Um homem
polivalente na Bahia oitocentista. Manoel Querino atuou em várias
frentes. Escritor, jornalista, historiador, político, desenhista,
músico, pintor, professor, fundador do Liceu de Artes e Ofícios e
docente do Colégio dos Órfãos de São Joaquim, ele foi
sócio-fundador do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, aluno
fundador da Academia de Belas Artes da Bahia (hoje Escola de Belas
Artes da UFBA), antropólogo autodidata. Ele é apontado como um dos
mais importantes pesquisadores da história da Bahia. Foi precursor
dos estudos da contribuição africana para a formação da sociedade
brasileira. Fez tudo isso mesmo tendo nascido filho de escravos numa
Bahia escravagista e arraigada de preconceitos raciais.
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Ao voltar
para a Bahia, começou a trabalhar nas fainas modestas de pintor e
decorador. Sobrava-lhe tempo, porém, para estudar francês e
português, no Colégio 25 de Março e no Liceu de Artes e Ofícios,
de que foi um dos fundadores. Em virtude de sua grande habilidade
para o desenho, matriculou-se na Escola de Belas Artes, onde se
distinguiu entre os alunos. Obteve o diploma de desenhista em 1882.
Seguiu depois o curso de arquiteto, com aprovações distintas.
Obteve várias medalhas em concursos e exposições promovidos pela
Escola de Belas Artes e pelo Liceu de Artes e Ofícios.
DESENHO -
Foi lente de desenho geométrico no Liceu de Artes e Ofícios e no
Colégio dos órfãos de S. Joaquim. Em 1903, publicou Elementos de
Desenho Geométrico, e logo depois Desenho Linear das Classes
Elementares. Interessou-se pela política. Foi republicano, liberal,
abolicionista. Com outros do grupo da Sociedade Libertadora Sete de
Setembro, assinou o manifesto republicano de 1870. Fundou os
periódicos "A Província" e "O Trabalho", onde
defendeu os seus ideais republicanos e abolicionistas. Manuel Querino
foi um dos mais ativos trabalhadores do grupo. Escreveu para a
"Gazeta da Tarde" uma série de artigos sobre a extinção
do elemento servil.
Tornou-se
um verdadeiro líder das classes populares, em campanhas memoráveis
pelas causas trabalhistas e operárias que o conduziram ao Conselho
Municipal (hoje Câmara Municipal), como o primeiro conselheiro negro
da história daquela Casa Legislativa. E assim foi toda a sua vida.
No seu modesto cargo de 3°. Oficial da Secretaria da Agricultura,
sofreu os mais incríveis vexames. Foi consecutivamente preterido em
todas as ocasiões em que lhe era de justiça a promoção.
Esqueciam-no os poderosos do momento. Secretários e chefes de
serviço desinteressavam-se da sua sorte.
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Sem
sombra de dúvida, foi no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
que Manuel Raimundo Querino mais exercitou o seu potencial enquanto
pesquisador e historiador da cultura e da sociedade baiana. Ao
publicar seus artigos na Revista do IGHB, pôde expor aos seus pares
de agremiação e aos demais apreciadores do quanto se veiculava
naquele respeitado periódico os resultados de sua laboriosa e
profícua produção intelectual. Ao reeditar tais artigos, a Casa da
Bahia reafirma a sua missão de promover a pesquisa das atividades da
vida da gente baiana em suas mais diversas áreas, buscando resgatar
o passado para o orgulho do presente e a esperança no porvir.
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do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
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