Tudo começou nas salas de aula, do contato com tantas crianças, daquela algazarra gostosa do dia-a-dia na escola, do zum zum zum juvenil. Parecia que ele estava dentro de um gibi que tanto gosta de ler junto com os livros desde garotinho. Assim Luis Augusto teve a idéia de criar uma história em quadrinhos cujo foco é o universo infantil em toda a sua diversidade, abordando questões como diferenças físicas e sociais, paixão, ciúme, traquinagem, entre outras. E tudo com espaço para alegria, fantasia, sonho, dor, tristeza e a luta para continuar a viver. O que Luis Augusto faz é mostrar a criança primeiro como cidadã, como ser presente e atuante, seus direitos, deveres e responsabilidade com muito senso de humor. E haja humor em cada tirinha!.
O primeiro as saltar do papel para os quadrinhos e depois os livros infantis e até desenho animado foi Lucas, um garotinho que não sabe falar. O menino que já carregava a responsabilidade de representar a mudez social da infância sem perder a doçura agradou a todos. Lucas é apaixonado pelo esporte: joga futebol, anda de skate com o amigo Pedro Souza e adora viajar nas palavras. Ah!, ele também gosta de sonhar, olhar para as estrelas e tentar imaginar quantas delas estão olhando para ele... Além de frequentar a escola, de fugir da Carolina (e se Lucas não fala, Carolina fala pelos dois, diz o que pensa e fala sem pensar), nosso garoto acompanha o dever de casa dos gêmeos (Vitor e Gabriel) e ganha uns trocados tomando conta do Luís Fernando, o filho do vizinho.
Os gêmeos Vítor e Gabriel têm imaginação para o resto da vida e estão nas tiras para contestar e transgredir, como as personagens mais velhas já não conseguem fazer. “Imaginação é a arma mas eficaz para uma infância trancada entre as quatro paredes de um apartamento de classe média, numa cidade como a nossa”, disse o autor. Caio em sua cadeirinha de rodas levanta poeira e polêmicas sobre nosso direito de ir e vir, sobre os livros que a professora lê na escola, e sobre a escola, que roda, roda sem sair do lugar. Ele sabe brigar por seus direitos e dizer o que pensa com tranquilidade
Um outro garoto prodígio é Leandro, o melhor amigo do Lucas. Ele tem uma enorme capacidade de ser criança, sonhar e acreditar nos seus sonhos. Sonhar é bom... Ele é judeu, frequenta a sinagoga e deixa o rabino com os cabelos ainda mais branco. Assim é Leandro, uma criança doce que brinca sem pressa de crescer, e ele está sempre de olhos arregalados, admirado com o novo, e tudo é novo para ele.
Quem gosta de barulho deve conhecer Winnie, irmã mais nova do Martin. Ela é bem diferente do irmão mauricinho. Enquanto Martin passa horas na frente do computador, Winnie treina para sua vida política, fazendo discursos para suas bonecas ou meso passeatas no playground. Tem ainda a romântica Mirela, a sonhadora Lívia, o filósofo Rafael que confessa sua paixão pela Natália, a vaidosa que vive organizando desfiles e apresentações de moda.
A turma conta com Félix, sempre achando que existe algo de ruim atrás de tudo de bom que lhe acontece; Diogo, menino de rua que tem tanto medo das pessoas quanto as pessoas tem dele; Ícaro que apareceu nos sonhos de Lucas e é um grande mistério da turma, e muitos outros. Os personagens discutem, com bom senso, algumas questões sérias do dia a dia. São diversas crianças que fazem parte do Fala Menino!, exemplo de dignidade humana, de vida. Os traços são firmes com personagens bem delineados e roteiros precisos e profundos. Assim é o trabalho do professor, arquiteto, desenhista e escritor Luís Augusto que já espalha sua criação para todos os estados brasileiros. Confira então essa seleção de suas melhores tiras, leia, reflita e se divirta.
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