Em maio de 1968, ocorreu uma rebelião popular na França que ultrapassou as divisões étnicas, religiosas e de classes. A revolução estudantil de maio de 68 começou por um motivo simples. No mês de março, o reitor da universidade de Nanterre proibiu os rapazes de visitar as moças em seus dormitórios. Em protesto, um grupo de cem estudantes invadiu a secretaria da universidade. O reitor, assustado, suspendeu as aulas e chamou a polícia. Naquele protesto na secretaria da universidade nasceu a figura de um líder estudantil que inspirou uma geração inteira: Daniel “le Rouge” (o vermelho, em francês). Dias depois ele incentivou os estudantes da Sorbonne a seguirem o exemplo da Nanterre. Resultado: a polícia invadiu a universidade e as aulas foram suspensas. Os estudantes e o sindicato de ensino entraram em greve.
Os estudantes tentaram retomar o prédio e resolveram enfrentar as tropas policiais. As ruas viraram um campo de batalha. De um lado, jovens armados de paralelepípedos arrancados das ruas; de outro, policiais e suas bombas de gás lacrimogênio. Sirenes foram ouvidas por dias, fogueiras queimavam em toda parte, centenas de estudantes foram presos. Feridos dos dois lados. Entre uma série de muros pixados, uma frase ficou famosa: “Défense d`interdire!” (É proibido proibir!)
Além dos estudantes, os operários também entraram nas manifestações. Centenas de fábricas foram ocupadas e o número de grevistas chegou a 10 milhões. Bandeiras de Mao, de Fidel, de Che Guevara e de Lênin se juntaram às manifestações. Quase todos os setores da sociedade se envolveram. Pessoas de todas as idades discutiam em auditórios lotados e liam diariamente os boletins dos estudantes.
Assim, entre 1965 e 1970, concentraram–se várias manifestações de estudantes, negros e trabalhadores em geral contra o assim chamado “establishment” (o sistema político estabelecido). Eram movimentos organizados, basicamente, em torno da efetivação dos direitos humanos declarados pela ONU (Organização das Nações Unidas). Destacaram–se, sobretudo, os protestos contínuos ocorridos de 3 a 30 de maio de 1968, em Paris, França. Inicialmente, exigia–se a reabertura da Faculdade de Letras de Naterre, mas devido à reação agressiva da polícia parisiense, uma onda de passeatas se levantou.
Uma revolta permanente foi implantada de um modo geral contra o governo conservador do general Charles De Gaulle (herói da resistência francesa, durante a Segunda Guerra). Sem um fim único concreto, passou a envolver, literalmente todo mundo – EUA, Alemanha, Itália, Inglaterra e América do Sul –, nas reivindicações dos trabalhadores, por melhores salários; dos negros, contra a discriminação racial e dos estudantes, por uma reforma mais democrática do ensino e contra a Guerra do Vietnam.
Os maios de 68 se repetiram ao redor do mundo, com diversos personagens e uma série de realidades diferentes. Zuenir Ventura, em seu livro “1968, o ano que não acabou”, diz que “movida por uma até hoje misteriosa sintonia de inquietação e anseios, a juventude de todo o mundo parecia iniciar uma revolução planetária”.
O movimento estudantil de maio de 1968, iniciado na Universidade de Nanterre e que prosseguiu na Sorbonne, em Paris, desde o início foi saudado com uma saraivada de significados, mas foi uma revolução do desejo e da libido, como escreveu Gilberto de Mello Kujawski. Maio de 68 não foi produto da luta de classes, e sim da luta de gerações, os jovens contra os seniores, o novo contra o velho. A faísca que incendiou os espíritos em maio de 68 foi a proposta apresentada pelo desconhecido e inconformado estudante Daniel Cohn-Benedit ao então ministro da Juventude e dos esportes, M. Missoffe, no centro esportivo da faculdade de Nanterre.
Em documento oficial divulgado pela revista L`Express, foi registrado o que se passou: “À saída do sr. Missoffe, cerca de 50 estudantes que o esperavam o receberam com gritos hostis. O ministro tentou iniciar um diálogo. Um estudante de origem alemã, o sr. Marc Daniel Kohn-Bendit, pediu-lhe, então, que se discutisse a questão sexual. O ministro achou que era uma brincadeira. No entanto, o estudante insistiu no tema e declarou que a construção de um centro esportivo era um método hitleriano destinado a dirigir a juventude ao esporte para desvia-la dos problemas reais, ainda que fosse necessário, acima de tudo, assegurar o equilíbrio sexual do estudante”. A interpretação ao ministro tinha que ver com a proibição, pelo reitor da Universidade de Nanterre, de uma conferência sobre Wilhelm Reich, um dos mentores da revolução sexual, fixado nas funções revitalizadoras do orgasmo.
Viver com paixão, com prazer, com utopia, é cada vez mais uma impossibilidade numa sociedade que segue os ensinamentos do romance Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, sabendo que a estabilidade social só é viável pela impossibilidade da emoção e do desejo. O maio de 68, foi um dos momentos decisivos que o sistema capitalista viveu porque se configurou a convergência de grupos e classes sociais, em vários locais do mundo, insatisfeitas com um regime visivelmente injusto e absurdo, reforçadas por uma nova crítica social que dissecava impiedosamente esse regime, possibilitando a sua compreensão.
Os estudantes tentaram retomar o prédio e resolveram enfrentar as tropas policiais. As ruas viraram um campo de batalha. De um lado, jovens armados de paralelepípedos arrancados das ruas; de outro, policiais e suas bombas de gás lacrimogênio. Sirenes foram ouvidas por dias, fogueiras queimavam em toda parte, centenas de estudantes foram presos. Feridos dos dois lados. Entre uma série de muros pixados, uma frase ficou famosa: “Défense d`interdire!” (É proibido proibir!)
Além dos estudantes, os operários também entraram nas manifestações. Centenas de fábricas foram ocupadas e o número de grevistas chegou a 10 milhões. Bandeiras de Mao, de Fidel, de Che Guevara e de Lênin se juntaram às manifestações. Quase todos os setores da sociedade se envolveram. Pessoas de todas as idades discutiam em auditórios lotados e liam diariamente os boletins dos estudantes.
Assim, entre 1965 e 1970, concentraram–se várias manifestações de estudantes, negros e trabalhadores em geral contra o assim chamado “establishment” (o sistema político estabelecido). Eram movimentos organizados, basicamente, em torno da efetivação dos direitos humanos declarados pela ONU (Organização das Nações Unidas). Destacaram–se, sobretudo, os protestos contínuos ocorridos de 3 a 30 de maio de 1968, em Paris, França. Inicialmente, exigia–se a reabertura da Faculdade de Letras de Naterre, mas devido à reação agressiva da polícia parisiense, uma onda de passeatas se levantou.
Uma revolta permanente foi implantada de um modo geral contra o governo conservador do general Charles De Gaulle (herói da resistência francesa, durante a Segunda Guerra). Sem um fim único concreto, passou a envolver, literalmente todo mundo – EUA, Alemanha, Itália, Inglaterra e América do Sul –, nas reivindicações dos trabalhadores, por melhores salários; dos negros, contra a discriminação racial e dos estudantes, por uma reforma mais democrática do ensino e contra a Guerra do Vietnam.
Os maios de 68 se repetiram ao redor do mundo, com diversos personagens e uma série de realidades diferentes. Zuenir Ventura, em seu livro “1968, o ano que não acabou”, diz que “movida por uma até hoje misteriosa sintonia de inquietação e anseios, a juventude de todo o mundo parecia iniciar uma revolução planetária”.
O movimento estudantil de maio de 1968, iniciado na Universidade de Nanterre e que prosseguiu na Sorbonne, em Paris, desde o início foi saudado com uma saraivada de significados, mas foi uma revolução do desejo e da libido, como escreveu Gilberto de Mello Kujawski. Maio de 68 não foi produto da luta de classes, e sim da luta de gerações, os jovens contra os seniores, o novo contra o velho. A faísca que incendiou os espíritos em maio de 68 foi a proposta apresentada pelo desconhecido e inconformado estudante Daniel Cohn-Benedit ao então ministro da Juventude e dos esportes, M. Missoffe, no centro esportivo da faculdade de Nanterre.
Em documento oficial divulgado pela revista L`Express, foi registrado o que se passou: “À saída do sr. Missoffe, cerca de 50 estudantes que o esperavam o receberam com gritos hostis. O ministro tentou iniciar um diálogo. Um estudante de origem alemã, o sr. Marc Daniel Kohn-Bendit, pediu-lhe, então, que se discutisse a questão sexual. O ministro achou que era uma brincadeira. No entanto, o estudante insistiu no tema e declarou que a construção de um centro esportivo era um método hitleriano destinado a dirigir a juventude ao esporte para desvia-la dos problemas reais, ainda que fosse necessário, acima de tudo, assegurar o equilíbrio sexual do estudante”. A interpretação ao ministro tinha que ver com a proibição, pelo reitor da Universidade de Nanterre, de uma conferência sobre Wilhelm Reich, um dos mentores da revolução sexual, fixado nas funções revitalizadoras do orgasmo.
Viver com paixão, com prazer, com utopia, é cada vez mais uma impossibilidade numa sociedade que segue os ensinamentos do romance Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, sabendo que a estabilidade social só é viável pela impossibilidade da emoção e do desejo. O maio de 68, foi um dos momentos decisivos que o sistema capitalista viveu porque se configurou a convergência de grupos e classes sociais, em vários locais do mundo, insatisfeitas com um regime visivelmente injusto e absurdo, reforçadas por uma nova crítica social que dissecava impiedosamente esse regime, possibilitando a sua compreensão.
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