26 dezembro 2016

Quem disse que cabelo não sente? (1)



No mundo da música pop, o penteado é fundamental. As estrelas do rock passaram boa parte do tempo preocupando-se com seus cabelos. Futilidade? Uma arma para cada época. Protesto. A história do rock prova que o que está dentro das cabeças pensantes, de uma forma ou de outra – ou de um penteado ou de outro -, acaba por se refletir do lado de fora. Qual é o pente que te penteia? Nos anos 50, Bill Haley e Elvis atacavam de pega-rapaz e topetes. Nos anos 60, cabelos grandes eram sinal de rebeldia. Setenta apareceu arrepiando as cabeças de muitos rebeldes, os punks.

Nos violentos anos 80, os cabelos foram lançados ao vento, e muitos optaram pelo corte black lateral de Vernon Reid, do grupo Living Colour, e da estonteante Grace Jones. Outros preferiram os extensos fios metálicos de Axl Rose, do Guns´n Roses e companhia.

O estilo elegante de Mick Hucknal (do Simply Red) e suas trancinhas avermelhadas não passaram despercebidos. Ou mesmo o inglês Jazzie B e seu look rastafari de longos cachos de cabelos trançados (dreadlocks), presos ao alto, responsável pelo som da Soul 2 Soul. Se a questão é muito cabelo, a irlandesa Sinéad O´Connor prefere o tipo careca, contrariando o look de cabelos fartos dos anos 90. O teu cabelo não nega. O visual do final do século XX resgata o culto às longas cabeleiras e, mais uma vez, elas têm a força.

As variações sobre o cabelo são o tema da canção de Jorge Benjor e Arnaldo Antunes que Gal Costa interpreta em um de seus CDs. Diz a letra: “Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada/quem disse que cabelo não sente/quem disse que cabelo não gosta de pente/cabelo quando cresce é tempo/cabelo embaraçado é vento/cabelo vem lá de dentro//Cabelo é como pensamento/quem pensa que cabelo é mato/quem pensa que cabelo é pasto/cabelo com orgulho é crina/cilindros de espessura fina//Cabelo quer ficar pra cima/laquê, fixador, gomalina/cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada/quem quer a força de Sansão/quem quer a juba de leão/cabelo pode ser cortado//Cabelo pode ser comprido/cabelo pode ser trançado/cabelo pode ser tingido/aparado ou escovado//Descolorido, descabelado/cabelo pode ser bonito/cruzado, seco ou molhado”.

Nos anos 50, os cabelos eram lambuzados de brilhantina e ondulados com os “bem trabalhados” topetes. Numa América com corte reco, estilo militar, aquilo era provocante, tanto quanto a música que o acompanhava. Ambos passaram para a história. “É a minha marca registrada. Clark Gable tem as orelhas, Jimy Durante tem o nariz, e eu tenho o pega-rapaz...”. Era a marca de Bill Haley mantida à custa de toneladas de brilhantina. Ao contrário de Gable ou Durante, o rosto rechochudo e limpo do “pai do rock´n´roll” não tinha qualquer característica em especial, nada que o tornasse identificável pelo público – a não ser a mecha de cabelo, caprichosamente desajeitada, a cair na testa.

O reinado de Bill Haley e seus Cometas espalhou-se pelo resto do mundo. Dois anos depois, com a sensualidade de seus requebros, aparecia Elvis Presley, mais jovem e bonito que Haley. Elvis Presley imortalizou o topete esculpido com gomalina e acompanhado por costeletas. Presley copiou o penteado de Tony Curtis, que aparecia de topete no filme Almas Abandonadas (1949). Depois de Elvis, um séqüito de seguidores, menos expressivos como Pat Boone, Gene Vincent e Paul Anka.

Desde que Tony Curtis e Elvis Presley puxaram seus topetes para a frente, em claro desafio, o cabelo
passou a ser um estandarte da revolta jovem contra os padrões estabelecidos e, principalmente, uma forma de demonstrar sensualidade. James Dean, com sua massa de cabelos revoltos, lançou o look despenteado da juventude transviada.

Os alegres e ingênuos anos 50, fifties ainda não acabaram. São os rockabillies da cidade que resistem armados com jeans, topetes, jaquetas e muito rock. E não falta o cabelo gomalinado e óculos “Ronaldo”. Cresce a tendência pelo revival anos 50. Primeiro foi a publicidade a resgatar a imagem daqueles anos otimistas, quando o mundo era risonho e franco no embalo da euforia desenvolvimentista de JK. Os rockabillies seguem à risca os modelos de comportamento da época – o mesmo chiclete na boca e o mesmo pente no bolso de trás do jeans surrado, que o tempo todo ajeita o topete

Depois dos topetes, que infestaram o mundo, chegou a vez do corte de cabelo estilo Príncipe Valente, dos Beatles. Guiados pela mão forte de Brian Epstein, os Quatro de Liverpool foram ao barbeiro e voltaram para casa com um visual que influenciaram meio mundo, inclusive famosos “rivais” como os Rolling Stones e The Who. A franjinha dos Beatles foi criada em 1963 pela modelo alemã Astrid Kirchher, namorada do ex-integrante Stuart Sutclifffe. O corte foi um dos diferenciais da banda que usava topetes.

Os Beatles dançaram, gritaram e provaram que cabelos longos não significavam ideias curtas. A imagem agressiva e rebelde dos Rolling Stones fez contraste com os bem-comportados Beatles. As pedras começaram a rolar, enfrentando o sistema, a família e os bons modos. Se os Beatles tinham cabelos compridos mas bem aparados, os Stones não gostavam de cortar os cabelos, deixavam crescer à vontade. Rebeldia pouca é bobagem! Amanhã vamos conhecer os cabelos da Jovem Guarda.


21 dezembro 2016

Gerônimo, coração de liberdade (3)



Em 1989 lança Dançarino, mas o disco não aconteceu porque o ex presidente Fernando Collor de
Mello tomou o dinheiro de todo mundo no banco (poupança) e as gravadoras ficaram sem condições de investir no artista. Em 1992 ele decretou a união entre o sagrado e o profano na Bahia – gravou a oração do Pai Nosso em samba reggae. “Ser Tão Forte”, título com o qual Gerônimo batizou sua obra, baseada na oração mais conhecida da Igreja Católica, marca o passo no ritmo cadenciado do sincretismo religioso baiano.

A ideia surgiu num momento de crise pessoal do cantor logo após o último carnaval, depois de uma briga desgastante com o coordenador do carnaval de Salvador, Alberto Tripodi. Em um teatro vazio ele começou a dedilhar o violão, improvisando com sua banda. Gerônimo acrescentou o refrão “ser tão forte”, entre os versos de oração e retirou um dos pedidos do Pai Nosso, “Não nos deixai cair em tentação”. A frase, segundo o cantor revelado ao jornalista Biaggio Talento (O Estado de S.Paulo) não é melódica para o samba reggae e, na sua opinião, é muito restritiva. “Acho esse trecho a única falha do meu parceiro”, brincou, referindo-se a Jesus Cristo, mas garantindo que em nenhum momento teve a intenção de descaracterizar a oração e ofender a Igreja. Ele gravou Ser Tão Forte num pequeno estúdio de Salvador, mas não lançou em disco. Tirou uma cópia da fita original e
a cedeu para veiculação da FM Itapoan, emissora que dedicou a maior parte de sua programação à música baiana.


Tem composições gravadas por A Cor do Som (Dentro da minha cabeça), Diana Pequeno (Mensageiro da Alegria) entre outros artistas, além disso, Dança das Águas, de seu primeiro disco, está incluído no LP Brazil Today vol.2, uma compilação de canções brasileiras editada exclusivamente na Europa. Ele já passou uma temporada na Europa (Espanha, França, Hungria e Portugal) e já trabalhou na área de publicidade, criando jingles para diversas firmas e instituições.



Em abril de 1991 em depoimento ao jornalista Eduardo Bastos ao Correio das Bahia, o cantor e compositor detonou o esquema mafioso das rádios, a vulgarização dos trios elétricos, o corporativismo dos blocos carnavalescos, o anti profissionalismo de colegas e o jogo escuso das gravadoras, entre outros componentes deste sistema vicioso, desgastante e semi emperrado que se compactua sob o carimbo de música baiana. “A maioria da música que se faz na Bahia é rica em monossílabos em que medíocres competentes exploram a mediocridade”, endureceu. “Sou um guerrilheiro que vai endurecer sempre, mas com minha ternura, dizendo que prefiro ser cidadão do mundo, falando de minha aldeia”, revelou.

Nessa época ele rescindiu um contrato com a EMI-Odeon (pelo qual lançou o LP O Dançarino, com release de Jorge Amado) por haver se recusado a gravar o obrigatório disco anual.

Independente e alternativo, irônico e sem meias palavras nas críticas à indústria musical baiana: “Espero que, algum dia, minha escolha vira uma opção musical para o povão. Quero ser sempre uma alternativa, um colírio para os olhos de quem está com cisco e um alívio para que, anda com dor de cabeça”, ironiza, referindo-se ao velho império da repetição que reina no repertório carnavalesco da Bahia (no início do ano 2000).


Dentre suas músicas, É d'Oxum está incluída na trilha sonora da minissérie Tenda dos Milagres. E a
composição Mameto Kalunga é uma composição feita para ajudar aos desabrigados das inundações de Salvador e que contou com uma gravação da qual participaram Batatinha, Riachão, Luís Caldas, Sara Jane, Chocolate da Bahia, Lazzo, Chico Evangelista, Silvio Ricarti, Ricardo Amado e Coleta de Omolum.

Em 1992 ele teve oito discos gravados, sendo dois na França, além do EP Eu Sou Negão, de 1985 que vendeu 150 mil cópias. Em 1997, depois de anos sem gravar discos, ele lançou o CD Eu Te Amarei (Continental Warner) com apoio do governo estadual. Em 2001 lançou o independente Rei do Lambadão, e em 2005, É do Mar.


Em 2011 lançou o DVD Maré de Lançamento. Trata-se de um registro do show que o cantor apresentou com a banda Mont'Serrat em 2011 no Teatro Castro Alves pelo projeto Domingo no TCA e com a participação especial de Bira Marques com a Orquestra Afro Sinfônica. Há nove anos ele vem se apresentando show na Escadaria do Paço, no Centro Histórico.


Bibliografia consultada:

BASTOS, Eduardo. Um não aos medíocres. Salvador: Correio da Bahia. Arte & Lazer, 08 de abril de 1991, página 1.

CRUZ, Gutemberg. Gente da Bahia. Salvador/ Editora P&A, 1997. Página 47.

GARCIA, Lauro Lisboa. Gerônimo cria cordel acústico neotropicalista. São Paulo: O Estado de S.Paulo. Caderno 2, 15 de novembro de 1988. Página 4.

JUNIOR, Lago. Gerônimo: Querendo gozar em você. Salvador: Tribuna da Bahia. 16 de novembro de 1987. Página 6.

TALENTO, Biaggio. Pai nosso cai no samba reggae. São Paulo: O Estado de S.Paulo. Caderno 2, 30 de agosto de 1992. Página 1.

UZEL, Marcos. “Faço parte da resistência!. Salvador: Correio da Bahia. Folha da Bahia, 04 de fevereiro de 1998. Página 1.

O Faraó da Cultura. Salvador: Tribuna da Bahia. Cultura. 12 de maio de 1989. Página 1.

20 dezembro 2016

Gerônimo, coração de liberdade (2)



No verão seguinte lança um mix que trazia duas composições, “Eu Sou Negão( Macuxi Muita
Onda)” e “Jubiabá”. Além disso, ele teve “Dança das Águas” editada no exterior através de um LP internacional editado em 1983 por Alfred Victory, então diretor da Polygram. A antológica Eu Sou Negão, uma declaração de orgulho negro é citação fundamental na história da música baiana, principalmente por ter conseguido, nos anos 1980, abrir caminhos para que o samba reggae dos blocos afros de Salvador chegasse aos meios de comunicação e se transformasse em um fenômeno de popularidade. Foi uma mistura de samba reggae com roquenrol e rap. A música foi sucesso no carnaval baiano de 1986 e sacudiu as paradas de sucesso. Verbalizou porém um sentimento universal no refrão “meu coração é a liberdade” que a cantora Marisa Monte aproveitou no seu segundo disco.


Em 1987, a Continental lançou seu terceiro elepê, Dandá, uma mistura de ritmos e alegorias. O título é um aglomerado de significações que vão do dialeto africano, a expressão utilizada pelas crianças em fase de aprendizado da verbalização. É também uma raiz trazida pelos escravos africanos transfigurada numa “mágica benéfica para iluminar os caminhos das pessoas”. No disco, Gerônimo utiliza a expressão com todos os sentidos possíveis, mas sobretudo para questionar a ambição humana: “Dandá também significa questionar quem tem para ganhar deseja mais do que tem”, explica, correlacionando a expressão ao antigo dito popular “Dandá pra ganhar tentem” (vintem).



“Dandá” é um ijexá de batida lenta e estilizada, assim como “Abecedário”, uma homenagem ao advogado dos pobres, Cosme de Farias. “Jubiabá”, uma soca, resumo da história de Antonio Balduíno, do livro de Jorge Amado. “Lambada da Delícia” foi outro sucesso. E “Abafabanca” é uma música urbana do Nordeste. Para quem não se lembra, abafabanca é um sorvete caseiro, vendido nos cubinhos de gelo e extraído da própria fruta. Só quem podia fazer abafabanca, na época, era os petroleiros, porque também podiam ter geladeira. O poder aquisitivo da população era muito baixo e Gerônimo soube captar como ninguém esta fase nessa canção.

Em 1988 lançou Gerônimo, elepê apresentando ritmos afro baianos e caribenhos em músicas feitas juntamente com outros compositores baianos como Dito, Batatinha, Vevé Calazans e Ildasio Tavares. O crítico Lauro Lisboa Garcia, do jornal O Estado de S.Paulo (1988) comentou:


“Intermediário da intelectualidade de um Gilberto Gil ou Caetano Veloso com a popularidade dos blocos carnavalescos de Salvador, Gerônimo se firma como o representante da nova síntese musical baiana. Poeta e músico por excelência ele é considerado no circuito artístico de lá uma autoridade nos assuntos de música e cultura de conexão 'Africaribahia', muito antes de esse papo bater nos pára-lamas. A despeito da fúria dos xenófobos contra a invasão do reggae no carnaval, a música neobaiana não dobrou os joelhos. Comeu mais rock, reggae, merengue, salsa e com seus derivados temperou mais samba, forró, afoxé. O disco de Gerônimo – acentuado mas radicalmente na latinidad que no baianismo – injeta misso tudo em composições significativas (…) Gerônimo conta uma de muitas histórias possíveis até na épica - “com mil imagens glauberianas, exóticas” - Surpresas Tem o Pelô, Fino cordel. Do bloco Muzenza, a versão mais requintada de Brilho e Beleza - um tributo a Bob Marley, como não poderia deixar de ter. (…) O álbum vale por inteiro. A música neotropicalista gerada no mormaço baiano já perdeu a vergonha da própria cara. Falta a 'modernidade' paulista-carioca tomar a sua e desfazer o equívoco da segregação que destina aos 'regionalistas'. Gerônimo dá o lance em Porto dos Sonhos: 'Meu horizonte tem algo mais/eu tenho capa e espada em qualquer sonho aportarei”.

Em 1989 foi diretor da Fundação Gregório de Mattos, na administração do prefeito Fernando José.

19 dezembro 2016

Gerônimo, coração de liberdade (1)



Ele é o melhor representante da raça mulata ascendente da Bahia. Nascido em Itaparica e absorvendo
os sons negros das vielas e ladeiras da cidade de Salvador, Gerônimo conseguiu estruturar uma nova linguagem para a nossa música, seguramente a mais forte depois do Tropicalismo. Na ilha aprendeu o gingado da gente e o balanço do mar. E foi dali que ele saiu para se tornar poeta.

Gerônimo cresceu ouvindo Nelson Gonçalves, Dolores Duran, Vicente Celestino e Rita Pavone. Um veranista apareceu com um disco dos Beatles e, neste momento, Gerônimo já fazia suas incursões como músico na filarmônica local.

Ele resgata o discurso popular porque combina a musicalidade bem dita com o sorriso folgado de gente brejeira. Gerônimo faz a festa e arrasta atrás de si uma multidão que conhece as letras que cria e o acompanha no ritmo temperado de salsas, rumbas, sambas reggae, ijexá e tantos outros. Na opinião de Jorge Amado ele é “o melhor letrista, o poeta mais terno, romântico e sensual, voz de dolência de desejo, morna e enluarada”. Gerônimo é de fato um artista de múltiplos talentos, que aliou seu nome o de movimentos musicais da Bahia, não se acomodou e continua um experimentalista.

Ele se firmou como um dos mais sólidos nomes da composição baiana, sem sair do lugar. Encontrá-lo na cidade, nas ruas do Pelourinho, Liberdade, Saúde ou em qualquer lugar onde o povo de Salvador está fazendo história. Aí está Gerônimo com um coração da liberdade

Signo de câncer, criado na Ilha de Bom, Jesus dos Passos (Baia de Todos os Santos), Gerônimo é um homem do mar que transmite em sua música fluência, simplicidade e riqueza.

TRAJETÓRIA - Gerônimo Santana Duarte nasceu no dia 26 de março de 1953, em Bom Jesus dos Passos, localidade próxima à Ilha dos Frades, Bahia. Iniciou sua carreira musical aos 14 anos. Passou a adolescência no Stiep, em Salvador, quando o bairro ainda era habitado pelos trabalhadores de petróleo. Seu avo Esmeraldo era muito conhecido no Recôncavo por tocar seu sax alto. No Nordeste de Amaralina participou do programa Calouros do Gustavo, realizado por um tenente reformado da polícia. E já participava do coral da professora Eva, do Colégio Manoel Devoto. Venceu um programa na TV Itapoan (Poder Jovem) e a partir daí, começou a compor com outros artistas.

Ele venceu com a música “Fim de Semana na Bahia”. Entre 1974 e 76 foi percussionista do Trio Elétrico de Dodô e Osmar que interpretou uma de suas primeiras composições, “Fazer” em 1974. Entre 1976 e 79, estudou com Smetak na Universidade de Música da UFBa. Fez curso técnico de composição e regência na Universidade Católica de Salvador. Por seu ecletismo musical (tocava guitarra baiana, harpa, violão, atabaque e agogó, além de ser capoeirista), foi convidado a integrar o Balé Brasileiro da Bahia, dirigido pela professora Emília Biancardi, excursionando pela Europa. Ao retornar, em 1980, partiu para carreira solo.

Incansável estudioso da salsa, soca, ritmo da Guiana Inglesa que se tornara muito popular na Bahia
após o corte das relações de Cuba e EUA, ele também se dedica profundamente à mitologia negra. Sua formação musical serve como força impulsora e transporta para os dias de hoje desses ritmos e melodias ancestrais. A fascinação que provoca a cultura negra fez do artista um defensor da identidade e conservação da memória de vida dos negros no Brasil, além de ser adepto da religião afro (candomblé). Utilizando recursos linguísticos do ioruba e até mesmo de dialetos indígenas do Brasil, Gerônimo constrói em suas letras versões sociológicas da cultura de seu povo.

Destaque do Trofeu Caymmi como Melhor Espetáculo, Melhor Intérprete, Melhor Arranjo, Melhor Composição (Marujada) e Melhor Banda no primeiro semestre de 1985.

DISCOS - “Página Musical”, seu primeiro disco gravado em 1983 pela gravadora Polygram teve como carro chefe a música “Cigarro Colomy” marcando o início de uma intensa produção musical. Seu segundo elepê, “Mensageiro da Alegria”. O segundo, através da Nova República, saiu em 1985.