Fundado em 1979, há 40 anos, o Olodum
estreou no Carnaval de 1980 e gravou seu primeiro Lp Egito, Madagascar em 1987,
que incluía a música Faraó divindade do Egito, até hoje uma referência em seu
trabalho. O sucesso da turma do Pelô ultrapassou as fronteiras do país levando
o grupo a se apresentar na Europa, Japão e Estados Unidos. A batida forte e
marcante do samba reggae, criado na época por Neguinho do Samba, chamou a
atenção de astros como Wayne Short, Jimmy Cliff, Herbie Hancock e do cineasta
Spike Lee. Paul Simon convidou o grupo para gravar a música The Obvious Child,
no disco The Rhythm of the Saints. Com Michael Jackson, gravou o clipe da
música They Don´t Really Care About Us.
Fonte inesgotável, onde muitos artistas da
axe music costumam beber com freqüência, o Olodum possui ainda um arsenal de
sucesso respeitáveis: Avisa Lá (Roque Carvalho) também gravada por Cae e Gil no
CD Tropicalia 2, Rosa (Pierre Onassis), Berimbau (Pierre Onassis, Germano
Meneghel e Marquinhos Marques), I miss her (Lazaro Negrumy), Deusa do amor
(Valter Farias e Adailton Poesia), entre muitas outras
Quando foi criado em 1979, o Olodum era
para ser só mais um bloco afro no Carnaval de Salvador. Acabou virando um
centro de reflexão sobre a cultura negra e uma atração internacional. A partir
de 1984 o diretor de bateria Neguinho o Samba começou a pesquisar novas batidas
e ritmos com as crianças eu formavam a banda mirim do Olodum. O resultado foi
uma mistura irresistível de reggae, samba, lambada, merengue e toques africanos
que ajudou a concretizar a explosão de um mercado regional n Bahia. As bandas
conhecidas como Mel, Reflexu´s, Chiclete com Banana e Gerônimo, Sarajane e Luis
Caldas venderam quase um milhão de cópias. Todos gravaram músicas de
compositores dos blocos afros, ou se inspiraram na nova batida durante as gravações.
No Olodum, melodias e letras difíceis são
aliadas a um trabalho exclusivamente de percussão. Ao contrário dos afoxés, que
saem com atabaques de pele de animal, os blocos afros usam instrumentos de
percussão pesados. Neguinho do Samba transformou suas pesquisas com as crianças
do Pelourinho para o grupo de adultos. As percussões são divididas para soarem
como outros instrumentos. Os repiques som como metais. Os antigos 105 (também
instrumentos percussivos) garantem a marcação rítmica. A distribuição entre
tons graves e agudos impressionou Paul Simon, que disse: “Nunca ouvi nada
igual”.
“Faraó, Divindade do Egito”, de Luciano
Gomes dos Santos, compositor de 18 anos na época, foi o grane tema do carnaval
baiano de 1987. A banda Mel gravou a música, como também uma adaptação de
Ladeira do Plô, de Betão, que acompanhou o Olodum desde 1984. A banda preferiu
gravar os versos mais does: “Eu vou e vou e eu vou/subir a ladeira do Pelô
(...)/balançando a banda pra lá/balançando a banda pra cá”. A letra completa,
na versão do bloco afro, demonstra qual o objetivo do Olodum, filho direto do
bloco Ilê Aiyê, defensor da negritude formada em 1974: “Aganjou, allujá, muito
axé/canta p povo de origem nagô/o seu corpo na fica mais inerte/que o bloco
Olodum já pintou/me leva que eu vou, sou/Olodum Deus dos Deuses/vulcão africano
do Pelô”.
Se os afoxés – alguns muito antigos, como
Filhos de Ghandi, que sai no carnaval baiano há 70 anos têm uma nítida
coloração religiosa, o bloco afro Olodum preferiu assumir uma iniciação social
e política, a partir da mudança da diretoria, entre 1983 e 1984. Até então,
Olodum era um bloco de carnaval. E só. Mas a própria origem dos blocos afros
nega esta proposta. Eles surgiram como um protesto contra a discriminação aos
negros no chamado carnaval internacional de Salvador. Hoje, no Largo do
Pelourinho, o Olodum – palavra que significa rei dos orixás, ou rei dos reis –
promove atividades culturais. Aulas de dança, música, palestras e seminários
que tentam registrar a história da escravidão, revoltas e origens dos negros na
Bahia.
E o carnaval é uma história à parte.
Olodum já se inspirou na Cuba de Fidel, em 1986, quando o bloco saiu
multicolorido, com batas e boinas. Em 1987, o tema foi a possível origem nagô
dos antigos egípcios, descoberta por Sheik Arita Diop. No carnaval de 1988,
Olodum saiu inspirado em Madagascar, ilha perdida entre a Africa e o Oriente,
caldeirão de raças e som.
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