Sou um apanhador de palavras
encostadas em um livro qualquer
uso para compor meus silêncios
repor meus sentimentos
e reunir meus tormentos.
Quero secar as palavras
molhadas em meus sentimentos
controlar as lágrimas
que correm sofregamente.
Umedecendo minha alma
prestes a desaguar rio acima
tipo de doença que rói
e rói silenciosamente.
As palavras voam e a escrita permanece
é o que garante o adágio vindo do latim
escrita é que nem ódio, só envelhece
e o amar nunca se esquece, é que nem prece.
Decifrar segredos
Quero me alfabetizar
para decifrar seus segredos
lampejos, apelos, tormentos
tudo dentro de um só tempo.
E a sua letra esférica
De caligrafia corrida
escrevendo em minha pele
toda minha vida sentida.
E a felicidade inside
na fragilidade da natureza revolta
Amores, odores, sabores, tudo flores
No amanhecer de todas as coisas
Sei que sem você não existo.
Queria tirar os pés do chão
amar com intensidade
para voar com os pássaros
livre, volto, na imaginação.
Espero que você capte a essência
e que sua sensibilidade não morra na superfície
ao grudar em meu corpo para esquentar minha alma
você possa sentir o pulsar suave
a dor insustentável
a tristeza cortante
a vida transbordante
dessa minha solidão.
Desejo da alma
Para acessar minha alma
é preciso acionar os cinco sentidos
expondo meu corpo em movimento
adentrando no pelo da pele
no traçado do toque e dos gestos
um manifesto
no cheiro amiscado do meu tato
um fato
no gosto salgado do meu suor
não se afogue no lençol
na visão transparente da ruptura
sem amargura
na audição sussurrada das palavras
gemidas, desgovernadas
para sentir minha energia
entre o limite do interno e externo
a única vida que pulsa
expulsa a razão
transborda o coração
para viver de emoção
pura paixão.
Tatuagem
Quero tatuar na minha pele
Todas as formas de seu corpo
Que minha visão excita
Meu paladar agita
Meu tanto transmita
Minha audição incita
E meu cheiro infiltra
Tudo isso circulando em corpo
Como energia nos limites entre a cabeça e os pés
Maremotos, incêndios, tempestade
Quero estar agora no por do sol de fim de tarde
De um céu transmutado de vermelho em abismo alaranjado
Inflamado no caráter dionisíaco de sua nudez
E a minha flaxidez se infla, se retesa em flecha
Entre as formas arredondadas de seu corpo febril
E rios de energia escorrem entre montes-seios
Até o vale-púbis sobre o branco colchão
E os corpos fundidos em corrosões
Ondas de energias fagulham filosofia
É a vida, é a vida, é a vida
Num êxtase de sensação desmedida.
Linguagem
Fale comigo
na linguagem do amor
no esboço de um sorriso,
de um afeto e não de dor.
Fale comigo
na linguagem do olhar
do brilho da retina
que não esconde o desejar.
Fale comigo
na linguagem do tocar
de sentir sua mão em meu corpo
deslizando sem parar.
Fale comigo
na linguagem do sentir
o cheiro doce de ervas
perfumando meu jardim.
Fale comigo
Na linguagem de sinais
no acervo do seu corpo
que não esquecerei jamais.
Escrita
Não sei porque
Preciso tanto escrever
Para poder viver.
E com toda essa escrita
É a minha voz que grita
Esperando por você.
Utilizo um mar de letras
Para conseguir na sarjeta
Minha voz interior
E no fim dessa história
Tantas lutas, tantas glórias
Numa vida sem pudor.
Agora me dê licença
Não vou descrever a crença
Que me faz superar.
É que de tanto escrever
Eu só penso em você
Para poder sobreviver.
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2 comentários:
Que poesia linda, realmente mexeu comigo, mente fabulosa...
Linda a poesia da Linguagem... Parabéns Gutemberg você é especial.
Andrea
Obrigado pelos elogios, mas demorei muito para mostrar minhas poesia, pois sou muito mais prosa e vocês, leitores, que nos faz ter essa vontade enorme de espalhar sensibilidade para todos.
Um forte abraço
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