26 novembro 2008

A fama eterna de Andy Warhol (1)

Há 80 anos nascia o filho caçula de uma família de humildes imigrantes tchecos (o casal Warhole), e criado em Pitsburg (Pensilvânia), Andy Warhol. Ele nasceu em 1928. Antes de dormir, sua mãe lia para ele histórias em quadrinhos de Dick Tracy. Com 12 anos perdeu o pai e precisou trabalhar vendendo frutas de um caminhão. Com isso, terminou os estudos e, em 1945, foi estudar pintura no Carneggie Institute of Tecnology. Chegou a Nova Iorque por duas ambições: ser tão famoso quanto uma estrela de cinema e rico o suficiente para sustentar sua mãe com quem viveu sempre, até perdê-la em 1972. Começou como artista comercial, em 1949. Foi vitrinista, fez todo tipo de desenho para todo tipo de publicidade, gravura, capa de livro, cartão de Natal, etc.

Os anos de publicidade inculcaram nele a propensão de fazer uma arte absolutamente privada de estilos ou emoção. A transição da publicidade para a arte pura se deu através das histórias em quadrinhos. Os primeiros trabalhos de Andy foram versões ampliadas das tiras de Dick Tracy usadas como elemento decorativo nas vitrines da loja novaiorquina Lord and Taylor. Uma das características de sua arte é justamente esta qualidade ou nitidez de imagem da publicidade ou da imagem produzida mecanicamente. Ele foi um dos primeiros a empregar a serigrafia para multiplicar os seus trabalhos. Para ele, como para a produção industrial, o que conta é a quantidade, e esta que acaba por gerar a qualidade.
Warhol não estava interessado em idéias mas em objetos. Ou melhor, imagens de objetos industrializados – a lata de sopa Campbell, a garrafa de Coca Cola, a tampinha Pepsi Cola, o vidro de ketchup ou as caixas de sabão em pó Brillo. Para ele estas imagens tinham o mesmo valor que as outras que ele também repetiu exaustivamente de personalidades famosas como Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor, Elvis Presley, Marlon Brando, Mao Tsé-tung e até Pelé, além do símbolo da foice e do martelo. Tudo neutro, asséptico e brilhante como os esquemas gráficos de livros de bolso. Nenhuma emoção ou subjetividade – o seu rosto deixava transparecer o mesmo tédio dessas imagens colhidas aleatório da sociedade de massa.
Quando em 1960 Warhol realizou as primeiras pinturas baseadas em Dick Tracy, Popeye e Super Homem, além de duas garrafas de Cola Cola, inaugurando assim, em meio a um dos mais sofisticados cenários das artes plásticas contemporâneas, um novo filão: a elevação da banalidade e da vulgaridade cotidiana a estatuto de arte (ou vice-versa).
NOVA ARTE

A consagração viria mais tarde, em 1962, quando, além de realizar a série de pinturas de notas de um dólar (da qual uma das telas do vendida em 1986, num leilão, em NY, por 385 mil dólares, um dos maiores preços já alcançados por um de seus trabalhos), Warhol expôs suas já clássicas latas de sopa Campbell´s (reproduções quase que fotográficas, como na ilustração publicitária do produto) na Ferus Gallery, em Los Angeles. Estava confirmada uma nova arte, uma das últimas correntes artísticas do século 20 a manter uma profunda tensão estética em seus propósitos, um questionamento entre o lugar da arte e a banalidade do mundo.
Quando lhe perguntaram porque resolveu pintar latas de sopa, na época, respondeu: “Porque eu comia aquela sopa. Comi-a durante vinte anos, quase todos os dias, sempre a mesma coisa. Alguém me disse que a minha vida me dominou, esta idéia me agrada”. Depois de séries de ícones de personalidades conhecidas, veio a série Disasters – terríveis acidentes de estrada, tumultos raciais e execuções em cadeiras elétricas. No auge de sua fama e também de riqueza, passou a pintar menos e se dedicar ao cinema. Seus filmes undergrounds fizeram época.
Trabalhando com super-8 e vídeo-taipe num primeiro momento, Warhol realizaria filmes fundamentais dentro da história do cinema como Sleep (o registro, durante seis horas ininterrupta, de um homem dormindo), em 1963, Empire (um único plano de oito horas do Empire State Building, em NY), em 1964, e Chelsea Girls (o registro de “pessoas fazendo várias coisas”, durante sete horas, no mitológico Chelsea Hotel, em NY) em 1966. Andy Warhol rodou cerca de 80 filmes entre 1963 e 1967.

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