08 setembro 2009

Presidentes do Brasil (11)

De 1979 a 1985 outro general, João Batista Figueiredo foi o escolhido para governar o país. De uma truculência quase caricatural, dono de frases que seriam hilárias se, antes, não soassem absurdas na boca de um presidente militar, Figueiredo foi um retrato fiel das incongruências do Brasil. Se antes, no governo Médice a economia ia bem e o povo mal, no governo Figueiredo tanto a economia quanto o povo foram tremendamente mal. O modelo concentrador de renda e o arrocho salarial fizeram bem a algumas empresas e empresários que lucraram com a inflação e a manipulação de taxas de correção monetária. O novo presidente-general marcou o fim do período militar no Brasil.. Os ventos da abertura sopravam de forma mais consistente. A Lei da Anistia permitiu a volta dos banidos, a liberdade de presos políticos, mas que também anistiou os militares que usaram a força e a tortura para fechar o regime. O regime acabou com o bipartidarismo e a oposição se dividiu.

Em seu governo, em 1982, realizaram-se as primeiras eleições diretas para governador de estado desde 1965. Como presidente, discursou de forma marcante na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, criticando os altos juros impostos pelos países desenvolvidos. Sua gestão ficou inicialmente marcada pela grave crise econômica que assolou o Brasil e o mundo, com as altas taxas de juros internacionais, pelo segundo choque do petróleo em 1979, altos índices recessivos e inflacionários e com a dívida externa crescente no Brasil, além de um aumento na instabilidade social.

Aconteceu em 1981, uma grande seca no nordeste do Brasil, acontecendo saques a armazéns pelos flagelados, e foram criadas frentes de trabalho para gerar renda para as vítimas da seca. Também foi autor do maior programa de habitação da história do Brasil, construindo quase 3 milhões de casas populares - mais do que a soma de toda a história do BNH (Banco Nacional de Habitação, que posteriormente foi incorporado à caixa econômica) implantada pelo então Ministro do Interior Mario Andreazza. Contudo, durante o seu governo ocorreram uma série de atentados terroristas atribuídos a direita, como bombas em bancas de jornais e explosões em organismos que defendiam os direitos humanos. O mais célebre atentado foi o que aconteceu no Riocentro. No local era realizado um show musical popular com a participação de milhares de jovens. Não se sabe se por acidente ou imperícia, uma bomba de alto poder explodiu dentro do carro de agentes do governo, matando um sargento e ferindo gravemente um capitão, ambos do exército. O governo negou conhecimento da operação no Riocentro, mas a partir desse acidente, os atentados cessaram. Foi um dos fatos que mais desmoralizaram a ditadura militar instaurada em 1964, e marcou o início de seu declínio. Em decorrência da não-punição dos autores do atentado, o general Golbery do Couto e Silva, que tinha sido um de seus braços direitos e é considerado por alguns como o cérebro da política de gradual e controlada abertura política, afastou-se de seu governo. Figueiredo atribuia os atentados aos "Bolsões radicais porém sinceros", ou seja, militares da linha-dura que não queriam que a abertura política de Figueiredo fosse em frente por medo de revanchismo caso as oposições chegassem ao poder.

Em 1985, deixou a cargo do PDS a escolha do candidato da situação, não interferindo na escolha de Paulo Maluf, candidato que não apoiava. Foi sucedido na presidência por José Sarney (seu antigo desafeto de partido), vice de Tancredo Neves, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional que, embora fosse candidato da oposição, havia recebido apoio até do ex-presidente Ernesto Geisel, com quem se encontrara três vezes. Figueiredo não quis entregar a faixa presidencial a Sarney na cerimônia de posse em 15 de março de 1985, pois o considerava um "impostor", vice de um presidente que nunca havia assumido. Em setembro de 1981 Figueiredo sofre um infarto e seu vice, o mineiro Aureliano Chaves, assume a presidência.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------
Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela)

Nenhum comentário:

Postar um comentário