrega-se ao flagelo ativo e passivo, à sodomia homossexual. Para robustecer seus prazeres, serviu em quantidade de bombons afrodisíacos. Uma das mulheres sentiu-se mal e teve uma crise de vômitos. O caso tem repercussão. Acusado de envenenamento e sodomia, Sade é condenado à morte pelo parlamento da Provença e executado, simbolicamente. Ele consegue fugir e vive na Itália com acunhada, que compartilha não somente de suas viagens, mas também de seus prazeres. Sua sogra, furiosa, faz com que o persigam ativamente e utiliza sua influência para obter uma ordem de prisão.
Até 1775 ele se esconde da justiça e dos policiais. Preso, consegue evadir-se de forma romanesca esse esconde em La Coste com sua mulher. Ela também compartilha dos festins que ele organiza com cinco meninas que contratou por seus serviços e que acabarão por denunciá-lo. Preso em 1776, é levado a Vincennes e depois à Bastilha, onde permanece até1788, depois para Charenton, de onde sai somente em 1790 em virtude do decreto da Assembléia Nacional abolindo a ordem de prisão.
Uma condenação à morte e 15 anos de prisão por aos de libertinagem audaciosos e perversos nas barbas da polícia e quase sob sua proteção, nos bordéis da moda, e que nada tem a ver com os verdadeiros atos de sadismo mortal aos quais se entregavam com toda a impunidade contemporâneas melhor protegidos que o marquês de Sade das perseguições de uma sogra que odiava seu genro com uma aversão atuante. A opinião pública, exasperada com os exageros cometidos todos os dias até mesmo por pessoas próximas ao Rei e com a indulgência que a justiça demonstrava em relação aos grandes, teria pressionado as autoridades por atos pelos quais outros eram poupados. Ele confessou: “Sim, sou um libertino, eu confesso, concebi tudo o que é possível conceber nesta matéria; mas seguramente não fiz tudo o que concebi e seguramente não o farei jamais. Eu sou um libertino, mas não sou nem um criminoso, nem um assassino”.
A Revolução lhe devolvera a liberdade. O terror devia retomá-lo. Preso em 1793, Sade foi salvo do cadafalso pelo fim do terror. Foi solto em 1794, viveu alguns anos de tranqüilidade – mas com problemas financeiros – compartilhado com Marie-Christine Quesnet, até 1801. Sob o novo regime foi preso como autor de obras obscenas e encarcerado em Sainte-Pélagie, depois em Bicêtre. Em 1803 foi transferido para a asa de saúde de Charenton, onde o teatro tornou-se sua principal distração e onde morreria, considerado louco, sem ter recuperado a liberdade, em 1814.
A segunda metade do século XVIII parecem desencadear-se numa espécie de corrupção generalizada, sobretudo entre a sociedade dourada que se aproveita da impunidade concedida aos grandes pela autoridade que não quer toca-los. São abundantes os exemplos, na alta aristocracia, de casos de sodomia e de incesto até sobre os degraus do trono, de personalidades em evidência que apenas escapam ao suplício da roda ou do cadafalso graças a sua alta condição social, à tradição de seus nomes e às proteções de que se beneficiam. Existia uma realidade social do sadismo e que Sade apenas teria o trabalho de abeberar-se nos quadros vivos que lhe ofereciam seus contemporâneos. Sade foi a besta negra, o bode expiatório, a vítima do Antigo Regime agonizante, no momento em que este, vendo o mundo que sustentava esboroar-se por toda parte, tentava salvar sua existência com a instauração de uma ordem moral destinada a mascarar sua fraqueza e seu esgotamento.
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