05 abril 2010

Zé Carioca, um malandro falastrão

A Walt Disney Records colocou no mercado de todo o país o álbum “Disney Adventures In Samba”, uma compilação de clássicos Disney regravados na cadência do samba, pagode e choro. O time de nomes consagrados do gênero está Martinho da Vila, Alcione, Leci Brandão (Tico Tico no Fubá), Diogo Nogueira, Alexandre Pires (Aquarela do Brasil), Daniela Mercury (Na Baixa do Sapateiro), Margareth Menezes (Você já foi à Bahia?), entre outros. Cada um gravou a versão à sua maneira. Há também um DVD em homenagem ao Zé Carioca.


O papagaio fez carreira em desenhos animados, como cicerone das excursões de Donald pelo pedaço mais exótico – na visão de Hollywood – do continente americano. No filme “Você Já Foi à Bahia?” o papagaio brasileiro é caracterizado como um tipo falastrão, afetuoso, simpático e hospitaleiro que conduz o amigo americano pelas ruas estilizadas e idílicas da Bahia.


Nos quadrinhos, o personagem mistura a simpatia e a cordialidade que possuía nos desenhos animado à malandragem, à esperteza. Assim, sua cordialidade suaviza a malandragem, evitando que ele se torne o vilão da história. Ao longo de seu processo de aculturação, sua indolência aproxima-se de Jeca Tatu e de Macunaíma. E essa malandragem vai se aproximando de outros anti-heróis nacionais como Pedro Malasartes, Belo Rockfeller e o Amigo da Onça.

INTERESSES


Zé Carioca foi criado originalmente para o desenho animado durante a Segunda Guerra, com o objetivo de angariar a simpatia do governo e do povo brasileiro à causa aliada. Ou seja, o presidente Franklin Roosevelt querendo concretizar uma aproximação com a América Latina, produziu vários trabalhos. Usava a cultura como um dos principais meios para manter a influência americana.


Essa política de “boa vizinhança” estabelecida pelo governo norte americano necessitava cooptar os dirigentes latinos de forma a garantir sua hegemonia no continente. Para agradar os mexicanos, Disney criou o galo Panchito. Na hora de homenagear o Brasil, o desenhista decidiu usar um papagaio.

Assim, a criação de Zé Carioca foi norteada por interesses geopolíticos, econômicos e culturais. O papagaio fez carreira em desenhos animados, como cicerone das excursões de Donald pelo pedaço mais exótico (na visão de Hollywood) do continente americano.


As primeiras narrativas sequenciais de Zé Carioca começou em outubro de 1942 e durou até outubro de 1944 na série Disney´s Sunday Pages, alguns meses antes do lançamento do desenho animado “Alô, Amigos”. Os primeiros quadrinhos foram desenhados por Bob Grant, arte final de Dick Moores e texto de Bill Walsh. Nos Estados Unidos ele não passa de mais um nome perdido em uma imensa galeria de personagens e no Brasil, onde o sucesso é garantido, até hoje a Editora Abril publica a revista Zé Carioca com reedições de aventuras de várias épocas.


JEITINHO


Os quadrinhos o retratam como o típico malandro carioca, sempre escapando dos problemas com o "jeitinho" característico. Vivendo na Vila Xurupita , ele diz ser "alérgico a trabalho" e convive com Nestor (seu grande amigo, um corvo que teme por todos os planos do Zé, pois acaba sobrando pra ele); Pedrão (faz a melhor feijoada do mundo e sempre briga com o Zé porque ele rouba suas jacas); Afonsinho (um tímido pato louco); Rosinha (sua namorada. Seu pai é o milionário Rocha Vaz,que odeia o Zé por ele não querer nada com o trabalho. Rosinha é uma periquita); Zé Galo (seu rival, deseja namorar a Rosinha. Raras vezes apareceu nas histórias do Zé).


Os trambiques de Zé fizeram sucesso e, em 1961, ele ganhou sua própria revista. A partir dos anos 70 as histórias do Zé Carioca foram desenhadas e roteirizadas por artistas brasileiros que criaram alguns dos personagens coadjuvantes, bem como a Anacozeca (Associação Nacional dos Cobradores do Zé Carioca) e o Morcego Verde (Paródia do Batman), o super-herói da Vila Xurupita. Dentre os desenhistas estão Ivan Saidenberg e Renato Canini.


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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929

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