12 novembro 2009

Brasil lembra 20 anos da morte de Luiz Gonzaga

Disco, filme e museu. Vinte anos depois de sua morte, a obra do compositor pernambucano é resgatada. Nascido em 13 de dezembro de 1912, Luiz Gonzaga conseguiu despertar em cada brasileiro um autêntico nordestino, cantando as dores, saudades e alegrias do sertanejo. Em seus 77 anos de vida, reuniu uma obra poucas vezes atingida por outros artistas, tanto em quantidade quanto em qualidade. Mostrou ao Brasil e ao mundo a beleza do forró, do xaxado, do xote, do maracatu e, principalmente, de sua criação: o baião.

Regravações de valsas que ele compôs na década de 40 e algumas ganharam letras inéditas de Zeca Baleiro, Abel Silva, Fernando Brant e Capinan estão previstos para chegar ao mercado no início de 2010. “Luas do Gonzaga” é o título do álbum que tem o cantor e violonista baiano, Gereba à frente do projeto. Um longa metragem baseado na biografia da jornalista Regina Echeverria (Gonzaguinha e Gonzagão – Explode Coração) está em processo de pré-produção com a direção de Breno Silveira, o mesmo de Dois Filhos de Francisco. Um museu e um complexo cultural em Recife vão reunir a obra e a história do Meste Lua. O Ministro da Cultura Juca Ferreira já levou a idéia ao presidente Lula que estimulou a iniciativa. O complexo segue a linha de museus “interativos”, como o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Vinte anos depois da morte de Luiz Gonzaga, o som de sua sanfona está cada vez mais presente nas salas de reboco das casas do sertão e nos mais diversos auditórios e palanques, enchendo de emoção e lirismo platéias de todas as categorias sociais. O forró pé-de-serra, introduzido no Brasil pelo Luiz Gonzaga na década de 40, conquista o mercado, concorrendo com outros ritmos brasileiros e estrangeiros. "O baião, coco, rojão, quadrilha, xaxado e xote caracterizam o forró e tem cheiro de carne de bode assada", comparou o velho Gonzagão, acrescentando que é uma música com a cara do Nordeste, que canta, ri, chora e "faz pouco" do seu secular sofrimento.

“Quando olhei a terra ardendo/Qual fogueira de São João/Eu perguntei a Deus do céu, ai/Por que tamanha judiação” ("Asa Branca", com Humberto Teixeira)

PRESENTE - Luiz do Nascimento Gonzaga nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, município de Exu, ao lado da casa onde morou a heroína cearense Bárbara de Alencar. Morreu no dia 2 de agosto de 1989. A escola gonzagueana está cada vez mais presente na vida das novas gerações, vindas das mais diversas categorias sociais.

Intérprete de sucessos imortais nos mais variados ritmos, muitos outros cantores gravaram Luiz Gonzaga a partir do início dos anos setenta, entre os quais Geraldo Vandré (Asa-Branca), Gilberto Gil (Vem Morena), Caetano Veloso (A Volta da Asa-Branca) e até o grego Demis Roussos (White Wings/Asa-Branca). Essa afinidade com a nova geração musical brasileira - principalmente com os baianos - fez a gravadora RCA lançar em 1971 o disco ''O Canto Jovem de Luiz Gonzaga”, com músicas de Caetano Veloso, Edu Lobo, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Dori Caymmi. O elepê gerou em março de 1972 o show ''Luiz Gonzaga Volta Pra Curtir'', no Teatro Tereza Raquel, no Rio de Janeiro.

Suas músicas correram o mundo, "Asa Branca" teve interpretações em Israel, na Itália, Estados Unidos e Japão. Luiz Gonzaga ganhou diversos prêmios. Em 1976, recebeu o título de cidadão cearense, em 77 entrou na versão brasileira da Enciclopédia Universal Britânica, em 78 cantou para o Papa João Paulo II, e, em 81, ganhou dois discos de ouro. Embora sendo o terceiro artista mundial a receber o ''Cachorinho da RCA'', prêmio entregue anteriormente apenas para Elvis Presley e Nelson Gonçalves, o verdadeiro reconhecimento do valor de sua obra veio ainda em 1984. Luiz Gonzaga foi o grande homenageado na noite da entrega do Prêmio Shell para os melhores da Música Popular Brasileira. Segundo a crítica especializada, um prêmio justo e merecido para quem, em muitos anos de carreira artística somente recebeu dois Discos de Ouro e em 1981, o mesmo ano em que a classe artística se reuniu para homenagear Luiz Gonzaga em um show promovido pelo Cebrade. Em 1985 Luiz Gonzaga foi premiado com o ''Nipper de Ouro'' pelo conjunto de sua obra.

“Gonzaga é nosso primeiro artista pop. Com sua música, emendou pela primeira vez as pontas desse país, Nordeste e Sudeste”, informou o cineasta Breno Silveira. “Ele era o nosso Elvis Presley. Antes dele, ninguém por aqui ainda tinha pensado em criar um personagem para fazer música, com conceitos definidos de figurino e tudo mais. Ele inventou isso”, diz o líder da banda Cordel do Fogo Encantado, Lirinha. Para Lenine, Gonzagão foi o precursor do artista vestido, com música e com luz num ginásio. Ele e o letrista Humberto Teixeira, “botaram o Nordeste no centro da atenção, no mapa do Brasil”.

“Eu já dancei balancê/Xamego, samba e xerém/Mas o baião tem um quê/Que as outras danças não têm” ("Baião", com Humberto Teixeira)

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