22 maio 2009

Paulo Leminski (1944 – 1989)

Faz 20 anos que Leminski se foi. Vamos lembrá-los através de seus poemas

amar é um elo
entre o azul
e o amarelo

Ameixas
ame-as
ou deixe-as

Tarde de vento.
Até as árvores
querem vir para dentro.
Tudo o que eu faço
alguém em min que eu desprezo
sempre acha o máximo

Vai ver o dia
quando tudo o que eu diga
seja poesia
SE
se
nem
for
terra
se
trans
for
mar

A noite me pinga
uma estrela no olho
e passa.

Amor bastante

quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

DESENCONTRÁRIOS

Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
a sílaba silenciosa.


Mandei a frase sonhar,
e ela se foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.

RAZÃO DE SER


Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.



Tem que ter por quê?


- - - - - - - - - - - - - - - - -- -- - - - - - -- - - ---



Os interessados em adquirir o livro Bahia, um estado d´alma podem se dirigir as livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 e Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA)

Nenhum comentário:

Postar um comentário